Por força da hecatombe que liquidou seu partido, o ex-presidente da
República petista, além de ter ficado sem norte, não tem ideia do que falar
sobre o tsunami que foi capaz de destruir as estruturas de quem se imaginava absolutamente
intocável e indestrutível.
O petista disse que a negação da política é quando
ela fica nas mãos da elite, em tom de reclamação sobre os votos nulos, os votos
em branco e das abstinências, que seriam práticas adotadas por aqueles que
estão demonstrando repúdio à política convencional.
Causa espécie que as críticas aos que negaram a
democracia partem exatamente de quem, juntamente com a sua pupila, a
ex-presidente, disse não à reafirmação da política, uma vez que o petista se
recusou a votar no segundo turno.
Na verdade, as abstenções, na última votação, de
ambos petistas, por constituírem a nata do partido, contribuíram para selar a
ruína do PT e ainda tem o simbolismo da contradição e da incoerência ínsitas de
suas personalidades, que se destacaram por seus atos e suas palavras e sempre
agiram em defesa de seus interesses e suas conveniências, visando à absoluta
dominação das classes política e social e a perenidade no poder, em sintonia
com seus únicos projetos políticos.
Com certeza, a pregação política de ambos sempre
foi a negação dos salutares princípios idealizados para a satisfação do
interesse público, à vista da derrocada do seu partido, que colhe exatamente os
frutos da incompetência e da ineficiência na administração do país, tão bem
assimiladas pelos brasileiros, que deixaram muito claro, nas urnas, que a
decrepitude política, com suas táticas maquiavélicas, já se exauriu, de modo
que a tendência de mudança já chega tarde demais, ante a ruína deixada pelo
governo que foi afastado em razão dos rombos causados às contas públicas,
adjutorados pelo abominável crime de responsabilidade fiscal, em afronta a
ditame constitucional.
Na realidade, o petista tem comportamento claramente
duvidoso e autoritário, por disseminar ideologias enganosas e princípios que são
os mais puros e corretos, evidentemente na visão e no pensamento exclusivamente
dele, chegando ao ponto de se reconhecer que ele é o homem mais honesto do
planeta, somente perdendo para Jesus Cristo, embora o resultado dos fatos
apurados pela Operação Lava-Jato o tem como pessoa altamente perigosa, quando
já foi enquadrado nos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, tráfico
de influência e organização criminosa, cuja denúncia foi aceita pela Justiça,
que certamente não a receberia se os elementos de convicção não preenchessem os
requisitos legais exigidos para os casos de infringência da legislação penal.
Tem sido emblemática a participação do petista na
sociedade, por se dizer pessoa que se identifica com os pobres e os entende como
ninguém as suas vicissitudes, mas é indiscutível que ele se comporta como se
estivesse acima ou ao largo das regras de boa conduta, que são aplicáveis aos
demais pobres mortais.
Tempos atrás, ameaçado de ser preso, por força das
investigações da Operação Lava-Jato, o petista removeu montanhas até ser nomeado
ministro da sua afilhada política, mas o Supremo Tribunal Federal barrou a
operação maquiavélica, esquecendo ele que, alhures, quando defendia o principal
da moralidade, nos idos de 1988, teria dito, em tom premonitório, que “rico não vai pra cadeia, vira ministro”.
Não obstante, as contradições do ex-presidente já
estão constituindo o alicerce da incredibilidade contra suas manifestações, a
exemplo da tentativa em vão de ocultar a sua ausência nas urnas, preferindo pregar
a sua oratória regimental diante de alunos de uma universidade, nestes termos:
“Nós temos que aprender que cada vez
mais, ao invés de a gente negar a política, a gente tem que fazer política,
porque a desgraça de quem não gosta de política é que é governado por quem
gosta”, dando a entender que se tratava de discurso de fervoroso defensor
dos princípios e ensinamentos democráticos.
Nesse caso, a incoerência do petista é inegável e
flagrante, por ter acabado de ressaltar a necessidade do voto, quando ele
própria se recusara a dar o seu, ficando evidente a velha máxima que diz “faça o que digo, mas não faça o que faço”,
como se as suas falhas não fossem notadas e também não servissem de péssimo
exemplo.
Ainda no primeiro turno das eleições municipais, no
alto da prepotência petista, ele teria afirmado que o PT causaria surpresa à
nação e, em tom de provocação aos paulistas, ele pontificou: “Se o povo de São Paulo tiver a inteligência
que pensa que tem, ele não tem outra coisa a fazer que não seja votar no Haddad”.
Ele não só menosprezou a inteligência dos eleitores
de São Paulo, como foi obrigado a digeriu a pior derrota do partido, que foi
reprovado nas urnas.
Diante do resultado das urnas, o tombo foi
desastroso, quando o seu candidato levou tremenda surra, que não surpreendeu
ninguém e provocou a ira do petista, porque o saldo dos votos o tirou do plumo,
pela clara rejeição ao seu partido, que foi bastante castigado com a
indiscutível pregação do seu afastamento da administração do país, incluídas das
prefeituras.
O episódio deixou a certeza de que o petista
somente fica feliz e gosta mesmo do resultado que favorece seus propósitos,
mas, ao contrário disso, ele classifica, sob veemente protesto, os fatos como
mera sabotagem, por não atender às suas conveniências políticas.
Também é notório que os passos dados pelo
ex-presidente sempre se circunscrevem ao limite do seu controle, que é
valorizado ao extremo e somente perde intensidade quando é ameaçado, a exemplo
do impeachment da sua pupila, que foi abandonada à própria sorte.
