O ex-presidente da República petista reconheceu diante de seus correligionários que as atuais crises política, econômica e
administrativa tiverem origem na mudança dos discursos da presidente do país,
pronunciados na última campanha eleitoral, nos quais ela disse tudo o que não
faria e atribuiu o que poderia acontecer de ruim para seu adversário que fosse
eleito, mas a vaca tossiu e ela terminou adotando medidas ruins que foram além
do que ela garantiu que não implementaria.
O petista, finalmente, teve a dignidade de
reconhecer a gravidade das mentiras protagonizadas pela candidata petista, na
campanha eleitoral, e as medidas prejudiciais ao interesse dos brasileiros na
segunda gestão dela, ao afirmar, de forma categórica, que "Nós
ganhamos as eleições com um discurso e, depois das eleições, nós tivemos que
mudar o nosso discurso e fazer aquilo que a gente dizia que não ia fazer. Esse
é um fato, esse é um fato conhecido de 204 milhões de habitantes e é um fato
conhecido da nossa querida presidenta Dilma Rousseff.”.
Em síntese, a candidata petista, na disputa da
reeleição, negou que seria preciso ajuste fiscal para equilibrar as contas –
quando as contas públicas já estavam arrombadas -; rejeitou mudanças nas leis
trabalhistas; previu que o país iria “bombar” em 2015; garantiu que manteria os
níveis de emprego; entendeu que precisava aumentar a quantidade de ministérios;
e atribuiu a expectativa de um cenário difícil ao “pessimismo” de alguns
setores, mas ela foi capaz de frustrar seus eleitores, por realizar
absolutamente tudo ao contrário e ainda com a maior crueldade, conforme mostram
os fatos.
Em que pesem as negativas quanto às precariedades
que seriam inevitáveis no decorrer de 2015, a presidente foi obrigada a engolir
a seco tudo que havia dito de maravilhoso que iria acontecer no seu governo, no
corrente ano, para presenciar o rombo nas contas públicas, com o déficit fiscal
da ordem de R$ 110 bilhões; anunciar pacote de ajuste fiscal, que inclui a recriação
da CPMF, aumento de impostos, suspensão de concursos e corte de investimentos
em programas sociais e de infraestrutura, entre os quais o Programa de Aceleração
do Crescimento (PAC); restringir direitos trabalhistas e previdenciários, como
seguro-desemprego, abono salarial e pensão por morte; reduzir jornada de
trabalho, com a respectiva redução dos salários; reduzir o número de
ministérios; permitir o tarifaço da energia elétrica em até 51,7% e aumento de
6% da gasolina; permitir crescimento da inflação oficial de 8,49% e juros de
mais de 14% a.a.; entre outras mazelas, como a recessão econômica, o desemprego,
a péssima qualidade dos serviços públicos, a falta de investimentos em obras, a
debandada do capital estrangeiro, a desindustrialização, a perda do grau de
investimento etc., tudo conspirando contra o que a petista ufanava na campanha
eleitoral.
Há
muita revolta nas pessoas que trabalham e produzem, por repudiarem as
descaradas mentiras do governo, que não teve a dignidade de disputar pleito
eleitoral sob a fiel observância dos princípios da honestidade e da sinceridade
nos seus programas de governo, preferindo destruir os conceitos da moralidade e
do decoro, ao disseminar inverdades e informações inconsistentes sobre as
contas públicas e o desempenho da gestão pública, tendo como consequência a destruição,
em especial, das bases econômicas, que teve como reflexo a recessão e o
subdesenvolvimento, levando o país a uma das piores crises da história
republicana.
É pena que o Brasil não é um país sério, porque o
conjunto de mentiras e de quebra de compromissos pela presidente da República é
capaz de constituir elementos suficientes para sanções exemplares, como, no
mínimo, a perda do mandato e a eliminação dela da vida pública, por ter iludido
e enganado parcela expressiva de eleitores, que certamente votaram nela
acreditando nas promessas e garantias de que o seu segundo mandato seria de
acontecimentos maravilhosos, logo no início, porquanto somente seus adversários seriam capazes
de levar o país ao retrocesso e à destruição das estruturas do Estado.
Também importa se lamentar que, apesar do
reconhecimento das mentiras e das realizações contrárias às promessas de
campanha, em prejuízo tanto do patrimônio dos brasileiros como dos princípios
da administração pública, pelas ações deletérias do governo, que continua
normalmente como se nada tivesse acontecido de trágico, em termos da quebra da
dignidade, quando a eleição teria sido ganha com base em promessas falsas e com
base em elementos sem consistência, fatos que, nos países sérios e evoluídos
democraticamente, levariam, no mínimo, alguma forma de penalidade ao governo
desonesto e mentiroso, como o afastamento do cargo, principalmente porque a
presidente do país tem o dever de honrar seus compromissos, que somente devem
se fundar em fatos consistentes e verdadeiros.
Os brasileiros precisam se conscientizar sobre os
enormes estragos causados ao país, em razão de os assuntos de suma relevância
para o interesse nacional terem sido tratados, na última campanha eleitoral, com leviandade, irresponsabilidade
e insinceridade, em completa desconsideração com os sentimentos de parcela
significativa de eleitores que foram trapaceados com enxurradas de mentiras,
exclusivamente de forma inescrupulosa para ganhar eleição, cujo reconhecimento agora
não tem o condão de abonar as maldades causadas à dignidade dos brasileiros.
Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 31 de outubro de 2015
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