Na
semana passada, a ex-presidente da República petista solicitou ao governo
federal o cartão-combustível, sob a alegação de que os ex-presidentes do país
têm direito à vantagem em apreço.
Trata-se
da cota correspondente ao valor de R$ 3 mil mensais que já são concedidos aos
dois presidentes anteriores a ela, embora, sob a ótica da legalidade, não se
vislumbre amparo plausível para a esdrúxula concessão desse benefício.
À
toda evidência, é caso de puras insensibilidade e insensatez demonstradas por
ex-presidentes que, entre outras regalias, ainda reivindicam benefício de
sensível exorbitância, eis que o valor do cartão-combustível supera a suficiência
para a aquisição de mais de 800 litros de gasolina, quando, por mais que haja
consumo, jamais qualquer um ex-presidente conseguiria atingir um terço do valor
autorizado.
Não
é de se surpreender que os demais ex-presidentes solicitem o benefício em tela,
mas é muito estranho que o ex-presidente tucano seja integrante dessa abominável
mamata, em se tratando que todos têm suas aposentadorias e, convenhamos,
ninguém usa os veículos em benefício do interesse público, mas sim em
finalidade pessoal.
A
aceitação do cartão-combustível pelos ex-presidente somente contribui para
demonstrar a pequenez daqueles que embolsam a “bolsa gasolina”, porque, além de
não ser justo, certamente o valor corresponde excede às necessidades mensais de
consumo e pode significar abuso de autoridade e até mesmo de apropriação
indébita, ante a inadequação entre o consumo de combustível e o valor repassado
aos beneficiários.
Três
mil reais, por mês, compra mais de 800 litros de gasolina, o que revela a
tremenda falta de critério para a concessão de vantagem para quem nada produz
em benefício do interesse público.
Enquanto
os ex-presidente estiveram no exercício do cargo, eles foram regiamente
remunerados, com os vencimentos e as mordomias próprias dos Palácios do
Planalto e da Alvorada, não sendo justo que eles continuem percebendo qualquer
vantagem ou benefício, ante a grave crise econômica do país.
Depois
da saída dos presidentes do cargo, não há motivo algum que possa justificar
qualquer benefício para eles, porque nada serve de parâmetro para justificar e
corresponder ao generoso bônus propiciado para eles, eis que eles não exercem mais
qualquer função pública.
Com
certeza, nos países sérios, civilizados e desenvolvidos econômico e
democraticamente, além de não existir norma assegurando vantagem com tamanha
extravagância orçamentária, os homens públicos têm sensatez e dignidade de não
demandar ação para se obter algo indecente e indevido, como o famigerado cartão-combustível.
Essa
farra com dinheiro público precisa ser urgentemente revista, em consonância com
a grave crise econômica por que passa o país, cuja reparação dos estragos não
pode ser atribuída somente aos já sobrecarregados contribuintes, que ainda são
obrigados a arcar com gastos abusivos e absurdos, como as eternas mordomias de
ex-presidentes, os quais certamente inexistem nas republiquetas, em especial
porque nada justifica tamanha generosidade, ainda em pleno século XXI, com
recursos públicos.
Urge
que o governo federal se conscientize sobre a necessidade de serem revistos os
dispêndios indevidos e injustificáveis, por que não atendem ao interesse
público, na linha do desperdício como o consignado com o cartão-combustível e
outros assemelhados a ele, como forma de contribuir para a contenção e a
austeridade indispensáveis neste tão grave momento de crise econômica, em que o
sacrifício precisa ser compartilhado, de forma isonômica, com os brasileiros. Acorda,
Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 17 de novembro de 2016
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