A propósito do início das audiências comandadas
pelo juiz federal, responsável pela Operação Lava-Jato, para ouvir as
testemunhas no processo demandado contra o ex-presidente da República petista, o
jornal britânico Financial Times
publicou reportagem dando destaque para esse fato, que ele houve por bem de classificou
como sendo o "julgamento do século"
na América Latina.
O
texto ressalta que, no embalo do tormentoso ano já marcado pelo processo de
impeachment da ex-presidente da República petista, os brasileiros estão agora na
expectativa quanto ao que poderá constituir o julgamento mais aguardado dos
últimos tempos na história mundial.
Segundo o jornal, o veredicto confirmando a
culpabilidade do cacique-mor do PT poderá desencadear protestos políticos, exatamente
em delicado momento em que o governo tenta restaurar a sua confiança, por meio de
rigorosas reformas fiscal e econômica.
De acordo com o jornal britânico, o julgamento
representa o topo de mais de dois anos de trabalhosas investigações sobre o
maior esquema de corrupção do Brasil, representada por gigantesco escândalo de
suborno na principal estatal do país, a Petrobras.
O Financial
Times ressalta que "O julgamento
vai questionar o legado de um homem cujos apoiadores o consideram um herói por
reduzir a pobreza durante seus oito anos no poder entre 2003 e 2010, mas que,
de acordo com os críticos, se trata de um populista que usou dinheiro público e
ajudou a inaugurar a pior recessão do Brasil em um século".
A matéria ainda dá destaque para parte da
entrevista do presidente brasileiro, recentemente concedida ao programa Roda
Viva, da TV Cultura, no qual ele teria dito que a prisão do petista poderia suscitar
problema para o governo dele. Na ocasião, o presidente disse que "Imagine a mera ideia de que Lula poderia ir
para a prisão? Ele é um ex-presidente, ele foi presidente duas vezes. Que isso
pode causar problemas, não tenho dúvidas ".
É evidente que as investigações não significam que
o petista seja culpado pela prática de atos irregulares, na forma como consta
das denúncias demandadas à Justiça, mas compete a ele demonstrar a sua
inocência nesse indecente episódio que realmente fica marcado nos anais da história
republicana, sob o terrível peso de um ex-presidente ter sido acusado de envolvimento
em criminosos esquemas de corrupção.
Tudo isso equivale dizer ainda que o ex-presidente tenha
ou não culpa pelos casos apontados, cuja autoria, por enquanto, é atribuída a
ele, mas desde logo fica a indelével impressão de que a má reputação dele,
apenas por ter sido envolvido em investigações policiais, será lembrada para
sempre como o homem considerado, por ele, imaculado, o mais honesto da face da
terra não ter conseguiu evitar que seus atos fossem vasculhados por sistemas
policial e ministerial, sob a suspeita da prática de irregularidades com
recursos públicos.
À
toda evidência, trata-se de julgamento bastante esperado não somente pelos
brasileiros, mas para o mundo, por envolver pessoa que se diz o suprassumo da honestidade,
em que pese já ser réu em três processos em tramitação na Justiça, que aceitou,
sem qualquer questionamento, ante a evidenciação dos indícios sobre os casos
apontados, as denúncias contra ele, sob a alegação de que a prática dos fatos
irregulares investigados, cuja autoria é atribuída ao ex-presidente, está
devidamente materializada nos autos, guardando plausibilidade com os fatos
denunciados.
Na
verdade, os brasileiros anseiam por que o ex-presidente consiga demonstrar, no
curso do julgamento do século, a sua inculpabilidade sobre a acusação que ele se
encontra envolvido, porque não fica bem para um ex-mandatário do país continente
como o Brasil se tornar presidiário, em razão de ter se comportado de forma
ilícita no desempenho do mais importante cargo da República, em clara demonstração
de desprezo à confiança depositada nele por milhões de brasileiros, que
acreditaram nas suas boas promessas de integridade e moralidade na execução das
políticas públicas, mas os fatos mostram que a corrupção se tornou merecedora
da completa desaprovação dos brasileiros. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 24 de novembro de 2016
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