Apoiadores do governo da Venezuela marcharam rumo
ao palácio presidencial, em desafio à oposição, que acusa o presidente daquele
país de descumprir os compromissos assumidos com o Vaticano, na mesa de
negociações.
A concentração chavista foi liderada pelo próprio
presidente e aconteceu exatamente no mesmo dia em que a oposição realizaria
protesto contra o governo, mas a manifestação foi adiada, à espera de gestos
recíprocos no diálogo iniciado com a mediação do Vaticano.
Um líder do partido da Mesa da Unidade Democrática
(MUD) disse que “A oposição está
cumprindo (o acordado), mas o governo
possivelmente descumprirá a palavra dada ao Vaticano”.
Ao suspender o protesto no palácio presidencial e o
processo contra o presidente venezuelano, por sua suposta responsabilidade na
crise, a MUD concedeu trégua de dez dias ao governo para que ele dê mostras concretas
a favor do diálogo, mas esse gesto foi rejeitado pelo chavista, por ter sido
considerado o prazo como uma “ameaça”.
A propósito, um líder chavista disse: “Agora a MUD nos está dando 10 dias para que
retifiquemos (…) Voltou a nos ameaçar. O chavismo seguirá unido, alerta, na rua”.
À toda evidência, a trégua intermediada pelo papa
começou muito mal, quando o presidente venezuelano chamou de “terrorista” o partido de oposição Voluntad
Popular (VP), somente porque o seu líder rejeitou o diálogo, por não acreditar
na vontade do governo.
Outro líder oposicionista disse que, “Hoje o presidente está com o monsenhor
prometendo coisas e depois de 24 horas está insultando e acusando de terrorista
o VP. O importante é que o mundo veja que a dirigência opositora cumpre (o
acordado) e merece dirigir o país”.
Ambas as partes se comprometeram a “diminuir o tom de agressividade da linguagem
utilizada no debate político”, segundo o acordo que formalizou nas
negociações.
A oposição afirma que “Estamos lá (na negociação) porque
queremos uma solução eleitoral para a profunda crise produto das nefastas
políticas do governo”, mas o chavismo assegura, no alto da sua prepotência,
que não haverá eleições antecipadas, porque isso não está previsto na
Constituição, o que contraria o princípio da negociação, que se concentra, por
parte da oposição, exatamente na realização do referendo revogatório e,
conforme o caso, de nova eleição, para a escolha de novo presidente do país,
diante da acefalia administrativa ali imperante.
O líder da bancada do governo no Parlamento
ressaltou que “Estamos mobilizados para
defender a democracia, a revolução. Há uma ameaça permanente, por isso o povo
não pode deixar de se mobilizar”.
A oposição pediu a liberdade dos “presos políticos” e cronograma
eleitoral, assegurando a antecipação das eleições gerais – previstas para
dezembro de 2018 – ou a reativação do referendo revogatório contra o presidente
do país, que foi suspenso há duas semanas.
A oposição também considera que a mudança de
governo é a única saída para a superação da crise que assola o país, potencializada
pelo grave desabastecimento de alimentos e medicamentos, além da terrível
inflação estimada pelo FMI em 475% para este ano.
Na
verdade, a Venezuela está mergulhada em verdadeira tragédia sem precedente da
sua história, que afeta profundamente as áreas social, política, econômica e
administrativa, o que realmente exige a mobilização do povo, para pôr fim ao
seu martírio, permitindo que o abastecimento de gêneros de primeira necessidade
e de medicamentos seja restabelecido, que a população possa usufruir os
salutares sentimentos de liberdade de expressão e que os princípios
democráticos e o respeito aos direitos humanos voltem à normalidade.
Nunca
a máxima segundo a qual "o povo tem o governo que merece" pôde ser
tão bem aplicada como nesse lamentável caso da Venezuela, em que o governo, com
suas infinitas incompetência, ineficiência e mediocridade, conseguiu destruir
aquela nação, onde imperam a falência dos serviços públicos e o completo
desabastecimento de gêneros de todas as necessidades, inclusive medicamentos,
com a economia arrasada e o enfrentamento das piores crises, mas ainda assim tem
um punhado de fanáticos e ingênuos que o apoia, alegando a defesa da democracia
e do presidente eleito pelo povo, como se democracia se confundisse com
incompetência, tirania e totalitarismo, em que as liberdades individuais são
reprimidas sob a ameaça dos fuzis e das baionetas, em clara demonstração de
força desmedida, que gera mais violência.
Trata-se
de país que passa por processo de aceleradas desorganização e desestruturação e
que perdeu a capacidade de voltar à normalidade com a continuidade do governo
déspota, que não demonstra mínimas condições para conquistar a retomada da real
governança, diante das enormes dificuldades impostas pelas profundas crises
moral, social, política, econômica, administrativa, entre outras que
contribuíram para travar por completo a governabilidade da nação, que ainda
conta com pálido e frágil apoio de países bolivarianos, sem qualquer expressão
política e econômica, por também serem obrigados a administrar crises e caos.
Os
venezuelanos precisam se despertar da letargia imposta pelo governo decadente e
medíocre, sob o prisma da governabilidade, de modo que a única salvação do país
deva ser, sem a menor dúvida, o imediato afastamento dele e de todos seus
asseclas, que são culpados pela derrocada da nação e pelos martírio e
infortúnio de seu povo, que vem sendo privado de tudo, inclusive dos elementos
essenciais à sua vida. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 07 de novembro de 2016
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