Encontra-se
em tramitação no Congresso Nacional Proposta de Emenda à Constituição (PEC),
versando sob a redução do número de parlamentares, que aguarda parecer quanto à
sua constitucionalidade na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal.
A
aludida PEC prevê a redução da quantidade de cadeiras da Câmara dos Deputados,
de 513 para 385, equivalendo o enxugamento de 25% no total de deputados,
enquanto no Senado a proposta é da redução de um terço dos senadores, passando
de 81 vagas - três por unidade da federação - para 54 - dois para cada estado e
o Distrito Federal.
A
proposta em tela pretende que a mudança do número de deputados da Câmara entre
em vigor já na eleição de 2018, enquanto para os senadores, a aplicação da
redução passa para a valer a partir da eleição de 2022, sob o argumento de
que, em 2014, houve renovação de um terço das cadeiras do Senado, e cada um dos
eleitos tem mandato de oito anos, que se estenderá até em 2022.
O
relator da PEC em causa disse que "Vou
tentar apresentar o relatório nesta quarta-feira. Vou pedir ao presidente da
comissão para fazer a leitura".
Conforme
a praxe do Senado, o texto terá de ser votado pelos integrantes da CCJ, após a
sua apresentação pelo relator. Por se tratar de emenda à Constituição, se
aprovada na comissão, a PEC ainda terá de ser submetida a duas votações no
plenário da Câmara Alta e outras duas no da Câmara.
Nesse
caso, para alterar a Constituição, a PEC precisa ter apoio de pelo menos três
quintos dos parlamentares, ou seja, 49 dos 81 senadores e 308 dos 513 deputados,
em cada um dos dois turnos de votação.
O
relator da PEC em discussão disse que a redução do número de deputados e
senadores se ajusta à proposta pelo governo federal de também se alterar a
Constituição Federal, em tramitação no Congresso, para estabelecer teto para os
gastos públicos, com vigência nos próximos vinte anos, em resposta à grave
crise econômica que afeta o país.
Ele
ressaltou que "Essa (redução do
número de parlamentares) é a mais
importante reforma política. Enquanto se fala em redução de despesas, em teto
de gastos públicos, a maior redução que precisava ter é a dos custos do
Legislativo.
O
relator da PEC em questão se mostra bastante pessimista, por entender que há verdadeiro
espírito corporativista no seio dos congressistas que pode inviabilizar a
aprovação da matéria, mas mesmo assim ele acredita que isso pode mudar se
houver pressão popular, de modo a estimular a atenção dos deputados e senadores
para a aprovação de proposta bastante interessante.
Como
foi visto, no Brasil, há 513 deputados federais e 81 senadores, em comparação
com os Estados Unidos da América, na mesma ordem, com 435 e 100; a França, com
577 e 348; o Canadá, com 338 e 105; e a Argentina, com 257 e 72, cujos países
têm atribuições legislativas compatíveis com as do Brasil.
Não
há a menor dúvida de que a redução da quantidade de parlamentares já se impõe
há bastante tempo, como medida imperiosa para contribuir, em especial, para a
eficiência do Parlamento e economicidade dos gastos públicos, que deve ser
contemplada com a significativa eliminação de injustificáveis regalias, a
exemplo dos gastos de gabinete, representação, ajudas de custo etc.
As
referidas racionalizações precisam ser acompanhadas da expressiva redução da
quantidade de servidores dos gabinetes dos parlamentares, dos gastos com
combustíveis, correios, veículos oficiais, apartamentos funcionais, entre
muitas benesses absolutamente injustificáveis, diante da crise econômica, que
exige sacrifício por parte dos representantes do povo, que merece ser
recompensado com a prestação de serviços públicos de qualidade, caso houvesse
austeridade nos gastos com os parlamentares.
Como
a atividade parlamentar se tornou profissão e altamente rentável, ante a insuperável
série de regalias, benefícios, vantagens, ajuda de custo e outras benesses, sem
que ninguém tenha interesse em defender a moralização dessa indecência, aliada
ao fragoroso corporativismo existente nas duas casas do Congresso, fica quase
impossível a aprovação de matéria tão importante como a racionalização das
atividades parlamentares, incluída a redução da quantidade das suas cadeiras.
Nessa
mesma linha, é evidente que os congressistas nutrem enorme preocupação com a
sua reeleição, diante, repita-se, das injustificáveis benesses e do charme do poder,
fatos que contribuem para dificultar a concordância deles com a diminuição do
número de vagas, porque isso implicaria na maior dificuldade da reeleição para
ambas casas legislativas, à vista da maior concorrência para menos vagas.
É
evidente que a redução de vagas no Parlamento não vai ser objeto de muito
interesse por parte dos congressistas, mas se dependesse do povo esse assunto
teria enorme aceitação, justamente pelas vantagens propiciadas com a redução do
desperdício de gastos públicos, conforme mostra a abusividade e a liberalidade
na aplicação de recursos públicos nos Parlamentos, onde é indiscutível a farra
com dinheiro do contribuinte.
Uma
proposta maravilhosa como essa dificilmente será aprovada, em se tratando que
ela tem o apoio à unanimidade da população, que não vislumbra o menor amadurecimento
da mentalidade política dos congressistas, uma vez que muitos trabalham para
que imperem sempre o obsoletismo e os costumes ineficientes e ultrapassados,
como forma de facilitação da exploração do poder por parte daqueles que se
profissionalizaram na política.
Quando
surge uma medida com a excelência da finalidade como essa, que tem a intenção
de aprimorar e qualificar a escolha de homens públicos, com a índole de
realmente trabalhar em prol do interesse público, chega-se a nem acreditar que
isso possa ser real, haja vista que o enxugamento da máquina pública é condição
essencial para a eficiência da prestação dos serviços públicos, cuja medida tem
ainda o condão de contribuir para a contenção de despesas, quando a austeridade
é fundamental para a minimização da crise econômica. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 29 de novembro de 2016
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