domingo, 18 de outubro de 2015

Escrachado e inadmissível fisiologismo


Na expectativa quanto à decisão do presidente da Câmara dos Deputados sobre a abertura de impeachment da presidente da República, os ministros da articulação política do governo tentam definir estratégias de reação com o objetivo de  sensibilizar a base aliada para barrar a referida medida, fazendo uso da máquina pública, com nomeações nos segundo e terceiros escalões.
Em concomitância, os ministros políticos procuram unir a bancada governista em cada estado, em torno da resolução das demandas por nomeações, que estão sendo atendidas em toque de caixa, para satisfazer a ganância dos políticos por cargos públicos, em troca de apoio político ao governo no Congresso Nacional.
Um governista que integra o esforço de arregimentação da base disse que "Não precisa ser gênio para ver que, a esta altura, só há um caminho, o padrão de sempre, efetivar nomeações que ficaram represadas ao longo do ano".
O Palácio do Planalto resolveu dá guinada histórica na política de relacionamento com os partidos aliados, ao procurar cumprir integralmente as promessas de nomeação feitas aos aliados, tendo montado verdadeira força-tarefa para atender às demandas e "pacificar a base" no Congresso Nacional.
Por seu turno, o governo conta com a garantia dos deputados de partidos aliados para evitar a aprovação de pedido de abertura do processo pelo afastamento da presidente do país.
O certo é que o governo se viu obrigado a atender às exigências dos congressistas, depois que foi negado quórum na sessão do Congresso – clara insatisfação contra o governo -, na convocação para apreciar os vetos da presidente, em se tratando de matérias do maior interesse do Planalto.
Os líderes de alguns partidos aliados levaram ao Palácio do Planalto as “justíssimas” queixas de que só o PMDB havia recebido ministérios na reforma administrativa, enquanto as demais agremiações não tiveram atendidos seus pedidos de cargos no segundo e terceiros escalões.
Não há dúvida de que governo com baixa popularidade e fragilizado pelos negativos acontecimentos político, econômico e administrativo terá enormes dificuldades para contar com o apoio espontâneo até mesmo da sua base aliada, que somente reage positivamente com a efetividade e a execução da estratégica reconstrução da sua aliança, mediante as espúrias e excrescentes nomeações de cargos públicos, por atacado, com previsível perda da qualidade dos serviços públicos.
O atendimento ao escrachado e vergonhoso fisiologismo ideológico tem contribuído para a precariedade dos serviços públicos prestados à população, à vista das perenes deficiências da saúde, da educação, da segurança pública, dos transportes, do saneamento básico, da infraestrutura etc., que têm sido motivo da crônica insatisfação dos brasileiros.
Segundo um ministro que participou do movimento das lideranças dos partidos aliados, o governo tem consciência sobre o risco iminente que corre de o presidente da Câmara aceitar pedido de abertura do processo de impeachment da petista, mas, em desesperador esforço, ele tenta recompor a sua base com o que tem procurado fazer com o pior que pode acontecer na administração pública, que é a compra da consciência de congressistas, com a distribuição de cargos públicos, em evidente e indevido uso da máquina pública, contrariando frontalmente os salutares princípios da ética, moralidade, legalidade, transparência e dignidade, que deveriam imperar na gestão pública.
Causa enorme perplexidade que, nem nas republiquetas da pior categoria, se pratica mais tão indigno procedimento do vexaminoso toma lá, dá cá, com vistas à consecução das finalidades públicas, fato que demonstra o desprezível nível de politicagem ainda servindo de moeda de troca na administração pública tupiniquim, que apenas confirma a sua vocação de prestigiar a péssima índole dos homens públicos, que são incapazes de se conscientizar sobre a maldade causada aos princípios da administração pública, com seus métodos nada republicanos.
Compete aos brasileiros não somente repudiar tamanha mediocridade na gestão de recursos públicos, mas exigir que os homens públicos sejam obrigados, como norma de conduta, a observar, com rigor, os consagrados princípios da ética, moralidade, dignidade e transparência no exercício de cargos públicos eletivos, com embargo do uso da máquina pública para o atendimento das conveniências pessoais e partidárias. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 18 de outubro de 2015

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