domingo, 13 de novembro de 2016

Reformas gerais da educação

Conforme pesquisa realizada pelo Ibope, encomendada pelo Ministério da Educação, 72% dos brasileiros são favoráveis à reforma no ensino médio, o que implica se avaliar, em princípio, que isso respalda a medida adotada pelo governo federal, nos termos da Medida Provisória nº 746, que prevê novo modelo para o ensino médio, cujo texto se encontra em tramitação no Congresso Nacional. 
Por sua vez, a pesquisa mostra que 24% das pessoas ouvidas são contra a reforma, 3% não sabem e 1% não respondeu.
Basicamente, o Ibope fez a seguinte pergunta: “O senhor é a favor ou contra a reformulação do ensino médio que, em linhas gerais, propõe ampliação do número de escolas de ensino médio em tempo integral, permite que o aluno escolha entre o ensino regular e o profissionalizante, define as matérias que são obrigatórias, entre outras ações?”.
O resultado da pesquisa evidencia que a maior aprovação foi contabilizada entre os entrevistados com 55 anos ou mais (78%) e a maior rejeição entre aqueles com 16 a 24 anos (35%), no universo de 1,2 mil pessoas ouvidas entre os dias 30 de outubro e 6 de novembro.
O instituto também fez perguntas sobre as alterações previstas pela medida para o ensino médio, sendo que, com relação à ampliação do número de escolas com tempo integral, 85% responderam que são favoráveis e 14% disseram que são contra à medida.
No que diz respeito à ampliação da jornada do ensino médio para 1,4 mil horas, com a garantia do tempo integral, 56% são favoráveis, 39% contrários, 4% não sabem e 2% não responderam. A maior porcentagem de reprovação está entre os entrevistados com ensino fundamental completo (46%), seguido pelos jovens de 16 a 24 anos (44%). 
No quesito que se refere às escolas terem a liberdade para organizar as áreas de conhecimento, competências e habilidades, 77% são favoráveis à medida, 19% são contra, 3% não sabem e 1% não respondeu.
Acerca da permissão para que os estudantes possam escolher as matérias que desejam cursar e ainda optar pelo ensino técnico, 70% disseram que são favoráveis à medida, 28% são contra, 2% não sabem e 1% não respondeu. Também neste item, a maior rejeição (na avaliação por idade) é entre aqueles com 16 a 24 anos, com 33%. Neste grupo, 66% aprovam a medida.
Para a maioria dos entrevistados, a educação brasileira está regular (37%), ruim (20%) ou péssima (34%). Somente 1% avaliou o ensino brasileiro como ótimo e 8% como bom, o que reflete a dura e irretocável realidade de que, nesse quesito, impera a precariedade e a má qualidade da educação, que conspira contra a grandeza econômica do Brasil, a evidenciar que não pode continuar havendo investimentos em ensino com pouquíssimo aproveitamento, em clara demonstração de desperdício de dinheiro público.
É evidente que a reforma do ensino médio é duramente criticada por estudantes que participam das ocupações de escolas no país, que integram entidades com ideologias contrárias às ações governamentais e que são oriundas do governo afastado que jamais se preocupou em sequer esboçar reforma de coisa alguma, quanto mais da educação, porque o seu princípio administrativo era exatamente não reformar absolutamente nada, mantendo o status quo, como forma de não modernizar nada, para que o obsoletismo imperasse como ingrediente necessário ao subdesenvolvimento socioeconômico, conforme mostram os indicadores sociais e econômicos.
Os argumentos dos alunos são de que a reforma do ensino precisa ser objeto de discussão e de debate amplamente com a sociedade, antes da sua implantação por meio de Medida Provisória, com o que o governo contra-argumenta no sentido de que o lançamento proposta pretende acelerar a reformulação da etapa de ensino que concentra mais reprovações e abandono de estudantes, ou seja, a intenção do governo é tornar o ensino mais interessante e atrativo na vida estudantil. 
É evidente que a reforma do ensino iniciada pelo governo não agrada à sociedade, por apenas transparecer que ela tem a simbologia de atitude desesperada de parte do governo que nunca conseguiu mudar nada, em que pese o gritante distanciamento do ensino atrasado e ultrapassado com a realidade, a modernidade, onde é visível o desperdício de recursos humanos, materiais e financeiros, com aproveitamento pífio, como mostram os resultados de avaliações, em que o Brasil somente consegue figurar no medíocre patamar de países subdesenvolvidos, evidenciado a urgência das reformas da educação.
Agora, essas reformas não podem circunscrever somente ao ensino médio, porque a mediocridade generalizada da educação exige que a reformulação seja abrangente e profunda, sob pena de o país continuar patinando no mar da ignorância e do atraso, com volumosos investimentos e aproveitamentos ridículos e injustificáveis, que somente contribuem para emperrar o desenvolvimento do país.
Urge que as autoridades públicas incumbidas da educação se conscientizem de que as reformas no ensino precisam ser gerais e profundas, de modo que a sociedade tenha a primazia de se manifestar, em harmonia com o princípio democrático, para o aperfeiçoamento e a modernização da principal política de formação dos brasileiros, que não podem permitir que o ensino público seja tratado como coxa de retalhos, sendo cuidado aqui e ali, porque o sistema exige tratamento isonômico, de modo que as reformas sejam generalizadas e possam atender aos anseios da população, permitindo que as pesquisas reflitam não somente os conceitos de modernidade e de eficiência, mas também a vontade da maioria absoluta dos brasileiros. Acorda, Brasil! 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 13 de novembro de 2016

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