Na atualidade, os correligionários do petista
acenam em debandada, em claro afastamento daquele que já foi o maior líder de
todos os tempos, mas os novos tempos sinalizam que os fatos deploráveis
apontados pelas investigações da Operação Lava-Jato causaram a pior impressão
de homem público na iminência de ser trancafiado por tempo indeterminado, ante
os crimes anunciados pela Justiça, que realmente recomendam o afastamento
daquele que pode ter sido o chefe da organização criminosa que destruiu o
patrimônio da Petrobras, segundo as conclusões da força-tarefa da citada
operação.
O certo é que centenas de militantes já cuidaram de
se afastar em definitivo do PT, insatisfeitos e desiludidos com a bandalheira, as
patéticas e injustificáveis desculpas, as práticas endêmicas de corrupção e de
enriquecimentos ilícitos de integrantes do partido, além da indelével fama de
partido criminoso, conforme evidenciam os fatos investigados no mensalão e no petrolão.
Para o partido que atingiu o auge na política,
parece que a atual degeneração impregnada nele tem o seu principal líder como
responsável pelo deplorável fim do PT, que não é mais nem arremedo dos tempos
gloriosos de opulência e de poder, como se as falcatruas jamais pudessem ser
descobertas e os podres tivessem vida longa, para o gáudio do todo-poderoso,
que vem perdendo o norte de suas ideias e já há insinuações que ele estaria
estudando pedido de asilo, conforme notícia divulgada pela mídia.
Até quando as pessoas
vão continuar filiadas a partido que é exemplo de desmoralização, falta de
ética na política, indignidade e de tudo o mais que não se pode praticar nas
atividades político-administrativas, conforme mostram os resultados de suas
atuações como provas incontestes de muita falta de lisura com o trato da coisa
pública?
Os
péssimos exemplos de degradação levantada nas gestão do governo afastado são
atestados passados para os brasileiros, na forma dos famigerados casos do
mensalão e do petrolão, onde os fatos são sobejamente ultrajantes para a imagem
das atividades públicas, sendo que muitos políticos estão presos e outros ainda
poderão ser chamados para se explicar junto à Justiça, por seus envolvimentos
na prática de atos irregulares, contrários aos princípios nada republicanos,
totalmente incompatíveis com atividades próprias de homens públicos, que, ao
contrário, precisam mostrar probidade e licitude em seus atos, à vista da
relevância intrínseca que existe na representação delegada pelo povo.
Não
se concebe, a par dos avanços da humanidade, com imensuráveis conquistas nos
campos da ciência e da tecnologia, ainda existir partido que dar guarida a
homens públicos com histórico manchado pela indignidade da corrupção, que pode
ser equiparado a crime hediondo, por constituir desvio de recursos públicos que
seriam destinados para o atendimento de finalidades públicas, tendo por consequência
a falta da efetividade delas, exatamente porque o dinheiro não mais existe.
É
evidente que, nos países sérios, civilizados e cônscios da responsabilidade
pública, partidos que dão abrigo a corruptos são sumariamente extintos e seus
integrantes respondem pelos atos pertinentes à manutenção de criminosos nos
seus quadros, mas esses bons ares de exemplos de dignidade e de lisura ainda
sequer são baforados nas terras tupiniquins, que permitem a banalização da
impunidade ou a morosidade para que crimes contra as leis penais sejam
devidamente investigados, a exemplo das dezenas de processos encalhados no
Poder Judiciário, cuja situação de desleixo contribui para fomentar a
impunidade, justamente em importante segmento que precisa ser punido com
severidade, à vista da urgente necessidade de moralização que se impõe no
âmbito dos homens públicos que são responsáveis pela administração do país.
Convém
que os homens públicos se conscientizem sobre a urgência da limpeza moral do
país, que passa necessariamente pela rejeição e eliminação dos partidos que
tratam as atividades político-partidárias de forma inescrupulosa, como no caso
das agremiações que ainda mantêm corruptos e suspeitos da prática de corrupção
nos seus quadros, dando a entender que a desonestidade e a indignidade fazem
parte da normalidade nas relações políticas, em clara degradação dos princípios
da ética, moralidade, legalidade, dignidade, entre outros que não podem ser
divorciados dos conceitos de legitimidade com o trato da res publica.
A
representatividade da pior qualidade pesa na hora da avaliação dos indicadores
humanos e econômicos, à vista do que e mostrado pelo ranking de IDH, pelas
estatísticas da criminalidade, da miséria, e de tudo o mais que possa
evidenciar o desempenho da gestão administrativa, que não poderia ser
diferente, à vista da qualidade daqueles que utilizaram o poder na construção
de seu patrimônio político, em defesa de seus interesses e daqueles que se
engajam nesse projeto de decadência e de degeneração dos princípios da
moralidade, eficiência, competência, honestidade e dignidade.
Enquanto
houver, por parte da população, falta de interesse em votar melhor e mais
consciente, haverá sempre a prevalência das piores espécies de homens públicos
como representantes do povo, que mantêm a indestrutível índole voltada muito
mais para a preocupação com a defesa e a preservação de seus interesses e das
suas conveniências político-partidárias, em evidente detrimento das causas
nacionais, que deveriam prevalecer sobre as malévolas ideologias
personalísticas, que afrontam permanentemente os princípios democrático e
republicano. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 08 de novembro de 2016
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