sábado, 31 de outubro de 2015

As mentiras geradoras de crises


O ex-presidente da República petista reconheceu diante de seus correligionários que as atuais crises política, econômica e administrativa tiverem origem na mudança dos discursos da presidente do país, pronunciados na última campanha eleitoral, nos quais ela disse tudo o que não faria e atribuiu o que poderia acontecer de ruim para seu adversário que fosse eleito, mas a vaca tossiu e ela terminou adotando medidas ruins que foram além do que ela garantiu que não implementaria.
O petista, finalmente, teve a dignidade de reconhecer a gravidade das mentiras protagonizadas pela candidata petista, na campanha eleitoral, e as medidas prejudiciais ao interesse dos brasileiros na segunda gestão dela, ao afirmar, de forma categórica, que "Nós ganhamos as eleições com um discurso e, depois das eleições, nós tivemos que mudar o nosso discurso e fazer aquilo que a gente dizia que não ia fazer. Esse é um fato, esse é um fato conhecido de 204 milhões de habitantes e é um fato conhecido da nossa querida presidenta Dilma Rousseff.”.
Em síntese, a candidata petista, na disputa da reeleição, negou que seria preciso ajuste fiscal para equilibrar as contas – quando as contas públicas já estavam arrombadas -; rejeitou mudanças nas leis trabalhistas; previu que o país iria “bombar” em 2015; garantiu que manteria os níveis de emprego; entendeu que precisava aumentar a quantidade de ministérios; e atribuiu a expectativa de um cenário difícil ao “pessimismo” de alguns setores, mas ela foi capaz de frustrar seus eleitores, por realizar absolutamente tudo ao contrário e ainda com a maior crueldade, conforme mostram os fatos.
Em que pesem as negativas quanto às precariedades que seriam inevitáveis no decorrer de 2015, a presidente foi obrigada a engolir a seco tudo que havia dito de maravilhoso que iria acontecer no seu governo, no corrente ano, para presenciar o rombo nas contas públicas, com o déficit fiscal da ordem de R$ 110 bilhões; anunciar pacote de ajuste fiscal, que inclui a recriação da CPMF, aumento de impostos, suspensão de concursos e corte de investimentos em programas sociais e de infraestrutura, entre os quais o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC); restringir direitos trabalhistas e previdenciários, como seguro-desemprego, abono salarial e pensão por morte; reduzir jornada de trabalho, com a respectiva redução dos salários; reduzir o número de ministérios; permitir o tarifaço da energia elétrica em até 51,7% e aumento de 6% da gasolina; permitir crescimento da inflação oficial de 8,49% e juros de mais de 14% a.a.; entre outras mazelas, como a recessão econômica, o desemprego, a péssima qualidade dos serviços públicos, a falta de investimentos em obras, a debandada do capital estrangeiro, a desindustrialização, a perda do grau de investimento etc., tudo conspirando contra o que a petista ufanava na campanha eleitoral.
Há muita revolta nas pessoas que trabalham e produzem, por repudiarem as descaradas mentiras do governo, que não teve a dignidade de disputar pleito eleitoral sob a fiel observância dos princípios da honestidade e da sinceridade nos seus programas de governo, preferindo destruir os conceitos da moralidade e do decoro, ao disseminar inverdades e informações inconsistentes sobre as contas públicas e o desempenho da gestão pública, tendo como consequência a destruição, em especial, das bases econômicas, que teve como reflexo a recessão e o subdesenvolvimento, levando o país a uma das piores crises da história republicana.
É pena que o Brasil não é um país sério, porque o conjunto de mentiras e de quebra de compromissos pela presidente da República é capaz de constituir elementos suficientes para sanções exemplares, como, no mínimo, a perda do mandato e a eliminação dela da vida pública, por ter iludido e enganado parcela expressiva de eleitores, que certamente votaram nela acreditando nas promessas e garantias de que o seu segundo mandato seria de acontecimentos maravilhosos, logo no início, porquanto somente seus adversários seriam capazes de levar o país ao retrocesso e à destruição das estruturas do Estado.
Também importa se lamentar que, apesar do reconhecimento das mentiras e das realizações contrárias às promessas de campanha, em prejuízo tanto do patrimônio dos brasileiros como dos princípios da administração pública, pelas ações deletérias do governo, que continua normalmente como se nada tivesse acontecido de trágico, em termos da quebra da dignidade, quando a eleição teria sido ganha com base em promessas falsas e com base em elementos sem consistência, fatos que, nos países sérios e evoluídos democraticamente, levariam, no mínimo, alguma forma de penalidade ao governo desonesto e mentiroso, como o afastamento do cargo, principalmente porque a presidente do país tem o dever de honrar seus compromissos, que somente devem se fundar em fatos consistentes e verdadeiros.
Os brasileiros precisam se conscientizar sobre os enormes estragos causados ao país, em razão de os assuntos de suma relevância para o interesse nacional terem sido tratados, na última campanha eleitoral, com leviandade, irresponsabilidade e insinceridade, em completa desconsideração com os sentimentos de parcela significativa de eleitores que foram trapaceados com enxurradas de mentiras, exclusivamente de forma inescrupulosa para ganhar eleição, cujo reconhecimento agora não tem o condão de abonar as maldades causadas à dignidade dos brasileiros. Acorda, Brasil!      
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
          Brasília, em 31 de outubro de 2015

Nenhum comentário:

Postar um comentário