sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Horrores na educação

Conforme levantamento realizado pelo Ministério Público Federal, as condições de muitas unidades de ensino do país, que nem podem ser chamadas de escolas, são precaríssimas, onde foi verificado que há crianças comendo merenda sentadas no chão, por falta de mesas; salas que funcionam no mesmo espaço de posto de saúde; falta de água tratada; faltam portas e janelas em salas; inexistência de banheiros, mas há latrinas que fazem as vezes deles; falta de energia elétrica; deficiência de material didático; entre inumeráveis carências que fazem com que os fatos se remontem a ensino público nem mesmo existente há século, de tanto desprezo demonstrado por parte das autoridades incumbidas da educação do país.
A fiscalização daquele órgão foi realizada, de Sul a Norte do país, com abrangência nas escolas públicas colocadas nas últimas posições do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), compreendendo iniciativas que revelam cenário bastante horroroso e preocupante além do que já se poderia esperar, à vista das suspeitas, em que pese se tratar de área eternamente considerada prioritária pelos administradores públicos, apenas no discurso de campanha eleitoral, mas, na realidade e na prática, a situação da educação é simplesmente dramática.
Uma procuradora da República afirmou que foram encontradas situações devastadoras, tendo ressaltado que, “Nos últimos dez anos, o governo federal investiu em programas de educação básica. Mas, se a verba fosse aplicada de forma correta, o cenário não deveria estar como o encontramos hoje.”, ou seja, em preocupante situação de abandono pelo Estado.
Numa região no Rio Grande do Norte, foram constatadas péssimas condições das instalações e do transporte: “... Há escolas sem água potável e onde a pia do banheiro é um tanque, e a torneira, uma garrafa pet. Há até unidades com riscos de desabamento”. O transporte de crianças para as escolas é feito com o uso de caminhão tipo “pau-de-arara”, que é considerado totalmente irregular e perigoso, diante da falta de segurança.
No interior do Rio Grande do Sul, foi verificado que “... uma sala não tinha porta e as janelas eram vedadas com papelão. Fazia 5ºC. Era mais frio dentro do que fora”.
Ciente dos graves problemas do ensino em todo país, o Ministério da Educação garantiu, na ocasião, que mantém o orçamento previsto para os programas do ensino básico, com recursos suficientes para o atendimento das necessidades do setor, mas as constatações de precariedades demonstram a completa ausência do governo, no que diz respeito ao controle e à fiscalização da efetividade da execução de seus principais programas sociais, dando a entender que somente há a preocupação de liberar os recursos, sem qualquer necessidade do acompanhamento quanto ao custo-benefício, que é também parte muito importante no cômputo dos gastos públicos, em atenção aos princípios inerentes à legalidade das despesas públicas.
Na verdade, o quadro muito revelador das gritantes carências do ensino público é desnudado no cotidiano, não somente pelo Ministério Público Federal, mas também pela mídia e por quem se interessar em conhecer o gigantismo das mazelas existentes que são o retrato fiel da penúria da educação de cada vez mais pobre país que é considerado uma das potências econômicas do planeta, mas revela com todas as letras a precariedade dos homens públicos incumbidos das políticas educacionais, em evidente demonstração de inércia, omissão e irresponsabilidade, a par de externar a extrema falta de priorização no que se refere às ações fundamentais para o desenvolvimento do país, como a educação.
Enquanto a sociedade permanecer leniente com esse estado de precariedade, aceitando passivamente a falência das políticas essenciais do Estado, com destaque para a educação, o país continuará sendo objeto de desaprovação quanto ao Índice de Desenvolvimento Humano, que mede a qualidade de vida das nações, onde o Brasil ostenta o desprezível patamar superior ao octogésimo lugar entre países avaliados, em evidente demonstração do despreparo e da desqualificação dos governantes para cuidar não somente da educação, mas também das demais ações inerentes ao atendimento das necessidades essenciais da população.
Em que pese as pletoras precariedades na prestação dos serviços públicos, a sociedade ainda é compelida, constitucional e legalmente, a pagar uma das cargas tributárias mais pesadas do mundo para receber, em contrapartida, quando ainda têm, os piores serviços da incumbência do Estado, conforme mostram os fatos.
A precariedade do atendimento das políticas públicas evidencia, de forma cristalina, a urgente conscientização do povo sobre a necessidade da renovação dos homens públicos encarregados da execução das ações primordiais ao atendimento do interesse público, de modo que seja possível a reversão desse lastimável quadro imposto pela crônica incompetência visivelmente estratificada nos sistemas de educação, saúde, segurança pública, transportes, infraestrutura, saneamento básico e, enfim, nas demais ações sob a incumbência constitucional do Estado, que se mostra cada vez mais incapacitado para conduzir com competência e eficiência os grandes desafios que se agigantam diante da desqualificação e do despreparo dos governantes, que foram adestrados tão somente para a consecução de seu principal objetivo de tudo fazer para a perenidade no poder, em total desprezo às causas essenciais da nacionalidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 11 de novembro de 2016

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