terça-feira, 29 de novembro de 2016

A sanha da mediocridade

Como sempre acontece nos países sob o regime ditatorial, os cubanos estão sendo obrigados a prestar homenagem ao tirano-mor por nove dias de luto, que é o tempo que o povo tem para se despedir dele.
Como de praxe em tudo que acontece na ilha, o governo cubano impôs os rituais e as medidas sobre como fazê-lo, ficando a população na obrigação de segui-los rigorosamente, sob pena de sanções sempre desproporcionais aos fatos.
Para tanto, pasmem, houve a proibição de se ouvir música em volume alto, de bares e restaurantes apresentarem música ao vivo e da apresentação do concerto de Plácido Domingo.
Nas ruas, a proibição sonora tem a fiscalização da polícia, que não deixa passar nada, como no caso da proibição feita a um garoto, que teve que seguir a orientação de tirar os fones dos ouvidos, e dos Comitês de Defesa da Revolução (CDRs), que se encarregam de espionar, dedar e punir os vizinhos que infringirem as indecentes e insensatas regras de conduto.
Os membros dos CDRs foram avisados de que devem abordar a casa de quem estiver ouvindo som alto e pedir para desligar o aparelho, em razão do barulho incomodador. Eles também estão nas ruas para impedir que pessoas andem expondo bebida alcoólica na mão. Só há liberação para se beber cerveja ou vinho, desde que seja dentro de casa, sob silêncio.
Nos locais destinados aos turistas, foram cancelados os shows de música, sem que ficassem proibidas as bebidas, diante da sua impossibilidade. Fala-se que ninguém se contenta com um único mojito, que é a bebida da preferência dos cubanos.
Os únicos canais de televisão do país, cinco ao todo, só transmitem a mesma programação em rede nacional, tendo sido suspensos os programas culturais e as novelas, inclusive as brasileiras, que são adoradas na ilha, e privilegiados os programas com convidados, que ficam debatendo eternamente a extrema importância do ditador desaparecido.
As rádios substituíram as canções de reggaeton, ritmo malicioso amado pelos cubanos, por músicas clássicas.
Os jornais estatais só estão sendo impressos em preto e branco, que perderam as características dos coloridos do Granma, na cor laranja, e do Juventud Rebelde, na cor azul, ficando desfigurada a atração dos cubanos, que usam o jornal como papel higiênico, mas isso dá a verdadeira dimensão do que seja a imposição do luto oficial em homenagem a um prepotente ditador.
À toda evidência, o luto oficial imposto aos cubanos é de gigantesca e incomparável mediocridade, à vista dos absurdos rigores das proibições, a mostrarem o nível rasteiro de um país que se distanciou da realidade mundial, custando acreditar que ainda tem governo que adota regime com mentalidade absurdamente rasteira, atrasada e desprezível, em completa dissonância com os avanços dos conhecimentos da humanidade.
Não há a menor dúvida de que as restrições impostas à população até parece coisas do mundo inexistente, onde as pessoas demonstram sequer terem cérebros, ante a maneira esdrúxula de controlar os sentimentos das pessoas, dando a entender que todos são débeis mentais e alienados que não fazem questão de perceber o tamanho da imbecilidade em haver proibição para tudo sem a menor importância, ressalvada ainda apenas a faculdade da livre respiração pessoal, ante a impossibilidade material de haver controle sobre o ar, certamente por ele ser riqueza natural invisível e inodora.
Todos já sabiam que Cuba passa por terríveis dificuldades de natureza diversa, como moral, política, econômica, administrativa e democrática, mas jamais se poderia imaginar que o governo ditatorial fosse tão pequeno e incompetente, em razão de chegar ao ponto de restringir que as pessoas ouçam músicas até por meio de fone de ouvido, possivelmente para não perturbar o sono profundo do tirano morto, fato que demonstra estrondosa mediocridade e brutal intolerância com os seres humanos, que são tratados em ambiente de visíveis e absolutas irracionalidade e incivilidade, totalmente inacreditáveis para os padrões minimamente aceitáveis para o ser humano. Acorda, Brasil! 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 29 de novembro de 2016

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