sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Fosfoetanolamina, a droga revolucionária?


          A substância denominada fosfoetanolamina sintética, desenvolvida, há mais de dez anos, por um professor e pesquisador aposentado da Universidade de São Paulo, com suposto combate ao câncer, tem sido, nos últimos dias, objeto de acalorados debates sobre a sua eficácia e a extrema demora para a sua regularização.
Estranha-se que, transcorrido tanto tempo desde a sua descoberta, até agora ninguém se predispôs à realização das pesquisas para a certificação desse componente que parece se tratar de muita importância para o tratamento do câncer.
Questiona-se, no momento, até se o descaso ou a falta de interesse por parte dos laboratórios e das autoridades públicas ou ambos dizem respeito ao fato de que a aludida substância possa realmente curar essa poderosa chaga da humanidade, fato que poderia causar enorme revolução e repercussão no universo.
É evidente que, em se tratando de substância valiosa e de eficácia comprovada na cura de várias patologias, a sua venda poderia se restringir tão somente até a existência da doença, conquanto, na ocorrência da sua cura, o preparado deixaria de ser vendido e, consequentemente, não seria nada interessante, em termos econômicos, para as empresas multinacionais, ante a valorização da doença e a terrível diminuição dos lucros das indústrias medicamentosas, acostumadas ao faturamento por tratamentos crônicos.
Diante dessa trágica e injustificável realidade, as pessoas acometidas dessa grave doença padecem à espera da cura ou de, pelo menos, algum lenitivo, as quais poderiam estar sendo beneficiadas com o fornecimento regular da substância pelo Estado, a custo baixo, em demonstração do maior interesse em patrocinar tratamento e cura das patologias clínicas onerosíssima para os cofres públicos.
Enquanto isso acontece, diante da completa omissão do Estado, que claudicou por ter deixado de providenciar os estudos legalmente exigidos para a liberação do uso da substância em causa, as pessoas que estão desesperadas e ansiosas pela possibilidade da cura, ante a possibilidade de se tratar de preciosa alternativa de tratamento, são obrigadas a recorrer ao Poder Judiciário para garantir o fornecimento da droga e a esperança de tratamento.
Ao que tudo indica, há evidência de que a ANVISA, que integra o governo, pode ter funcionado, nesse caso, como mediador em prol dos interesses das multinacionais, por ter ficado todo tempo alheio aos fatos e quietinha, sem nada fazer para que a sua contribuição pudesse beneficiar a dinâmica dos acontecimentos em prol do ser humano.  
Não há a menor dúvida de que é inaceitável a demonstração de desinteresse dos órgãos dos governos estadual e federal, em permitir que a sua omissão pudesse contribuir para o agravamento de situação de extrema importância para a saúde pública, uma vez que a liberação da droga somente dependia de medidas burocráticas, na forma preconizada nas normas que regem a matéria, consistindo nas experimentações e nos registros dos órgãos competentes, conquanto sejam imensuráveis os prejuízos causados aos doentes necessitados do tratamento e da cura, que carecem de medidas judiciais para a liberação da substância.
Nem é precisa ser entendido de medicina para se concluir pela tremenda falta de responsabilidade e de sensibilidade para com o ser humano acometido de terrível doença, que, praticamente, depende de milagres para sobreviver, conquanto os fatos mostrem que existe droga que pode amenizar e até acabar com tamanho sofrimento, mas a sua obtenção encontra-se à mercê da efetividade de medidas burocratas, que inexplicavelmente deixaram de ser adotadas, exclusivamente pela falta de sentimentos humanitários.
Diante dos estragos já causados ao ser humano, urge que seja apurada a responsabilidade pela extrema demora na liberação desse composto supostamente de suma importância para viabilizar adequado tratamento de destruidora doença, até mesmo como medida preventiva para se evitar situações semelhantes a esta em discussão.
Causa perplexidade se perceber que ninguém assume a responsabilidade por tamanho menoscabo, quando se sabe que a regularização do produto em tela poderia ter contribuído para a cura ou, ao menos, amenizar o sofrimento e a ansiedade de muitas de pessoas doentes, que esperam por tratamento digno e humano.
