Segundo
pesquisa divulgada pelo Ibope, a avaliação do desempenho do governo da
presidente da República continua sofrível, por mostrar que, dos 2.002 eleitores
entrevistados, somente 10% o aprovam e 69% o consideram ruim ou péssimo,
enquanto 21% preferiram se manifestar pela regularidade dele.
Embora
a supracitada rejeição seja a maior já registrada pela série histórica das
pesquisas Ibope, desde a redemocratização, o percentual dos entrevistados que
consideram a gestão da presidente "ruim
ou péssimo" permanece na margem de erro para o caso, em comparação com
a pesquisa anterior.
O
Ibope revelou que 14% dos entrevistados aprovam a maneira de governar da
presidente, enquanto a expressiva maioria de 82% a desaprova.
O
levantamento confirma que 20% dos eleitores entrevistados confiam na
presidente, mas 77% não confiam nela.
Os
entrevistados responderam que o segundo mandato da petista é 82% pior, l4%
igual e somente 3% melhor do que o primeiro mandato.
Na
avaliação dos pesquisados, as perspectivas quanto ao restante do governo são de
63% para ruim ou péssimo; 21% para regular; e 11% para ótimo ou bom.
A
pesquisa também abordou outros assuntos, cujo levantamento indica que os mais
citados foram a Operação Lava-Jato: 13%; a volta da CPMF: 8%; o aumento de
impostos: 7%; o impeachment da presidente: 7%; a corrupção do governo (sem
especificar): 4%.
Os
eleitores ainda disseram sua opinião sobre áreas de atuação do governo, cujos resultados
indicam que o combate à fome e à pobreza foi aprovado por
29%; desaprovado por 68%; e 4% não
souberam; a segurança pública foi aprovada por
14%; desaprovado por 82%; e 4% não
souberam; a taxa de juros foi aprovada por
6%; desaprovado por 89%; e 5% não
souberam; o combate à inflação foi aprovado por
12%; desaprovado por 83%; e 3% não
souberam; o combate ao desemprego foi aprovado por
14%; desaprovado por 90%; e 3% não
souberam; os impostos foram aprovados por
7%; desaprovado por 83%; e 3% não
souberam; a saúde foi aprovada por
13%; desaprovado por 85%; e 3% não
souberam; a educação foi aprovada por
23%; desaprovado por 73%; e 3% não
souberam.
Causa
perplexidade a percepção de que a pesquisa revela percentual de eleitores que
ainda são favoráveis ao governo (10%), à segurança pública (14%), à taxa de
juros (6%), ao combate à inflação (12%), ao combate ao desemprego (14%), à
saúde (13%), e à educação (23%), tudo em índices baixíssimos, porém bem
representativos diante das circunstanciais precariedades resultantes da
inexistência de prioridade para se minimizar as deficiências em cada caso.
Na verdade, os percentuais acima
apenas abonam o péssimo desempenho da presidente e a precariedade de suas
políticas públicas votadas para o povo, demonstrando que muito precisa ser
feito para, pelo menos, o governo atingir melhor nível de razoabilidade quanto
à prestação dos serviços públicos.
Não há
dúvida de que a avaliação do desempenho do governo se encontra muito abaixo do
mínimo razoável, porém o resultado é normalíssimo, ante as deficiências
demonstradas por ele, principalmente diante da falta de priorizações e de
reformas das estruturas do Estado, cujos gargalos se encontram exatamente no
anacronismo dos mecanismos condutores do desenvolvimento, tendo como principal
entrave o gigantismo do custo Brasil, com suas garras devoradoras e
estranguladoras dos processos de competitividade da produção nacional, com
visível prejuízo para a economia brasileira.
O certo é
que o governo que não se moderniza nem se aperfeiçoa para conseguir se livrar
das peias e das amarras dos processos anacrônicos e ultrapassados que impedem a
competitividade em todos os setores da economia, envolvendo os públicos e
privados, não terá condições de desempenhar seu papel com a desenvoltura capaz
de transmitir confiança à sociedade, aos empresários e investidores.
Não à toa
que os números da pesquisa revelam que 77% dos entrevistados não confiam na
presidente e 82% acreditam que o segundo governo está sendo pior do que o
primeiro, cujos indicadores são muito claros em mostrar que o governo
simplesmente perdeu a confiança da população, notadamente porque o sentimento
do povo é de que a petista descumpriu as promessas de campanha, com relação aos
fatos que repudiavam, mas eles agora fazem parte da sua agenda, como medidas
prioritárias, dando a entender que teria mentido para os eleitores que votaram
nela, acreditando que ela pudesse ter o mínimo de sinceridade e honradez.
O governo
precisa perceber as áreas cruciais que merecem especial atenção, como os
impostos e as taxas de juros, que mereceram altíssimas desaprovações, nos
percentuais de 90% e 89%, respectivamente.
Enquanto
isso, a notícia sobre a Operação Lava-Jato é destaque entre as mais lembradas
pelos entrevistados, deixando claro que a corrupção é uma chaga que precisa ser
combatida com arsenal estratégico e poderoso, como forma de moralizar a
administração pública.
O
resultado da pesquisa evidencia, com bastante nitidez, que a presidente já não
governa mais, pelo menos à luz da percepção dos brasileiros, que ainda enxergam
o pouco da capacidade produtiva dela e o muito do que ela deveria fazer,
ficando a lacuna que não justifica a permanência dela no governo, diante da
perspectiva de maiores danos aos interesses do país e dos brasileiros.
Mesmo
em momento do auge das crises política, econômica e administrativa, a presidente
não tem a dignidade de reconhecer seus graves erros contra a administração pública
e não sabe o que fazer para contorná-las, convindo que ela reflita quanto ao
bem do país, antes que o restante que se salvou da tragédia do seu governo
também siga direto para o fundo do poço.
Felizmente, a sociedade vem se conscientizando, em
bom tempo, sobre as reais precariedades da administração do país, cujo
resultado da pesquisa em tela apenas se harmoniza com os fatos que ocorrem no
cotidiano e reflete exatamente as dificuldades e as incapacidades imperantes no
governo, que não esboça reação às crises que simplesmente se intensificam e
preocupam os brasileiros, que perderam a confiança na presidente, por ter sido
capaz de contrariar suas promessas de campanha, quando também garantia que o
país se encontrava às mil maravilhas e que as mudanças seriam para a melhoria
das condições de vida da população, mas os fatos indicam a derrocada da
economia e das contas públicas, sinalizando para a falência das estruturas do
Estado, graças exatamente à incompetência e à ineficiência do governo, que foi
incapaz de priorizar as necessárias reformas dos mecanismos de desenvolvimento.
Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 02 de outubro de 2015
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