sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Insensibilidade política e administrativa

A capacidade de um estadista se mede exatamente pela sensibilidade política de auscultar as opiniões e as manifestações da sociedade. No caso da mandatária brasileira, aconteceu exatamente o contrário por ocasião da sua vontade da recriação da CPMF, apesar da sua base aliada ter sido unânime em se manifestar, de forma enfática, pela enorme resistência à medida e indiscutível dificuldade na aprovação de tributo antipatizado pela sociedade.
Não satisfeito com a alíquota de 0,2%, o governo ainda teve a iniciativa de negociar com governadores e lideranças parlamentares a aprovação pelo Congresso Nacional de alíquota ainda maior, de 0,38%, tendo por finalidade contemplar também estados e municípios com a parcela adicional à originária de 0,18%.
A ressuscitação desse famigerado tributo responde por metade dos bilhões de recursos que o governo pretende obter com corte de gastos, que não significa quase nada, e aumento de impostos, que é, em substância, muito próximo dos cem por cento, dando a entender claramente que o povo, que nem se beneficiou das trágicas trapalhadas gerenciais, é quem vai arcar coercitivamente com o gigantesco déficit orçamentário de mais de 30 bilhões de reais, causado por abusiva e irresponsável gastança do governo, em clara e proposital inobservância das normas de regência da aplicação dos recursos públicos.
É sintomático que o líder do governo no Senado Federal afirmou à imprensa que a presidente do país “... tem noção clara das dificuldades que vamos enfrentar, e que não são pequenas. Foi uma conversa espontânea e sincera.", mas mesmo assim ela insiste na recriação de tributo que tem plena rejeição dos contribuintes, por sua forma perversa como ele incide sobre as transações financeira e comercial e nem sempre tem aplicação na finalidade institucional, como aconteceu no passado.
Causa enorme perplexidade que o governo decepcionou a todos, por deixar de promover cortes expressivos no seu orçamento, cujo valor foi estimado em, prasmem, R$ 200 milhões, quando o rombo deficitário é superior a R$ 30 bilhões, ou seja, trata-se de nenhum sacrifício por parte dele, em relação ao caos criado por ele, que ainda tem a insensibilidade de aumentar e criar tributos, fazendo o simplista emprego da lei de menor esforço, em demonstração de completo repúdio à capacidade contributiva da sociedade, que já é duplamente penalizada com uma das maiores cargas tributárias do mundo e uma das piores prestações de serviços públicos do planeta, tudo conspirando contra a dignidade do ser humano.
Sobre a recriação da malsinada contribuição, o ministro da Fazenda explicou, como justificativa de completa irracionalidade, por denotar que não houve estudos para servir de base à medida nem explicação plausível, que foi escolhida a CPMF como parte das medidas para aumentar a arrecadação do governo por ser “um imposto pequenininho. Se você vai comprar alguma coisa que custa R$ 100, vai pagar R$ 0,20”.
O ministro voltou a afirmar que a proposta é que o tributo seja temporário e que "A CPMF é um imposto para enfrentar um momento especial. É mais fácil de cobrar, todo mundo paga - um pouquinho, mas paga -, não bate na inflação porque você coloca ali R$ 0,02 a cada R$ 10 que você gasta".
Percebe-se claramente que, na concepção do titular da Fazenda, o que interessa mesmo é a solução da grave situação deficitária, para aliviar o lado do governo, sem o mínimo de preocupação com não menos periclitante situação da sociedade, que é obrigada a enfrentar o terrível estado de recessão econômica, o desemprego, a redução da renda, a inflação ascendente, os juros nas alturas, o custo de vida explodindo, a desindustrialização, a falta de investimentos público e privado e, enfim, todo quadro das piores dificuldades originadas da incompetência administrativa e gerencial do governo, que exige que o povo assuma a reparação da sua desastrada e improdutiva gestão.  
A presidente precisa é de competência e de assessores capazes para adotar medidas corretas e justas que não sacrifiquem ainda mais os contribuintes. Ela tem ainda que assumir seus erros e corrigi-los no âmbito da administração, sem prejudicar ainda mais a população, que já se encontra em dificuldade por força das circunstâncias nacionais e isso é realidade que ela e seus assessores jamais poderiam ignorar e desprezar com tamanha insensibilidade e irresponsabilidade.
O ministro da Fazenda precisa saber que pequenininha mesmo é a falta de sensibilidade do governo, que pratica suas irregulares peladas fiscais e manda a fatura sobre o rombo para os contribuintes, que já têm a sua capacidade tributária exaurida, diante da pesada carga tributária, considerada bastante injusta diante da péssima prestação dos serviços públicos, equiparável à prestada pelas piores republiquetas, mas o governo ainda tem as tremendas insensatez e irracionalidade de propor a ressuscitação da famigerada CPMF, por ser absolutamente repudiável e indesejável.
A criação da CPMF é de natureza visivelmente injusta, por sempre visar tapar buraco oriundo das políticas erráticas e precárias do governo, que foi completamente incapaz de promover reformas das estruturas do Estado, com vistas à busca da eficiência e da economia de recursos públicos.
Não há dúvida de que, no caso em comento, o governo age com bastante perversidade conta a sociedade, por tentar onerar com muita maldade os contribuintes que já se encontram atribulados com insuportável carga tributária muito além da sua capacidade contributiva.
A presidente brasileira deu cristalina demonstração de coerência com a sua insensibilidade somente para enxergar as dificuldades do orçamento e não se tocar com a situação complicada também dos contribuintes, que estão sendo agravados com os efeitos das crises que grassam no país, com forte reflexo no desempenho da economia, que igualmente atormenta de forma violenta o país e os brasileiros.
A presidente da República precisa se conscientizar que ninguém suporta mais tanto sacrifício, principalmente por força das deficiências gerenciais e administrativas do governo, que ainda imagina, no seio de seus palácios, que os brasileiros estão em esplendoroso momento de bonança para acudir tranquilamente as deficiências, precariedades e incompetências administrativas do governo, quando a sua situação é tão grave ou pior do que a bancarrota do Estado brasileiro. Acorda, Brasil! 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 09 de outubro de 2015

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