Com certeza, se o Brasil fosse um país sério jamais essa forma de desprezo para com o ser humano e a saúde pública teria chegado ao nível que se encontra, onde há muito pouca sensibilidade contra o caos que grassa com profundidade na saúde pública, cada vez mais carente de competência e efetividade das verdadeiras políticas públicas.
          Tudo isso revela o descaso e o despreparo de pessoas incumbidas da formulação e dos cuidados das políticas de saúde pública no país, que foram relegados a planos secundários, ficando à mercê dos acordos e das barganhas com vistas à fidelização aos mandatários da nação, para garantir o direito de comandar ministérios, cujos titulares não necessitam de qualificação, especialização ou experiência nas respectivas áreas de atuação.
Basta, para tanto, que ministro seja fiel à presidente do país e assegure votos de suas bancadas para a aprovação de projetos do governo, ou mais especificamente, como ficou assente na última reforma ministerial, entre governo e igualmente inescrupulosos congressistas, a viabilizada de acerto para a blindagem da presidente do país contra pedidos de abertura de processo de impeachment dela, em cristalina evidência da degeneração dos princípios da administração pública.
O país chegou à tamanha vulnerabilidade administrativa que foram perdidos, de vez, os valores dos verdadeiros princípios humanitários, a exemplo do descaso em apreço, que deveria servir de modelo para as autoridades públicas se conscientizarem sobre a necessidade da agilização das atividades pertinentes às áreas da sua incumbência funcional, principalmente em se tratando da liberação de substâncias importantes para a preservação da vida humana. 
          Tem que haver sensibilidade e bom senso em casos que tais, que são de extrema delicadeza, por envolverem a vida humana, que se encontra sempre por um fio e a única esperança é simplesmente arriscar ou arriscar, porque, ao final, a conclusão é sempre a mesma, com a ajuda ou não do médico, ou seja, a morte do paciente, que deixou de experimentar mais uma droga disponível, entre tantas, de eficácia garantida ou não.
Perante o perigo da perda da vida, é de somenos importância a questão da responsabilidade pelo uso da droga, quanto aos efeitos colaterais incidentes a outros órgãos do organismo, quando o corpo todo já se encontra debilitado ou condenado pela incidência do câncer, que é letal, na maioria dos casos, e, ainda, porque nenhum especialista vai se responsabilizar pela morte do seu paciente, por ele ter deixado de usar essa propalada substância, sob a alegação de ela não ter sido registrada, segundo os trâmites protocolares legais.
O significado da vida e as tentativas para salvá-la do infortúnio são sentimentos que emergem como forma de priorização das medidas indispensáveis à sua consecução, não importando quais sejam as formas, as drogas, as posologias etc. a serem buscadas para o atingimento dos objetivos colimados, porquanto a vida se sobrepõe como prioridade das prioridades.
Com relação às pessoas curadas, há registros de muitos casos, todos enaltecendo a eficácia da substância em questão, depois de terem sido submetidas ao tratamento com medicamentos legalizados, que não comprovaram os resultados encontrados na droga em experimentação.
Há citação de médico lamentando não ter sido possível o relato de pessoas já falecidas, fato que não invalida o emprego da substância em causa, conquanto as circunstâncias e o estado avançado da doença delas podem ter sido determinantes para o óbito, mas esse fato, nem por isso, pode servir de desculpas, com vistas à avaliação sobre a eficácia da droga.
Tem que haver urgentes mudanças de mentalidade das autoridades sanitárias, dos médicos e das demais pessoas envolvidas nessa importante causa em prol da vida, não permitindo que as exigências burocráticas, muitas vezes empregadas até mesmo para procrastinar, de maneira proposital, as providências protocolares, sejam sérios entraves à liberação de tão importante substância, cujas manobras tecidas e alinhavadas nos bastidores podem embasar a teia de resistência à sua aprovação, ante os prejuízos que isso poderia causar aos elevados interesses econômicos da fortíssima indústria farmacêutica ou de poderosos terceiros, em prejuízo da vida, que não pode ficar, diante dos avanços, principalmente científicos, à mercê da negligência dos homens.
