A substância denominada fosfoetanolamina sintética, desenvolvida,
há mais de dez anos, por um professor e pesquisador aposentado da
Universidade de São Paulo, com suposto combate ao câncer, tem sido, nos últimos
dias, objeto de acalorados debates sobre a sua eficácia e a extrema demora para
a sua regularização.
Estranha-se que,
transcorrido tanto tempo desde a sua descoberta, até agora ninguém se predispôs à
realização das pesquisas para a certificação desse componente que parece se
tratar de muita importância para o tratamento do câncer.
Questiona-se, no momento, até se
o descaso ou a falta de interesse por parte dos laboratórios e das autoridades públicas
ou ambos dizem respeito ao fato de que a aludida substância possa realmente curar
essa poderosa chaga da humanidade, fato que poderia causar enorme revolução e repercussão no universo.
É evidente que, em se tratando
de substância valiosa e de eficácia comprovada na cura de várias patologias, a
sua venda poderia se restringir tão somente até a existência da doença,
conquanto, na ocorrência da sua cura, o preparado deixaria de ser vendido e,
consequentemente, não seria nada interessante, em termos econômicos, para as
empresas multinacionais, ante a valorização da doença e a terrível diminuição
dos lucros das indústrias medicamentosas, acostumadas ao faturamento por
tratamentos crônicos.
Diante dessa trágica e
injustificável realidade, as pessoas acometidas dessa grave doença padecem à
espera da cura ou de, pelo menos, algum lenitivo, as quais poderiam estar sendo
beneficiadas com o fornecimento regular da substância pelo Estado, a custo
baixo, em demonstração do maior interesse em patrocinar tratamento e cura das
patologias clínicas onerosíssima para os cofres públicos.
Enquanto isso acontece,
diante da completa omissão do Estado, que claudicou por ter deixado de
providenciar os estudos legalmente exigidos para a liberação do uso da
substância em causa, as pessoas que estão desesperadas e ansiosas pela
possibilidade da cura, ante a possibilidade de se tratar de preciosa alternativa
de tratamento, são obrigadas a recorrer ao Poder Judiciário para garantir o
fornecimento da droga e a esperança de tratamento.
Ao que tudo indica, há
evidência de que a ANVISA, que integra o governo, pode ter funcionado, nesse
caso, como mediador em prol dos interesses das multinacionais, por ter ficado todo
tempo alheio aos fatos e quietinha, sem nada fazer para que a sua contribuição
pudesse beneficiar a dinâmica dos acontecimentos em prol do ser humano.
Não há a menor dúvida de que é inaceitável a
demonstração de desinteresse dos órgãos dos governos estadual e federal, em
permitir que a sua omissão pudesse contribuir para o agravamento de situação de
extrema importância para a saúde pública, uma vez que a liberação da droga
somente dependia de medidas burocráticas, na forma preconizada nas normas que
regem a matéria, consistindo nas experimentações e nos registros dos órgãos
competentes, conquanto sejam imensuráveis os prejuízos causados aos doentes
necessitados do tratamento e da cura, que carecem de medidas judiciais para a
liberação da substância.
Nem é precisa ser entendido
de medicina para se concluir pela tremenda falta de responsabilidade e de
sensibilidade para com o ser humano acometido de terrível doença, que,
praticamente, depende de milagres para sobreviver, conquanto os fatos mostrem
que existe droga que pode amenizar e até acabar com tamanho sofrimento, mas a
sua obtenção encontra-se à mercê da efetividade de medidas burocratas, que
inexplicavelmente deixaram de ser adotadas, exclusivamente pela falta de sentimentos
humanitários.
Diante dos estragos já
causados ao ser humano, urge que seja apurada a responsabilidade pela extrema
demora na liberação desse composto supostamente de suma importância para
viabilizar adequado tratamento de destruidora doença, até mesmo como medida
preventiva para se evitar situações semelhantes a esta em discussão.
Causa perplexidade se
perceber que ninguém assume a responsabilidade por tamanho menoscabo, quando se
sabe que a regularização do produto em tela poderia ter contribuído para a cura
ou, ao menos, amenizar o sofrimento e a ansiedade de muitas de pessoas doentes,
que esperam por tratamento digno e humano.
