quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Julgamento do século?

A propósito do início das audiências comandadas pelo juiz federal, responsável pela Operação Lava-Jato, para ouvir as testemunhas no processo demandado contra o ex-presidente da República petista, o jornal britânico Financial Times publicou reportagem dando destaque para esse fato, que ele houve por bem de classificou como sendo o "julgamento do século" na América Latina.
          O texto ressalta que, no embalo do tormentoso ano já marcado pelo processo de impeachment da ex-presidente da República petista, os brasileiros estão agora na expectativa quanto ao que poderá constituir o julgamento mais aguardado dos últimos tempos na história mundial. 
Segundo o jornal, o veredicto confirmando a culpabilidade do cacique-mor do PT poderá desencadear protestos políticos, exatamente em delicado momento em que o governo tenta restaurar a sua confiança, por meio de rigorosas reformas fiscal e econômica.
De acordo com o jornal britânico, o julgamento representa o topo de mais de dois anos de trabalhosas investigações sobre o maior esquema de corrupção do Brasil, representada por gigantesco escândalo de suborno na principal estatal do país, a Petrobras.
O Financial Times ressalta que "O julgamento vai questionar o legado de um homem cujos apoiadores o consideram um herói por reduzir a pobreza durante seus oito anos no poder entre 2003 e 2010, mas que, de acordo com os críticos, se trata de um populista que usou dinheiro público e ajudou a inaugurar a pior recessão do Brasil em um século".
A matéria ainda dá destaque para parte da entrevista do presidente brasileiro, recentemente concedida ao programa Roda Viva, da TV Cultura, no qual ele teria dito que a prisão do petista poderia suscitar problema para o governo dele. Na ocasião, o presidente disse que "Imagine a mera ideia de que Lula poderia ir para a prisão? Ele é um ex-presidente, ele foi presidente duas vezes. Que isso pode causar problemas, não tenho dúvidas ".
É evidente que as investigações não significam que o petista seja culpado pela prática de atos irregulares, na forma como consta das denúncias demandadas à Justiça, mas compete a ele demonstrar a sua inocência nesse indecente episódio que realmente fica marcado nos anais da história republicana, sob o terrível peso de um ex-presidente ter sido acusado de envolvimento em criminosos esquemas de corrupção.
Tudo isso equivale dizer ainda que o ex-presidente tenha ou não culpa pelos casos apontados, cuja autoria, por enquanto, é atribuída a ele, mas desde logo fica a indelével impressão de que a má reputação dele, apenas por ter sido envolvido em investigações policiais, será lembrada para sempre como o homem considerado, por ele, imaculado, o mais honesto da face da terra não ter conseguiu evitar que seus atos fossem vasculhados por sistemas policial e ministerial, sob a suspeita da prática de irregularidades com recursos públicos.
À toda evidência, trata-se de julgamento bastante esperado não somente pelos brasileiros, mas para o mundo, por envolver pessoa que se diz o suprassumo da honestidade, em que pese já ser réu em três processos em tramitação na Justiça, que aceitou, sem qualquer questionamento, ante a evidenciação dos indícios sobre os casos apontados, as denúncias contra ele, sob a alegação de que a prática dos fatos irregulares investigados, cuja autoria é atribuída ao ex-presidente, está devidamente materializada nos autos, guardando plausibilidade com os fatos denunciados.
Na verdade, os brasileiros anseiam por que o ex-presidente consiga demonstrar, no curso do julgamento do século, a sua inculpabilidade sobre a acusação que ele se encontra envolvido, porque não fica bem para um ex-mandatário do país continente como o Brasil se tornar presidiário, em razão de ter se comportado de forma ilícita no desempenho do mais importante cargo da República, em clara demonstração de desprezo à confiança depositada nele por milhões de brasileiros, que acreditaram nas suas boas promessas de integridade e moralidade na execução das políticas públicas, mas os fatos mostram que a corrupção se tornou merecedora da completa desaprovação dos brasileiros. Acorda, Brasil! 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 24 de novembro de 2016

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