Se há o mínimo de evidência de eficácia da droga já é expressivo avanço da medicina, que precisa ser urgentemente aprimorado o seu uso terapêutico, porque os medicamentos já registrados não demonstram, em princípio, resultados plenamente satisfatórios, com eficácia sobre as patologias.          
Os fatos relacionados à substância em tela, na visão leiga, são muito transparentes, por permitirem à conclusão de que há, na verdade, jogo de altos interesses no encaminhamento na matéria, à vista da longa distância desde a descoberta da substância até agora, sem a existência de qualquer protocolo, o que mostra o descaso das autoridades públicas, das classes médicas e das pessoas relacionadas ao caso, ficando muito claro que a disputa de interesses é gigantesca e ninguém demonstra estar disposto a perder espaço, por envolver não somente a possível cura de terrível mal, mas, sobretudo, interesses econômicos de magnitude incalculável, enquanto muitas vidas podem ter ido para o espaço sideral, pela impossibilidade da prescrição normal do que deveria já ter sido registrado e regularizado.
Nessa altura dos debates, ainda há quem ouse, de forma hipócrita, questionar: "quem se responsabiliza se a pessoa passar mal?", naturalmente pelo uso da substância em apreço, quando seria muito mais natural se indagar: “quem se responsabiliza se a pessoa morrer, por não ter tido a possibilidade de, pelo menos, experimentá-la?”. A pessoa acometida de câncer e em estado avançado da doença prefere fazer a pergunta que possa assegurar a sua cura e não sobre a responsabilização pela omissão dos homens.
Não se pode dizer que a matéria apresentada pelo Fantástico da Rede Globo de Televisão foi parcial, incompleta, tendenciosa ou algo questionável, mas o encaminhamento da reportagem deixou muitos pontos a desejar, principalmente pela falta de aprofundamento sobre as possibilidades dos benefícios causados pela substância, caso ela seja liberada para o consumo, o que pode acontecer com maior brevidade, caso o programa não tivesse enveredado pela obviedade que interessa aos conglomerados farmacêuticos, dando a entender que se tratava de matéria paga a preço de ouro, por chamar enfaticamente à atenção por possíveis malefícios dela, por não ter sido aprovada pela ANVISA, o que é fato real, mas não se pode é descartar e condenar tal substância somente por esse fato, quando, na verdade, ela pode ter real eficácia sobre o mal pesquisado, dependendo tão somente de reconhecimento, que nada mais é do que a necessária sistematização de testes com humanos. 
Enquanto o Fantástico preferiu alertar a população sobre a falta de registro da substância em tela, o Domingo Espetacular da Record seguiu outra linha totalmente diferente, por mostrar casos concretos da cura da doença e outras situações comprovando o tratamento exitoso de pessoas que já teriam padecido da doença, dando um panorama completamente diferente e animador quanto à possibilidade de sucesso do uso da substância, transmitindo muita esperança para aqueles que confiam nos resultados positivos dela.
Se o Brasil fosse um país com o mínimo de seriedade, não somente as instituições públicas, as organizações civis, mas, principalmente as instituições científicas e médicas interessadas já teriam, há muito tempo, adotado as providências possíveis e imagináveis para a aprovação e a liberação dessa importante substância, com vistas à cura de pessoas acometidas de tão difícil doença, sempre considerada o mal dos séculos, cujo tratamento sempre depara com a poderosa força da indústria farmacêutica, com prevalência do poder econômico sobre o interesse social.
Não se quer, longe disso, defender o descarte dos estudos em busca da eficácia do produto em discussão, mas sim o real sentido da conscientização responsável, com vistas à agilização dos procedimentos médicos e protocolares legais, por parte de quem tenha a incumbência da efetivação das exigências pertinentes e capazes de fornecer elementos necessários à consolidação dos parâmetros concretos para o aproveitamento racionalizado e eficiente, o mais urgente possível, da substância em referência, na tentativa da cura do câncer, que tem sido o eterno sonho da humanidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 23 de outubro de 2015

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