sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Quem deve criar vergonha?

O ex-presidente da República petista concitou que a presidente do país saia do gabinete para ir às ruas, porque "Quando as coisas não estão indo muito bem, não tem remédio senão ir ao encontro do povo.”.
Na avaliação dele, quando se é governo, "É preciso ir ao encontro do povo para receber oxigênio novo, para ganhar nova motivação e sentido para governar.”.
O ex-presidente tem toda razão ao sugerir que a sua afilhada vá às ruas, onde certamente ela receberá o “calor” do povo que a aprova, segundo os resultados das pesquisas, em menos de 10%.
Com certeza, ela será aplaudidíssima pelos “excelentes” resultados do governo dela que somente o petista enxerga, onde se chega à conclusão de que o país se encontra quebrado, em plena recessão econômica e padecendo com as crises política, econômica e administrativa, cuja gestão desastrada propiciou que a nação fosse rebaixada por agências de classificação de risco, tendo uma delas sentenciado que os títulos brasileiros são "lixo".
O ex-presidente criticou, com dureza, a oposição, em especial o PSDB, por ser intransigente defensor da tese do impeachment ou a renúncia da presidente petista. Ele afirmou que "A oposição deveria criar vergonha e deixar a Dilma governar este país.”.
O petista disse que as gestões petistas ajudaram a reduzir as diferenças sociais no país e é exatamente aí que reside “O ódio que está instalado neste momento no país", tendo culpado ainda a oposição pelo que considera clima de "baixo astral e baixa autoestima" que vem tomando conta do Brasil.
O ex-presidente precisa resgatar, com urgência, os princípios da verdade, sinceridade e dignidade - se é que eles alguma vez tivessem feito parte da sua índole -, que são instrumentos capazes de ajudar à avaliação honesta, sensata e equilibrada sobre os fatos, de modo a se evitar cometer graves injustiças sobre a sua autoria, além de se vislumbrar o reconhecimento sobre seus próprios erros, sem necessidade de se atribuir, de forma indevida, a culpa a quem quer que seja sobre os desacertos e fracassos, que, na realidade, os brasileiros não têm a menor dúvida quem os tenha dado causa.
Em absoluto, de sã consciência, a oposição não tem a mínima culpa pela destruição da autoestima do povo, que chegou ao estágio deplorável onde se encontra graças, obviamente, à trágica situação do país, que foi conduzido à destruição econômica, política e administrativa, graças à má gestão de treze anos de governo despreparado, autoritário, antirrepublicano, antidemocrático e onipotente, que administra o Brasil como se fosse um feudo seu, cuja máquina pública é loteada entre partidos da sua base de sustentação, com o compromisso senão para a satisfação de conveniências pessoais e partidárias, em detrimento dos interesses públicos, como bem comprova a última reforma ministerial, que foi implementada nos moldes a consolidar a fidelização à causa em defesa da blindagem contra a abertura de processo de impeachment da presidente do país.
Deveriam ter vergonha na cara os homens públicos que implantaram a cleptocracia no país, descrita por um ministro do Supremo Tribunal Federal, que tem como modelo o mensalão e petrolão, sendo que este último representa a dilapidação do patrimônio da Petrobrás, deixando a empresa à beira da falência, pela descapitalização e condição de passar a ser a maior devedora do mundo; concederam financiamentos a países da África e América Latina, quando a sua aplicação do Brasil seria benéficos para os brasileiros; sucatearam os serviços públicos, ante as suas precariedades em todos os setores, como saúde, segurança, educação, transportes, infraestrutura, saneamento básico, entre outras degenerações extremamente prejudiciais aos interesses nacionais.
Também não condizem com os princípios da dignidade e da nobreza os arraigados sentimentos do governo e de seu partido segundo os quais os fins justificam os meios e as leis devam ser maleáveis para que possam atender suas conveniências pessoais e partidárias, como forma de viabilizar a absoluta dominação da classe política e a perenidade no poder.
Nem é possível pedir que o governo tenha vergonha pelo de seus atos de maldade protagonizada por ele contra o país e o povo, com ressalva para o Bolsa Família, com suas precariedades de cadastramento e controle, como os casos deprimentes de corrupção - o mensalão e o petrolão -; as desastradas políticas de governo, que empurram o país para a horrorosa recessão; as coalizões espúrias, que contribuíram para a degeneração dos serviços públicos; os financiamentos de obras no exterior com recursos que fazem muita falta no Brasil; a gastança que causou rombo nas contas públicas; a falta de reforma das estruturas do Estado, que tem contribuído para o entrave ao desenvolvimento do país; entre muitas mazelas prejudiciais aos interesses dos brasileiros, que, mesmo que o governo tivesse vergonha da sua má gestão, dificilmente as situações críticas seriam resolvidas, diante da incapacidade demonstrada pela presidente para sanar as questões que martirizam a nação.
Urge que os brasileiros se conscientizem sobre o verdadeiro nível dos homens políticos que os representam, à vista de suas incoerência e irresponsabilidade na avaliação sobre a realidade dos fatos, sempre distorcida sob a ótica favorável às suas conveniências e em benefício de seus interesses políticos e em demérito de seus opositores, que são os injustiçados eleitos como eternos responsáveis pelas precariedades e degenerações da administração do país. Acorda, Brasil!    
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 15 de outubro de 2015

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