quinta-feira, 29 de outubro de 2015

O poder avassalador das denúncias

O ex-presidente da República petista, a par de fazer veemente defesa do PT e duras críticas à oposição, afirmou que o país vive "quase um estado de exceção", ao se referir às denúncias sobre corrupção no seu partido.
Ele também criticou o recurso da delação premiada, ao declarar que o país vive momento excepcional, porque "um cidadão é preso e delata até a mãe, se for o caso, pra poder sair da cadeia".
O petista disse que existe "ódio" manifestado contra o PT e preconceito de classe, tendo afirmando que eles ficam incomodados porque um analfabeto fez mais universidades do que eles, referindo-se aos investimentos feitos em educação, na sua gestão.
Ele se vangloria de ter investido em educação muito mais do que os presidentes letrados, que nunca cuidaram da educação. Por isso que tem ódio contra nós, disse ele.
O ex-presidente, ressaltando que a corrupção não foi criada pelo PT, disse que "Eles corromperam esse país por 500 anos, fizeram isso a vida inteira... Mas, às vezes, fico irritado porque parece que o PSDB e outros partidos só vão ao dinheiro bom e o PT no ruim", tendo reclamado sobre o sentimento de criminalização do PT e dos petistas.
O político afirmou: "Então eles estão tentando criar ideia na cabeça da sociedade que só tem culpado no PT", a par de também apontar o "machismo" por parte de setores da oposição em relação ao governo da presidente do país.
A irritação do petista é visível e não condiz com a índole de homem público que lidera o partido governista, deixando explícito seu inconformismo com a situação periclitante e trágica do país, que foi preparada, planejada e arquitetada pelo governo petista, a começar pela gestão dele, com a degradação dos princípios ético e moral, com a intensificação da corrupção introduzida pelo famigerado mensalão e consolidada com o petrolão, consistindo nas maiores tragédias da desmoralização da história da República.
Causa perplexidade o fato de o petista não aceitar a realidade dos fatos, que são robustamente comprováveis, com relação às investigações dos dois terríveis casos de corrupção do país, todos protagonizados no governo petista, com repercussões drásticas sobre as gestões dele e da sua sucessora, que nada fizeram para purificá-las, salvo a demonstração de inconformismo diante da cobrança da sociedade, oposição e mídia pela moralização da administração do país.
Agora, não faz o menor sentido o ex-presidente ficar a todo instante ressaltando eventuais êxitos na sua gestão e cobrando reconhecimento, como se ele tivesse sido eleito simplesmente para usufruir das benesses, mordomias e regalias do poder, e ainda não tivesse o dever constitucional de realizar absolutamente nada.
Não há dúvida de que constitui grave erro e falta de sensibilidade política o petista imaginar alguma realização fantástica no seu governo que fosse capaz de suplantar toda precariedade transferida maldosa e perversamente para os brasileiros, como os serviços públicos de péssima qualidade, à vista das avaliações dando conta do sucateamento da educação, da saúde, da segurança pública, dos transportes, da infraestrutura, do saneamento básico etc., entre outras mazelas prejudiciais ao interesse público.
 As deficiências da gestão pública foram capazes de colocar o Brasil no lamentável patamar onde se encontram os piores países, em termos de qualidade de vida, conforme patenteia o Índice de Desenvolvimento Humano, que é avaliado por organismo sério credenciado pela ONU, que não comunga com as deficiências e as incompetências de governos populistas que são incapazes de realizar autoavaliação realista sobre as suas gestões, imaginando eternamente que elas teriam sido extraordinárias, quando a própria sociedade manifesta a sua insatisfação e o seu inconformismo com os resultados extremamente prejudiciais ao interesse público.                             
O PT está no governo há 13 anos e as precariedades são notáveis na educação, que é lastimável; na saúde, mesmo com a importação de dez mil médicos de Cuba; na segurança pública, com alarmantes ondas de violência e criminalidade; na anfraestrutura e no saneamento básico, diante da escassez de recursos para investimentos; enfim, em todos os setores os serviços públicos são de péssima qualidade, incompatíveis com o país que representa a sétima economia do mundo, embora seu povo seja tratado pelo governo com traços de nação subdesenvolvida e sem esperança, diante da comprovada incompetência da administração pública.
O mais grave de tudo isso é que sempre há desculpas para as deficiências, que são atribuídas a tudo que seja imaginável, menos à incompetência gerencial e administrativa, quando o princípio da dignidade aconselha que seja correto assumir os próprios erros e se comprometer em se esforçar para corrigi-los, mesmo que isso possa causar desgaste natural pela incapacidade de executar algo prometido.
O certo é que o petista, no alto da sua indisfarçável oniptência, nunca, na sua história política, havia passado por tanto sufoco como agora, que tem sido até convocado pelo Ministério Público Federal para prestar depoimento, por suspeita de eventual lobby a favor de construtora, para a facilitação de financiamento do BNDES, destinado à construção de obras em países da América Latina e da África, fato que deve o incomodar bastante, porque isso se caracteriza, juridicamente, como tráfico de influência internacional, ante as fortes evidências da materialização do crime pertinente, à vista do patrocínio das viagens do petista e do pagamento, a preços astronômicos, de palestras ministradas por ele, que são incompetíveis com a pessoa de quem exerceu o relevante cargo de presidente da República.
Também devem causar muito incômodo ao ex-presidente as afirmações de delatores de que filho e nora dele receberam dinheiro de propina, fato que contribui para empurrar a reputação do petista para o centro do furacão causado pela rumorosa corrupção que arrasou as estruturas da Petrobras e da República, por ter sido protagonizada por pessoas ligadas ao governo dele, que contribuíram para alimentar os cofres do partido dele e também do PMDB e PP, partidos da base de sustentação do governo dele, com recursos provenientes de operações fraudulentas.
Além dos terríveis escândalos de corrupção o envolvendo, de forma indelével, a pupila do ex-presidente conseguiu realizar péssimo governo no seu primeiro mandato e, agora, na segunda gestão não teve capacidade para evitar o caos na economia, política e administração pública, levando o país à recessão e às consequências compatíveis com o retrocesso, o subdesenvolvimento e às precariedades próprias dos governos incompetentes e incapazes de contornar as terríveis crises, que são graves e alarmantes, justamente por não se vislumbrarem perspectivas de melhoras, em curto prazo.
Diante da realidade dos fatos, que conspiram contra seus interesses e suas conveniências pessoais e partidárias, o petista demonstra visível estado de ansiedade e frustração, exatamente porque seus planos políticos estão sendo prejudicados pela avalanche de notícias nada compatível com seus objetivos de plena dominação e de perenidade no poder, justamente porque seu cacife político está se esvaindo gradativamente e de forma incontrolável, na onda das deformações que estão vinda à tona, sempre em dose homeopática, mas com poder arrasador, que não poupa sequer a onipotência de quem se considera a pureza política na face da terra. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 29 de outubro de 2015   

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