sexta-feira, 2 de outubro de 2015

O reflexo da realidade administrativa

Segundo pesquisa divulgada pelo Ibope, a avaliação do desempenho do governo da presidente da República continua sofrível, por mostrar que, dos 2.002 eleitores entrevistados, somente 10% o aprovam e 69% o consideram ruim ou péssimo, enquanto 21% preferiram se manifestar pela regularidade dele.
Embora a supracitada rejeição seja a maior já registrada pela série histórica das pesquisas Ibope, desde a redemocratização, o percentual dos entrevistados que consideram a gestão da presidente "ruim ou péssimo" permanece na margem de erro para o caso, em comparação com a pesquisa anterior.
O Ibope revelou que 14% dos entrevistados aprovam a maneira de governar da presidente, enquanto a expressiva maioria de 82% a desaprova.
O levantamento confirma que 20% dos eleitores entrevistados confiam na presidente, mas 77% não confiam nela.
Os entrevistados responderam que o segundo mandato da petista é 82% pior, l4% igual e somente 3% melhor do que o primeiro mandato.
Na avaliação dos pesquisados, as perspectivas quanto ao restante do governo são de 63% para ruim ou péssimo; 21% para regular; e 11% para ótimo ou bom.
A pesquisa também abordou outros assuntos, cujo levantamento indica que os mais citados foram a Operação Lava-Jato: 13%; a volta da CPMF: 8%; o aumento de impostos: 7%; o impeachment da presidente: 7%; a corrupção do governo (sem especificar): 4%.
Os eleitores ainda disseram sua opinião sobre áreas de atuação do governo, cujos resultados indicam que o combate à fome e à pobreza foi aprovado por 29%; desaprovado por 68%; e 4% não souberam; a segurança pública foi aprovada por 14%; desaprovado por 82%; e 4% não souberam; a taxa de juros foi aprovada por 6%; desaprovado por 89%; e 5% não souberam; o combate à inflação foi aprovado por 12%; desaprovado por 83%; e 3% não souberam; o combate ao desemprego foi aprovado por 14%; desaprovado por 90%; e 3% não souberam; os impostos foram aprovados por 7%; desaprovado por 83%; e 3% não souberam; a saúde foi aprovada por 13%; desaprovado por 85%; e 3% não souberam; a educação foi aprovada por 23%; desaprovado por 73%; e 3% não souberam.
Causa perplexidade a percepção de que a pesquisa revela percentual de eleitores que ainda são favoráveis ao governo (10%), à segurança pública (14%), à taxa de juros (6%), ao combate à inflação (12%), ao combate ao desemprego (14%), à saúde (13%), e à educação (23%), tudo em índices baixíssimos, porém bem representativos diante das circunstanciais precariedades resultantes da inexistência de prioridade para se minimizar as deficiências em cada caso.
Na verdade, os percentuais acima apenas abonam o péssimo desempenho da presidente e a precariedade de suas políticas públicas votadas para o povo, demonstrando que muito precisa ser feito para, pelo menos, o governo atingir melhor nível de razoabilidade quanto à prestação dos serviços públicos.
Não há dúvida de que a avaliação do desempenho do governo se encontra muito abaixo do mínimo razoável, porém o resultado é normalíssimo, ante as deficiências demonstradas por ele, principalmente diante da falta de priorizações e de reformas das estruturas do Estado, cujos gargalos se encontram exatamente no anacronismo dos mecanismos condutores do desenvolvimento, tendo como principal entrave o gigantismo do custo Brasil, com suas garras devoradoras e estranguladoras dos processos de competitividade da produção nacional, com visível prejuízo para a economia brasileira.
O certo é que o governo que não se moderniza nem se aperfeiçoa para conseguir se livrar das peias e das amarras dos processos anacrônicos e ultrapassados que impedem a competitividade em todos os setores da economia, envolvendo os públicos e privados, não terá condições de desempenhar seu papel com a desenvoltura capaz de transmitir confiança à sociedade, aos empresários e investidores.
Não à toa que os números da pesquisa revelam que 77% dos entrevistados não confiam na presidente e 82% acreditam que o segundo governo está sendo pior do que o primeiro, cujos indicadores são muito claros em mostrar que o governo simplesmente perdeu a confiança da população, notadamente porque o sentimento do povo é de que a petista descumpriu as promessas de campanha, com relação aos fatos que repudiavam, mas eles agora fazem parte da sua agenda, como medidas prioritárias, dando a entender que teria mentido para os eleitores que votaram nela, acreditando que ela pudesse ter o mínimo de sinceridade e honradez.
O governo precisa perceber as áreas cruciais que merecem especial atenção, como os impostos e as taxas de juros, que mereceram altíssimas desaprovações, nos percentuais de 90% e 89%, respectivamente.
Enquanto isso, a notícia sobre a Operação Lava-Jato é destaque entre as mais lembradas pelos entrevistados, deixando claro que a corrupção é uma chaga que precisa ser combatida com arsenal estratégico e poderoso, como forma de moralizar a administração pública.
O resultado da pesquisa evidencia, com bastante nitidez, que a presidente já não governa mais, pelo menos à luz da percepção dos brasileiros, que ainda enxergam o pouco da capacidade produtiva dela e o muito do que ela deveria fazer, ficando a lacuna que não justifica a permanência dela no governo, diante da perspectiva de maiores danos aos interesses do país e dos brasileiros.
Mesmo em momento do auge das crises política, econômica e administrativa, a presidente não tem a dignidade de reconhecer seus graves erros contra a administração pública e não sabe o que fazer para contorná-las, convindo que ela reflita quanto ao bem do país, antes que o restante que se salvou da tragédia do seu governo também siga direto para o fundo do poço.
Felizmente, a sociedade vem se conscientizando, em bom tempo, sobre as reais precariedades da administração do país, cujo resultado da pesquisa em tela apenas se harmoniza com os fatos que ocorrem no cotidiano e reflete exatamente as dificuldades e as incapacidades imperantes no governo, que não esboça reação às crises que simplesmente se intensificam e preocupam os brasileiros, que perderam a confiança na presidente, por ter sido capaz de contrariar suas promessas de campanha, quando também garantia que o país se encontrava às mil maravilhas e que as mudanças seriam para a melhoria das condições de vida da população, mas os fatos indicam a derrocada da economia e das contas públicas, sinalizando para a falência das estruturas do Estado, graças exatamente à incompetência e à ineficiência do governo, que foi incapaz de priorizar as necessárias reformas dos mecanismos de desenvolvimento. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 02 de outubro de 2015

Nenhum comentário:

Postar um comentário