segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Acordos de conveniências


A última reforma ministerial do governo foi alvo de muitas críticas, por ter revelado o lado frágil da presidente do país para decidir segundo o seu pensamento de governar, por ter entregue a articulação política nas mãos do seu padrinho político, ao aceitar a troca de titular da Casa Civil e de ampliar o espaço do PMDB na Esplanada dos Ministérios.
A petista não teve como evitar que o PMDB se expandisse no Executivo, porém com base no velho e escrachado “toma-lá-dá-cá”, próprio da inescrupulosa e questionável política tupiniquim, e que fossem emplacados nomes de integrantes do conhecido baixo clero da Câmara dos Deputados, tendo o exclusivo propósito da ampliação da sua base de apoio com vistas à blindagem contra os pedidos de abertura do processo de impeachment dela.
Esses fatos demonstram o completo despreparo da presidente para articular acordos e alinhavar entendimentos para os entraves, que foram superados pelas importantes orientação e ajuda do seu mentor político, que é reconhecido por sua habilidade na costura de acordos impossíveis, porém sempre visando ao atendimento e à consecução de suas conveniências pessoais e partidárias.
Desta vez, a presidente está sendo criticada com dureza pela imprensa por ter agido, às claras, sem subterfúgios, em nome dos próprios interesses, principalmente pela tentativa de propiciar mais estabilidade ao seu governo, ante a fragilidade da consistência da sua base no Congresso Nacional.
Não há a menor dúvida de que é absolutamente correta a acusação que se faz à petista de ter cedido ao censurável e indigno critério do “toma-lá-dá-cá” da medíocre política, visando à formação de seu novo ministério, mas não havia alternativa diferente disso, porque a classe política tem avidez pelo usufruto das benesses propiciadas pelo uso da máquina pública, consistindo no domínio de ministérios, empresas estatais, podendo, para tanto, nomear à vontade seus apaniguados e usar o poderoso tráfico de influência para resolver, com facilidade, as questões pessoais, partidárias e de todo círculo de proximidade política.
É indiscutível que a obtenção do apoio do Congresso, com a cessão de maior espaço no Executivo, mediante o indecente loteamento de órgãos e entidades públicos entre os partidos da aliança, não somente fragiliza a presidente do país, mas também o próprio comando da administração pública, com reflexos bastante prejudiciais nos serviços públicos prestados à população, que já são de péssima qualidade, à vista da permanente insatisfação demonstrada pelos brasileiros.
Causa perplexidade que os objetivos da presidente, com a formulação da reforma ministerial, são conhecidos, de forma cristalina, tendo como plataforma o bloqueio do impeachment dela, a aprovação do orçamento e a melhora do desempenho da economia até o final de seu mandato, não importando a qualidade dos serviços públicos e muito menos a exitosa atuação da máquina pública, porque a única prioridade do momento é a recuperação da imagem da petista, que se encontra completamente destruída, à vista dos resultados das pesquisas de opinião pública, evidenciando enorme desaprovação no comando da nação, cuja avaliação não recomenda a sua continuidade na Presidência da República, ante os prejuízos que a sua desastrada gestão já causou ao país e aos brasileiros e ainda a falta de perspectivas, em curto prazo.
O caos nas estruturas Estado brasileiros, notadamente na política, economia e administração pública, tem como culpa e responsabilidade a exclusiva situação de penúria da cultura dos brasileiros, que são preparados para aceitar a governança e a representatividade de homens públicos com índoles inescrupulosas, afeitas às políticas com cunho extremamente populista, em que há pseudovalorização dos mais pobres, mediante ações politiqueiras questionáveis, com a finalidade de angariar a confiança que não seria possível se as políticas públicas fossem executadas com sinceridade, honestidade, moralidade, legalidade, transparência e acima de tudo com a real finalidade de satisfazer exclusivamente ao interesse público, eis que é exatamente este o sentido das atividades públicas.
Urge que os brasileiros se conscientizem sobre a necessidade de repúdio ao gerenciamento dos negócios do Estado por meio de políticas espúrias e questionáveis, tendo por finalidade o atendimento de causas pessoais e partidárias, em evidente prejuízo dos interesses públicos, à vista do resultado da última reforma ministerial, que foi promovida com o objetivo de consolidar fidelização às aspirações pessoais da presidente do país, de modo a protegê-la contra o impeachment e a derrocada de seus projetos administrativos. Acorda, Brasil!
          ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 26 de outubro de 2015

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