O
ditador mais longevo da América Latina pode ser considerado apenas tirano
sanguinário, por ter comandado seu país com mão de ferro e praticado muitas
atrocidades, não podendo ser merecedor de outro tratamento diferente disso,
porque os acontecimentos precisam guardar fidelidade à realidade.
Qualquer
outra tipificação de personagem atribuída a ele, como homem emblemático, polêmico,
controverso ou outro adjetivo que o valha não seria capaz de modificar a
classificação de ditador implacável, desumano e sanguinário.
Veja-se
que, há registro no seu governo, por baixo, evidentemente com base em
informações oficiais, da execução de 7.062 pessoas, sendo 3.116 fuzilamentos pelo
pelotão do pejorativo famoso “el paredon”, 1.166 assassinatos extrajudiciais e
1.010 mortes em tentativas de fuga da ilha, afora as prisões arbitrárias e perpétuas
e as penas de exílio.
É
evidente que as informações de entidades de defesa dos direitos humanos
contabilizam, no mínimo, 15 mil assassinados pelo regime comunista cubano, fato
que chega a ser alarmante, por se tratar de pequena ilha com pouca população,
que foi simplesmente massacrada pelo regime brutal imposto pelo mais expressivo
ditador da América Latina.
Afora
a impiedosa matança e os maus-tratos, a ditadura cubana impôs rígida censura à
imprensa, implacável perseguição aos homossexuais e aos balseiros, tortura e
crueldade aos aprisionados, proibição de comunicação com o mundo, empobrecimento
da população, que foi obrigada ao trabalho escravo, tudo em completo desrespeito
aos direitos humanos, que simplesmente foram eliminados na ilha, prevalecendo
apenas a tirania e os abusos contra a cidadania.
Diante
de tanta adversidade aos princípios humanitários, que não deixa a menor dúvida
sobre a marcante crueldade do regime comunista cubano, é bastante estranho que
haja tanto deslumbramento enaltecendo a figura de quem não passa de ditador e
tirano da extrema personificação do termo, sendo que muitas truculências foram
recompensadas e relativizadas pelo que a tirania passa ter feito em prol da
educação e da saúde, até mesmo de pouca qualidade, em detrimento de tudo o mais
que seria muito mais importante se a população tivesse o mínimo de dignidade,
com o usufruto da liberdade individual, dos direitos humanos, do exercício da
democracia, sem as absurdas restrições impostas pelo terrível ferrolho do
regime totalitário.
Causa
enorme espanto ao se perceber que os alardeados paparicos ao ditador,
enaltecendo qualidades inexistentes nele, partem de pessoas consideradas
notáveis, como mandatários, ex-presidentes, diplomatas, ministros, escritores,
astros do mundo artístico, professores universitários, com a rara exceção do contestado
(por alguns) presidente eleito dos Estados Unidos da América, que simplesmente
disse que morreu um ditador que causou muito martírio ao povo de Cuba.
Na
realidade, Cuba é o retrato fiel de um país completamente destruído, em todos
os sentidos, principalmente em termos econômicos e sociais, onde nada funciona
senão em total precariedade e obsolescência, fruto da administração
totalitária, em dissonância com os princípios civilizatório, humanitário e
democrático, fazendo com que o país se distanciasse da dinâmica da vida,
propiciada pelos avanços e conquistas dos conhecimentos científico e
tecnológico.
Não
seria estrondoso paradoxo o país priorizar somente saúde e educação, em
completa precariedade, em relação às nações civilizadas, enquanto o resto das
políticas públicas se arrasta no maior ostracismo, além da completa privação da
essencialidade à vida saudável, no que diz respeito à falta da liberdade
individual e dos direitos humanos, bem assim do pleno exercício do dom magistral
da democracia, ante à segregação social imposta pelo regime truculento do
comunismo.
Que
país é esse onde se venera um herói, por ter destruído os sentimentos de
cidadania e de humanismo e tirado do homem a liberdade de pensamento, expressão
e liberdade, quando o mundo se encontra em outra dimensão de modernidade e de
conquistas sociais, enquanto a situação do povo da ilha se encontra estagnada
ainda no tempo do meado do século passado, engatinhando como seres humanos distanciados
ano-luz da realidade mundial?
Como
é que dito herói consegue destruir gerações, em nome de revolução retrógrada,
desumana e contrária aos princípios de civilidade, evolução e modernidade,
atrelada a pensamento socialista fundado na igualdade que somente nivela a
população por baixo, na mesma miserabilidade e nas mesmas condições de
sofrimento e de subdesenvolvimento, enquanto a classe dominante se mantém no
topo da opulência e no usufruto das benesses do poder?
Convém
que as lideranças, os políticos, os intelectuais, os clérigos, os artistas e demais
autoridades mundiais aproveitem a morte tardia do déspota ditador cubano para
refletir sobre a situação de crueldade e precariedade imposta à população de
Cuba, com vistas a propugnar por que o governante daquele país reveja as
maldades pela privação dos direitos humanos e das liberdades individuais e
democráticas, de modo que o povo da ilha possa urgentemente conquista o
usufruto da dignidade de direito ao ser humano. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 30 de novembro de 2016
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