segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Defender a democracia?

Apoiadores do governo da Venezuela marcharam rumo ao palácio presidencial, em desafio à oposição, que acusa o presidente daquele país de descumprir os compromissos assumidos com o Vaticano, na mesa de negociações.
A concentração chavista foi liderada pelo próprio presidente e aconteceu exatamente no mesmo dia em que a oposição realizaria protesto contra o governo, mas a manifestação foi adiada, à espera de gestos recíprocos no diálogo iniciado com a mediação do Vaticano.
Um líder do partido da Mesa da Unidade Democrática (MUD) disse que “A oposição está cumprindo (o acordado), mas o governo possivelmente descumprirá a palavra dada ao Vaticano”.
Ao suspender o protesto no palácio presidencial e o processo contra o presidente venezuelano, por sua suposta responsabilidade na crise, a MUD concedeu trégua de dez dias ao governo para que ele dê mostras concretas a favor do diálogo, mas esse gesto foi rejeitado pelo chavista, por ter sido considerado o prazo como uma “ameaça”.
A propósito, um líder chavista disse: “Agora a MUD nos está dando 10 dias para que retifiquemos (…) Voltou a nos ameaçar. O chavismo seguirá unido, alerta, na rua”.
À toda evidência, a trégua intermediada pelo papa começou muito mal, quando o presidente venezuelano chamou de “terrorista” o partido de oposição Voluntad Popular (VP), somente porque o seu líder rejeitou o diálogo, por não acreditar na vontade do governo.
Outro líder oposicionista disse que, “Hoje o presidente está com o monsenhor prometendo coisas e depois de 24 horas está insultando e acusando de terrorista o VP. O importante é que o mundo veja que a dirigência opositora cumpre (o acordado) e merece dirigir o país”.
Ambas as partes se comprometeram a “diminuir o tom de agressividade da linguagem utilizada no debate político”, segundo o acordo que formalizou nas negociações.
A oposição afirma que “Estamos lá (na negociação) porque queremos uma solução eleitoral para a profunda crise produto das nefastas políticas do governo”, mas o chavismo assegura, no alto da sua prepotência, que não haverá eleições antecipadas, porque isso não está previsto na Constituição, o que contraria o princípio da negociação, que se concentra, por parte da oposição, exatamente na realização do referendo revogatório e, conforme o caso, de nova eleição, para a escolha de novo presidente do país, diante da acefalia administrativa ali imperante.
O líder da bancada do governo no Parlamento ressaltou que “Estamos mobilizados para defender a democracia, a revolução. Há uma ameaça permanente, por isso o povo não pode deixar de se mobilizar”.
A oposição pediu a liberdade dos “presos políticos” e cronograma eleitoral, assegurando a antecipação das eleições gerais – previstas para dezembro de 2018 – ou a reativação do referendo revogatório contra o presidente do país, que foi suspenso há duas semanas.
A oposição também considera que a mudança de governo é a única saída para a superação da crise que assola o país, potencializada pelo grave desabastecimento de alimentos e medicamentos, além da terrível inflação estimada pelo FMI em 475% para este ano.
          Na verdade, a Venezuela está mergulhada em verdadeira tragédia sem precedente da sua história, que afeta profundamente as áreas social, política, econômica e administrativa, o que realmente exige a mobilização do povo, para pôr fim ao seu martírio, permitindo que o abastecimento de gêneros de primeira necessidade e de medicamentos seja restabelecido, que a população possa usufruir os salutares sentimentos de liberdade de expressão e que os princípios democráticos e o respeito aos direitos humanos voltem à normalidade. 
Nunca a máxima segundo a qual "o povo tem o governo que merece" pôde ser tão bem aplicada como nesse lamentável caso da Venezuela, em que o governo, com suas infinitas incompetência, ineficiência e mediocridade, conseguiu destruir aquela nação, onde imperam a falência dos serviços públicos e o completo desabastecimento de gêneros de todas as necessidades, inclusive medicamentos, com a economia arrasada e o enfrentamento das piores crises, mas ainda assim tem um punhado de fanáticos e ingênuos que o apoia, alegando a defesa da democracia e do presidente eleito pelo povo, como se democracia se confundisse com incompetência, tirania e totalitarismo, em que as liberdades individuais são reprimidas sob a ameaça dos fuzis e das baionetas, em clara demonstração de força desmedida, que gera mais violência.
Trata-se de país que passa por processo de aceleradas desorganização e desestruturação e que perdeu a capacidade de voltar à normalidade com a continuidade do governo déspota, que não demonstra mínimas condições para conquistar a retomada da real governança, diante das enormes dificuldades impostas pelas profundas crises moral, social, política, econômica, administrativa, entre outras que contribuíram para travar por completo a governabilidade da nação, que ainda conta com pálido e frágil apoio de países bolivarianos, sem qualquer expressão política e econômica, por também serem obrigados a administrar crises e caos.
Os venezuelanos precisam se despertar da letargia imposta pelo governo decadente e medíocre, sob o prisma da governabilidade, de modo que a única salvação do país deva ser, sem a menor dúvida, o imediato afastamento dele e de todos seus asseclas, que são culpados pela derrocada da nação e pelos martírio e infortúnio de seu povo, que vem sendo privado de tudo, inclusive dos elementos essenciais à sua vida. Acorda, Brasil! 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 07 de novembro de 2016

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