Com certeza, se o Brasil
fosse um país sério jamais essa forma de desprezo para com o ser humano e a
saúde pública teria chegado ao nível que se encontra, onde há muito pouca sensibilidade
contra o caos que grassa com profundidade na saúde pública, cada vez mais
carente de competência e efetividade das verdadeiras políticas públicas.
Tudo isso revela o descaso e o despreparo
de pessoas incumbidas da formulação e dos cuidados das políticas de saúde
pública no país, que foram relegados a planos secundários, ficando à mercê dos
acordos e das barganhas com vistas à fidelização aos mandatários da nação, para
garantir o direito de comandar ministérios, cujos titulares não necessitam de
qualificação, especialização ou experiência nas respectivas áreas de atuação.
Basta, para tanto, que
ministro seja fiel à presidente do país e assegure votos de suas bancadas para a
aprovação de projetos do governo, ou mais especificamente, como ficou assente
na última reforma ministerial, entre governo e igualmente inescrupulosos
congressistas, a viabilizada de acerto para a blindagem da presidente do país
contra pedidos de abertura de processo de impeachment dela, em cristalina
evidência da degeneração dos princípios da administração pública.
O país chegou à tamanha
vulnerabilidade administrativa que foram perdidos, de vez, os valores dos verdadeiros
princípios humanitários, a exemplo do descaso em apreço, que deveria servir de modelo
para as autoridades públicas se conscientizarem sobre a necessidade da agilização
das atividades pertinentes às áreas da sua incumbência funcional,
principalmente em se tratando da liberação de substâncias importantes para a
preservação da vida humana.
Tem que haver sensibilidade e bom senso em casos que tais,
que são de extrema delicadeza, por envolverem a vida humana, que se encontra
sempre por um fio e a única esperança é simplesmente arriscar ou arriscar,
porque, ao final, a conclusão é sempre a mesma, com a ajuda ou não do médico, ou
seja, a morte do paciente, que deixou de experimentar mais uma droga disponível,
entre tantas, de eficácia garantida ou não.
Perante
o perigo da perda da vida, é de somenos importância a questão da
responsabilidade pelo uso da droga, quanto aos efeitos colaterais incidentes a
outros órgãos do organismo, quando o corpo todo já se encontra debilitado ou
condenado pela incidência do câncer, que é letal, na maioria dos casos, e,
ainda, porque nenhum especialista vai se responsabilizar pela morte do seu
paciente, por ele ter deixado de usar essa propalada substância, sob a alegação
de ela não ter sido registrada, segundo os trâmites protocolares legais.
O
significado da vida e as tentativas para salvá-la do infortúnio são sentimentos
que emergem como forma de priorização das medidas indispensáveis à sua
consecução, não importando quais sejam as formas, as drogas, as posologias etc.
a serem buscadas para o atingimento dos objetivos colimados, porquanto a vida
se sobrepõe como prioridade das prioridades.
Com
relação às pessoas curadas, há registros de muitos casos, todos enaltecendo a
eficácia da substância em questão, depois de terem sido submetidas ao tratamento
com medicamentos legalizados, que não comprovaram os resultados encontrados na
droga em experimentação.
Há
citação de médico lamentando não ter sido possível o relato de pessoas já
falecidas, fato que não invalida o emprego da substância em causa, conquanto as
circunstâncias e o estado avançado da doença delas podem ter sido determinantes
para o óbito, mas esse fato, nem por isso, pode servir de desculpas, com vistas
à avaliação sobre a eficácia da droga.
Tem
que haver urgentes mudanças de mentalidade das autoridades sanitárias, dos
médicos e das demais pessoas envolvidas nessa importante causa em prol da vida,
não permitindo que as exigências burocráticas, muitas vezes empregadas até
mesmo para procrastinar, de maneira proposital, as providências protocolares,
sejam sérios entraves à liberação de tão importante substância, cujas manobras
tecidas e alinhavadas nos bastidores podem embasar a teia de resistência à sua
aprovação, ante os prejuízos que isso poderia causar aos elevados interesses econômicos
da fortíssima indústria farmacêutica ou de poderosos terceiros, em prejuízo da
vida, que não pode ficar, diante dos avanços, principalmente científicos, à
mercê da negligência dos homens.
