domingo, 4 de outubro de 2015

Somente ganância pelo poder

Há poucos dias, parecia que congressistas iriam engolir a fragilizada presidente petista, que apanhava de todos os quadrantes, sob ameaça até de impeachment. Finalmente, ela teve a feliz ideia de turbinar seu ministério com pessoas impolutas, capazes e dispostas apenas a apoiá-la contra a corrente do mal, ou seja, evitar o afastamento dela do Palácio do Planalto.
Agora, fortalecida com a nova estrutura de potentes políticos na fronte do Planalto, há quem diga que o mandato dela foi salvo, por enquanto, à espera do desfecho do julgamento sobre as contas do governo pelo Tribunal de Contas da União, referentes ao exercício de 2014, por conta das pedaladas fiscais, e da decisão pelo Tribunal Superior Eleitoral sobre as contas da última campanha presidencial, com suspeita de irregularidades quanto à origem de recursos.
Até parece provável que tudo isso seja plausível, porque a política muda como mudam as nuvens no firmamento. Não obstante, a realidade dos fatos não pode mudar com tanta simplicidade, como se podem imaginar os especialistas, porque dificilmente a simples mexida no tabuleiro político vai solucionar, num passe de mágica, os graves problemas estruturais do país, que padece da falta de capacidade e da competência administrativa, a qual será ainda mais fortalecida com a composição de políticos para os ministérios, sendo que muitos dos quais aproveitaram o cavalo encilhado para galgar os mais importantes postos de suas carreiras políticas, embora sem os devidos preparos e quiçá sem os menores conhecimentos sobre as suas novas atribuições, tudo a contribuir para potencializar a precariedade da prestação dos serviços públicos, objeto de muitas reclamações da população, que foram às ruas para mostrar a sua insatisfação com o desgoverno, exatamente em razão da péssima qualidade dos serviços de incumbência constitucional do Estado, que se enfraquece em nome da reorganização da estrutura da administração pública, com a exclusiva finalidade de compor ambiente favorável aos planos da presidente, no sentido de ter base de sustentação forte no Parlamento, para aprovar seus projetos e blindar qualquer pedido de abertura de processo de impeachment.
Ou seja, de forma maquiavélica, a presidente arquitetou plano mirabolante para tentar salvar seu mandato, porém sem a menor preocupação para solucionar as graves crises que grassam no país, com terríveis prejuízos para os interesses dos brasileiros, que sempre são colocados em planos secundários e ainda recebem a fatura para o pagamento dos erros e das trapalhadas do governo, que foi incapaz de evitar as famigeradas pedaladas fiscais, como forma de maquiar o resultado deficitário das contas públicas, que sempre apresentavam rombos por consequência da gastança superior à arrecadação, mas tudo no bom sentido de contribuir para a garantia da reeleição da presidente, que agora tenta contar história fajuta para o Tribunal de Contas da União aliviar a pancada nas suas contas recheadas de irregularidades.
Os brasileiros precisam se conscientizar sobre o verdadeiro sentimento dos maus políticos tupiniquins, que são maquiavelicamente astuciosos quando seus interesses estão em perigo, cuja capacidade inventiva e capaz de transformar água em vinho, desde que sejam para satisfazer suas conveniências políticas, a exemplo do presente  caso da petista, que conseguiu usar a máquina pública em poderoso instrumento de salvação de seu mantado, ao aglutinar ao seu redor inescrupulosos homens públicos ávidos pelo usufruto das benesses e das poderosas influências do poder, sob o ardiloso argumento da defesa da governabilidade, dando a entender que os brasileiros são um bando de imbecis, que não conseguem distinguir a escolha de ministros pelo sistema tecnocrático, pelo mérito profissional, daquele em que o critério prevalecente é a composição política convencionada popularmente de escrachado fisiologismo com a cara do "toma lá, dá cá", envolvendo a máquina pública e a consciência de políticos oportunistas e subservientes, em completa desmoralização dos consagrados princípios da ética, probidade, honestidade, dignidade e nobreza, que jamais deveriam se afastar do seio da administração pública.
O governo pode ter saída dessa batalha bastante fortalecido, mas os interesses maiores da nação foram fragorosamente derrotados, em nome da continuidade da administração ineficiente, precária e prejudicial às causas dos brasileiros, à vista do pífio desempenho da economia, em franca recessão, com suas perniciosas consequências de desemprego, desindustrialização, juros altos, inflação nas alturas, descontrole das contas públicas, falta de investimentos, diminuição de arrecadação, retirada do capital estrangeiro, entre tantas mazelas desanimadoras quanto às perspectivas de desenvolvimento do país.
Certamente que o Brasil não merece os homens públicos que tem, diante de suas atitudes em prol de suas ganâncias e vaidades políticas, em benefício da satisfação de seus projetos pessoais, que atropelam de forma brutal os interesses públicos, que são os principais objetivos da República, já bastante fragilizada diante da persistente ganância quanto à consecução da absoluta dominação política e da permanência no poder, a qualquer custo. Acorda, Brasil!                        
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 04 de outubro de 2015

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