Na
expectativa quanto à decisão do presidente da Câmara dos Deputados sobre a
abertura de impeachment da presidente da República, os ministros da articulação
política do governo tentam definir estratégias de reação com o objetivo de
sensibilizar a base aliada para barrar a referida medida, fazendo uso da
máquina pública, com nomeações nos segundo e terceiros escalões.
Em
concomitância, os ministros políticos procuram unir a bancada governista em
cada estado, em torno da resolução das demandas por nomeações, que estão sendo
atendidas em toque de caixa, para satisfazer a ganância dos políticos por
cargos públicos, em troca de apoio político ao governo no Congresso Nacional.
Um
governista que integra o esforço de arregimentação da base disse que "Não precisa ser gênio para ver que, a esta
altura, só há um caminho, o padrão de sempre, efetivar nomeações que ficaram
represadas ao longo do ano".
O
Palácio do Planalto resolveu dá guinada histórica na política de relacionamento
com os partidos aliados, ao procurar cumprir integralmente as promessas de
nomeação feitas aos aliados, tendo montado verdadeira força-tarefa para atender
às demandas e "pacificar a base" no Congresso Nacional.
Por
seu turno, o governo conta com a garantia dos deputados de partidos aliados para
evitar a aprovação de pedido de abertura do processo pelo afastamento da presidente
do país.
O
certo é que o governo se viu obrigado a atender às exigências dos congressistas,
depois que foi negado quórum na sessão do Congresso – clara insatisfação contra
o governo -, na convocação para apreciar os vetos da presidente, em se tratando
de matérias do maior interesse do Planalto.
Os
líderes de alguns partidos aliados levaram ao Palácio do Planalto as “justíssimas”
queixas de que só o PMDB havia recebido ministérios na reforma administrativa,
enquanto as demais agremiações não tiveram atendidos seus pedidos de cargos no
segundo e terceiros escalões.
Não
há dúvida de que governo com baixa popularidade e fragilizado pelos negativos
acontecimentos político, econômico e administrativo terá enormes dificuldades
para contar com o apoio espontâneo até mesmo da sua base aliada, que somente reage
positivamente com a efetividade e a execução da estratégica reconstrução da sua
aliança, mediante as espúrias e excrescentes nomeações de cargos públicos, por
atacado, com previsível perda da qualidade dos serviços públicos.
O
atendimento ao escrachado e vergonhoso fisiologismo ideológico tem contribuído
para a precariedade dos serviços públicos prestados à população, à vista das perenes
deficiências da saúde, da educação, da segurança pública, dos transportes, do
saneamento básico, da infraestrutura etc., que têm sido motivo da crônica insatisfação
dos brasileiros.
Segundo
um ministro que participou do movimento das lideranças dos partidos aliados, o
governo tem consciência sobre o risco iminente que corre de o presidente da
Câmara aceitar pedido de abertura do processo de impeachment da petista, mas,
em desesperador esforço, ele tenta recompor a sua base com o que tem procurado fazer
com o pior que pode acontecer na administração pública, que é a compra da
consciência de congressistas, com a distribuição de cargos públicos, em
evidente e indevido uso da máquina pública, contrariando frontalmente os
salutares princípios da ética, moralidade, legalidade, transparência e dignidade,
que deveriam imperar na gestão pública.
Causa
enorme perplexidade que, nem nas republiquetas da pior categoria, se pratica
mais tão indigno procedimento do vexaminoso toma lá, dá cá, com vistas à
consecução das finalidades públicas, fato que demonstra o desprezível nível de
politicagem ainda servindo de moeda de troca na administração pública
tupiniquim, que apenas confirma a sua vocação de prestigiar a péssima índole
dos homens públicos, que são incapazes de se conscientizar sobre a maldade causada
aos princípios da administração pública, com seus métodos nada republicanos.
Compete
aos brasileiros não somente repudiar tamanha mediocridade na gestão de recursos
públicos, mas exigir que os homens públicos sejam obrigados, como norma de
conduta, a observar, com rigor, os consagrados princípios da ética, moralidade,
dignidade e transparência no exercício de cargos públicos eletivos, com embargo
do uso da máquina pública para o atendimento das conveniências pessoais e
partidárias. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 18 de outubro de 2015
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