Se
há o mínimo de evidência de eficácia da droga já é expressivo avanço da
medicina, que precisa ser urgentemente aprimorado o seu uso terapêutico, porque
os medicamentos já registrados não demonstram, em princípio, resultados plenamente
satisfatórios, com eficácia sobre as patologias.
Os fatos relacionados à
substância em tela, na visão leiga, são muito transparentes, por permitirem à
conclusão de que há, na verdade, jogo de altos interesses no encaminhamento na
matéria, à vista da longa distância desde a descoberta da substância até agora,
sem a existência de qualquer protocolo, o que mostra o descaso das autoridades
públicas, das classes médicas e das pessoas relacionadas ao caso, ficando muito
claro que a disputa de interesses é gigantesca e ninguém demonstra estar
disposto a perder espaço, por envolver não somente a possível cura de terrível
mal, mas, sobretudo, interesses econômicos de magnitude incalculável, enquanto
muitas vidas podem ter ido para o espaço sideral, pela impossibilidade da
prescrição normal do que deveria já ter sido registrado e regularizado.
Nessa altura dos debates,
ainda há quem ouse, de forma hipócrita, questionar: "quem se responsabiliza se a pessoa passar mal?", naturalmente
pelo uso da substância em apreço, quando seria muito mais natural se indagar:
“quem se responsabiliza se a pessoa morrer, por não ter tido a possibilidade
de, pelo menos, experimentá-la?”. A pessoa acometida de câncer e em estado
avançado da doença prefere fazer a pergunta que possa assegurar a sua cura e
não sobre a responsabilização pela omissão dos homens.
Não se pode dizer que a matéria
apresentada pelo Fantástico da Rede Globo de Televisão foi parcial, incompleta,
tendenciosa ou algo questionável, mas o encaminhamento da reportagem deixou
muitos pontos a desejar, principalmente pela falta de aprofundamento sobre as
possibilidades dos benefícios causados pela substância, caso ela seja liberada
para o consumo, o que pode acontecer com maior brevidade, caso o programa não
tivesse enveredado pela obviedade que interessa aos conglomerados
farmacêuticos, dando a entender que se tratava de matéria paga a preço de ouro,
por chamar enfaticamente à atenção por possíveis malefícios dela, por não ter
sido aprovada pela ANVISA, o que é fato real, mas não se pode é descartar e
condenar tal substância somente por esse fato, quando, na verdade, ela pode ter
real eficácia sobre o mal pesquisado, dependendo tão somente de reconhecimento,
que nada mais é do que a necessária sistematização de testes com humanos.
Enquanto o Fantástico
preferiu alertar a população sobre a falta de registro da substância em tela, o
Domingo Espetacular da Record seguiu outra linha totalmente diferente, por
mostrar casos concretos da cura da doença e outras situações comprovando o
tratamento exitoso de pessoas que já teriam padecido da doença, dando um
panorama completamente diferente e animador quanto à possibilidade de sucesso
do uso da substância, transmitindo muita esperança para aqueles que confiam nos
resultados positivos dela.
Se o Brasil fosse um país
com o mínimo de seriedade, não somente as instituições públicas, as
organizações civis, mas, principalmente as instituições científicas e médicas interessadas
já teriam, há muito tempo, adotado as providências possíveis e imagináveis para
a aprovação e a liberação dessa importante substância, com vistas à cura de
pessoas acometidas de tão difícil doença, sempre considerada o mal dos séculos,
cujo tratamento sempre depara com a poderosa força da indústria farmacêutica, com
prevalência do poder econômico sobre o interesse social.
Não se quer, longe disso,
defender o descarte dos estudos em busca da eficácia do produto em discussão,
mas sim o real sentido da conscientização responsável, com vistas à agilização
dos procedimentos médicos e protocolares legais, por parte de quem tenha a incumbência
da efetivação das exigências pertinentes e capazes de fornecer elementos necessários
à consolidação dos parâmetros concretos para o aproveitamento racionalizado e eficiente,
o mais urgente possível, da substância em referência, na tentativa da cura do
câncer, que tem sido o eterno sonho da humanidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 23 de outubro
de 2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário