terça-feira, 15 de novembro de 2016

À espera de novo padrão

Certa feita, um ex-ministro petista, ao se afastar do governo, afirmou, com o peito estufado, que a gestão petista não é formada por "ladrões" e que "os que cometeram erros foram devidamente punidos. A imensa maioria dos nossos companheiros, ministros e assessores trabalha aqui por amor, para servir. Nós não somos ladrões...".
O ex-ministro afirmou ainda que estava voltando para sua casa sem "levar desaforo" e que os petistas que erraram pagaram pelo erro, numa referência indireta aos presos no mensalão, tendo a certeza de que "Cada um dos companheiros que cometeu erro foi punido e pagou um preço. Isso espero que se torne o novo padrão, republicano, seja quem esteja no governo”.
Na ocasião, em referência à citação de um senador tucano, que teria dito que perdeu a eleição para uma “organização criminosa”, associando o PT a uma quadrilha, o ex-ministro disse que, "Para aqueles que disseram que ganhamos (a reeleição de Dilma) como quadrilha, quero dizer que essa é nossa quadrilha, porque para eles pobre é uma quadrilha. Para alguém que disse que perdeu as eleições para uma quadrilha, essa é a nossa quadrilha, a dos pobres".
O petista afirmou que o PT se mantém fiel à realização de "mudanças das condições de desigualdade do país. É por conta dessa gente (os mais pobres) que ganhamos as eleições. É por conta desse tipo de mudança (social) que ganhamos as eleições".
O ex-ministro também elogiou o "uso do aparelho do Estado" pelo PT, desde o ano de 2003, garantindo políticas sociais, tendo afirmado que "Nosso governo conseguiu fazer o essencial que é fazer a mudança fundamental da lógica de uso do aparelho do Estado. O sentimento que tenho nesse momento é de profunda gratidão, de profunda 'gracias a la vida' (em referência à música da chilena Violeta Parra). É uma gratidão naturalmente enorme ao nosso companheiro Lula".
O petista diz que volta para casa sem levar desaforo, o que é muito bom e natural para as pessoas civilizadas, que não devem ficar caladas quando são ofendidas por alguma acusação, principalmente quando elas têm inteira razão, mas parece que o ex-ministro pode ter incorrido redondamente em erro, à vista das revelações feitas pela Polícia Federal, pelo Ministério Público e pela Justiça Federal, que já afirmaram que o PT é realmente partido de criminosos, inclusive apontado o ex-presidente como o chefão de todo esquema criminoso, que já foi enquadrado nos crimes de organização criminosa, tráfico de influência, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.   
Agora, a generalização não parece ser a atitude mais adequada, no caso em foco, quando o petista afirma que, como se o clamoroso escândalo da Petrobras já tivesse sido devido e definitivamente esclarecido, com a apuração das responsabilidades e a imputação de valores a serem ressarcidos aos cofres da estatal, uma vez que muitos companheiros ainda poderão ser incluídos no rol dos envolvidos no esquema criminoso.
Caberia ao petista apontar aqueles que roubaram os cofres da estatal e são muitos, principalmente integrantes do partido dele, sendo que muitos já foram presos e outros tantos podem infestar os recintos prisionais do país, que não comportam mais guardar tantos ladrões de colarinho branco, também de outros partidos.
Os fatos mostram que o ex-ministro se enganou redondamente, quando teria dito que seu partido não era formado por ladrões, porque a afirmação dele contraria as investigações da Operação Lava-Jato, que a põem por terra, uma vez que muitos companheiros já foram presos, a exemplo de três ex-tesoureiros e outros figurões, inclusive um ex-ministro da fazenda, com grande possibilidade de um ex-presidente vir a ser trancafiado, por envolvimento em corrupção, já tendo sido qualificado como réu pela Justiça, como sendo o comandante da quadrilha, da organização criminosa, que o petista refutava como inexiste, mas ela existe na opinião do Ministério Público.
Embora o ex-ministro tenha se gabado garantindo que "Não somos ladrões", o ex-diretor de Abastecimentos da Petrobras tem versão diferente, por ter afirmado que o ex-tesoureiro do partido dele, que se encontra preso, exigia o pagamento de propina, obviamente ilegal, de 3% dos contratos da estatal para os cofres do partido, tendo por finalidade o financiamento das campanhas eleitorais milionárias e possivelmente outros arranjos espúrios.
 Os fatos mostram que realmente há configuração de clara roubalheira de recursos públicos, por meio dos esquemas criminosos perpetrados pelo petrolão, e quem assim procede se enquadra na definição de ladrão, nos termos da legislação penal, estando também caracterizada a prática de atos ilegítimos, diante da apropriação indébita de dinheiro público, em claro detrimento dos interesses nacionais e afronta aos princípios da honestidade, moralidade e dignidade, entre outros, que são exigidos nas atividades político-administrativas. Acorda, Brasil! 
   ANTONIO ADALMIR FERNANDES
          Brasília, em 15 de novembro de 2016

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