Ao discursar para delegações de jesuítas do mundo, durante
evento da 36ª Congregação dos Jesuítas, o Sumo Pontífice houve por bem criticar
duramente o clero, ao declarar que ele é "rico" não apenas de "dinheiro",
mas também de "soberba".
O Santo Padre disse que "O clericalismo é rico. E se não é rico de dinheiro, o é de soberba. Mas
é rico, tem um apego às posses. Ele não se deixa ser criado pela mãe pobreza,
não deixa que protejam o muro da pobreza. O clericalismo é uma das piores
formas de riqueza pelas quais a Igreja é acometida, ao menos em alguns lugares
da Igreja e mesmo nas experiências mais cotidianas".
Em que pese a existência milenar da Igreja
Católica, o atual papa foi o primeiro religioso jesuíta a alcançar o grau
máximo da instituição.
Ao ensejo do citado encontro, o pontífice também
disse que "as críticas"
feitas à Companhia de Jesus e a ele "têm
um sabor de tipo restauracionista. Vale a pena dizer que são críticas que
desejam uma restauração. Por detrás das críticas, a este tipo de pensamento".
Na ocasião, o papa também teria comentado sobre
atividades inerentes aos políticos, ao anunciar que faltam homens públicos que
lutem por seus ideais, de modo a incentivar o diálogo, ante a importância para o
seu desempenho como representantes do povo.
Ele ressaltou que "Em geral, a minha opinião é que os políticos caíram. Não há mais
aqueles grandes políticos que eram capazes de ser levados a sério, de seguirem
com seus ideais, de não temerem nem os diálogos e nem a luta e que também
andavam adiante, com inteligência e com o carisma próprio da política. E sobre
isso, acredito que as polarizações não ajudam. O que ajuda na política, ao
contrário, é o diálogo".
Em
substância, o que o papa quis dizer, mas não teve coragem de fazê-lo, é que o clericalismo
não está em sintonia com os princípios sabiamente pregados pelo Mestre dos
mestres, que não pregava absolutamente nada que se referisse à riqueza senão do
amor, da fraternidade e da união entre os semelhantes.
Na
verdade, a Igreja Católica precisa de mais sinceridade para dizer, na pessoa do
Sumo Pontífice, exatamente que a sua evangelização se fundamenta nos princípios,
sobretudo, da pobreza de dinheiro e da soberba, em sintonia com os consagrados
pensamentos disseminados por Jesus Cristo, que em momento nenhum fazia menção à
riqueza de dinheiro na sua instituição, mas sim de bondade, caridade e amor.
Outra
questão que poderia ter sido abordada pelo papa diz respeito à ostentação na
Igreja Católica, desde a Catedral de São Pedro, no Vaticano, onde as cerimônias
são realizadas com muita pompa e deslumbramento, evidenciando a riqueza que não
deveria transparecer nos eventos normalmente realizados em nome do Pai do
cristianismo, que foi pródigo em propagar os sentimentos de simplicidade como
forma de engrandecimento do seu primado de amor.
Na
verdade, jamais Jesus Cristo certamente teria imaginado que as cerimônias na
sua igreja pudessem chegar a elevadíssimo grau de luxo, opulência e esplendor, contrariamente
aos ideais do cristianismo, que não condizem absolutamente com o status pretendido de simplicidade e de
despojamento das riquezas que não se coadunam com o verdadeiro pensamento cristão,
mesmo que a humanidade tenha passado por processo natural da modernidade e da
evolução, que tem sua importante para a humanidade, mas não tem o poder de modificar
o ensinamento central de Jesus Cristo, que se assenta tão somente nas práticas
condizentes com o princípio de humildade, que é a maior riqueza da igreja e que
jamais deveria se afastar dele.
Não
adianta ficar apenas criticando comportamentos e práticas na Igreja Católica, sem
que não haja verdadeira efetividade dos princípios idealizados por Jesus Cristo,
centrados nos princípios da caridade, pobreza, humildade e amor, que são
essenciais à sua reconstrução. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 27 de novembro de 2016
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