O ex-presidente da República petista atacou, de
forma dura, a imprensa, os delegados da Polícia Federal, os procuradores do
Ministério Público e o juiz de Curitiba, ao afirmar que “A menor preocupação é com a verdade”.
Mesmo já sendo réu em três processos contendo
resultados de investigações sobre casos de corrupção, o ex-presidente não
poupou críticas à força-tarefa da Operação Lava-Jato, exatamente por ocasião de
ato de lançamento da campanha “Um Brasil
Justo pra Todos e pra Lula”.
Diante de auditório lotado com centenas de pessoas
na Casa de Portugal, na Liberdade, zona sul de São Paulo, o petista afirmou que
“Eu penso que eles cometeram um pequeno
erro. É que eles mexeram com a pessoa errada. Eu não tenho nenhuma preocupação
de prestar contas à Justiça brasileira. O que eu tenho preocupação é quando eu
vejo um pacto quase diabólico entre a mídia, a Polícia Federal, o Ministério Público
e o juiz que está apurando todo esse processo”.
O político acusou a Operação Lava-Jato de mentir
para a população, quando disse que “Não
me sinto confortável participando de um ato da minha defesa. Eu me sentiria
confortável participando de um ato de acusação à força-tarefa da Lava Jato, que
está mentindo para a sociedade brasileira”.
O procurador-geral da República evitou comentar as
críticas do ex-presidente, no que se refere à declaração dele de que há um “pacto quase diabólico” entre a Polícia
Federal e o Ministério Público na Operação Lava Jato, mas, em breve comentário,
ele destacou a liberdade de manifestação e concluiu que “O que posso dizer é que eu não sou religioso. Nós vivemos num país livre, onde o direito de crítica e de manifestação
é assegurado na Constituição. Eu não tenho que me referir ao que ele disse. Ele
tem todo direito de externar as opiniões e as críticas que entender necessárias”.
É estranho que o petista acuse a força-tarefa de
mentir para os brasileiros, mas a maior mentira, no caso, pode ser a falta de
resposta ao autor do libelo, permitindo que fatos investigados se tornem
verdade.
Já que o petista acusa a força-tarefa de não se
preocupar com a verdade, não custaria nada que ele se encarregasse de mostrá-la,
demonstrando preocupação em relatar o que realmente aconteceu, de modo a pôr por
terra as alegações de que ele teria implicação com os fatos irregulares objeto
das denúncias aceitas pela Justiça.
O
petista diz que não tem nenhuma preocupação de prestar contas à Justiça, mas
demonstra enorme dificuldade de mostrar à sociedade, em forma de contestação,
acompanhada de provas comprobatórias, a sua inculpabilidade com relação aos
fatos denunciados à Justiça, que, em princípio, estão revestidos de
materialidade substancial, porquanto, caso contrário, eles jamais seriam
aceitos, por não preencherem os requisitos exigidos pela legislação aplicável à
espécie.
Os
brasileiros anseiam por que o ex-presidente mostre, à saciedade, que o trabalho
da força-tarefa não tem consistência e que ele realmente está sendo perseguido
e injustiçado pela Lava-Jato, ao invés de somente espernear e acusar
insistentemente a mídia, a Polícia Federal, o Ministério Público e a Justiça pela
prática de erros contra ele, quando nada melhor para acabar com a celeuma é
provar que os fatos irregulares cuja autoria lhe vem sendo atribuída jamais
existiram, com o que ficariam desmascarados os esforços para incriminá-lo,
inclusive com a qualificação de chefe de organização criminosa, que teria ainda
cometido os crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e tráfico de
influência.
É
evidente que, enquanto o político não se dignar a provar a sua inocência
perante os brasileiros e a Justiça, as suspeitas são confirmadas pela dúvida e
falta de elementos contestatórios.
O
ex-presidente precisa saber que não adianta muito ficar repisando, somente com
palavras, que é inocente, vítima e injustiçado, principalmente pela
força-tarefa da Operação Lava-Jato, porque o povo somente vai dar crédito às
suas indignações verbais quando elas vierem respaldadas com provas
juridicamente válidas, porque é assim que o ordenamento jurídico preconiza em
caso de denúncia contra qualquer cidadão, à vista do princípio constitucional
da isonomia. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 22 de novembro de 2016
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