terça-feira, 8 de novembro de 2016

Personalismo como regra?

     Por força da hecatombe que liquidou seu partido, o ex-presidente da República petista, além de ter ficado sem norte, não tem ideia do que falar sobre o tsunami que foi capaz de destruir as estruturas de quem se imaginava absolutamente intocável e indestrutível.
O petista disse que a negação da política é quando ela fica nas mãos da elite, em tom de reclamação sobre os votos nulos, os votos em branco e das abstinências, que seriam práticas adotadas por aqueles que estão demonstrando repúdio à política convencional.
Causa espécie que as críticas aos que negaram a democracia partem exatamente de quem, juntamente com a sua pupila, a ex-presidente, disse não à reafirmação da política, uma vez que o petista se recusou a votar no segundo turno.
Na verdade, as abstenções, na última votação, de ambos petistas, por constituírem a nata do partido, contribuíram para selar a ruína do PT e ainda tem o simbolismo da contradição e da incoerência ínsitas de suas personalidades, que se destacaram por seus atos e suas palavras e sempre agiram em defesa de seus interesses e suas conveniências, visando à absoluta dominação das classes política e social e a perenidade no poder, em sintonia com seus únicos projetos políticos.
Com certeza, a pregação política de ambos sempre foi a negação dos salutares princípios idealizados para a satisfação do interesse público, à vista da derrocada do seu partido, que colhe exatamente os frutos da incompetência e da ineficiência na administração do país, tão bem assimiladas pelos brasileiros, que deixaram muito claro, nas urnas, que a decrepitude política, com suas táticas maquiavélicas, já se exauriu, de modo que a tendência de mudança já chega tarde demais, ante a ruína deixada pelo governo que foi afastado em razão dos rombos causados às contas públicas, adjutorados pelo abominável crime de responsabilidade fiscal, em afronta a ditame constitucional.
Na realidade, o petista tem comportamento claramente duvidoso e autoritário, por disseminar ideologias enganosas e princípios que são os mais puros e corretos, evidentemente na visão e no pensamento exclusivamente dele, chegando ao ponto de se reconhecer que ele é o homem mais honesto do planeta, somente perdendo para Jesus Cristo, embora o resultado dos fatos apurados pela Operação Lava-Jato o tem como pessoa altamente perigosa, quando já foi enquadrado nos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, tráfico de influência e organização criminosa, cuja denúncia foi aceita pela Justiça, que certamente não a receberia se os elementos de convicção não preenchessem os requisitos legais exigidos para os casos de infringência da legislação penal.
Tem sido emblemática a participação do petista na sociedade, por se dizer pessoa que se identifica com os pobres e os entende como ninguém as suas vicissitudes, mas é indiscutível que ele se comporta como se estivesse acima ou ao largo das regras de boa conduta, que são aplicáveis aos demais pobres mortais.
Tempos atrás, ameaçado de ser preso, por força das investigações da Operação Lava-Jato, o petista removeu montanhas até ser nomeado ministro da sua afilhada política, mas o Supremo Tribunal Federal barrou a operação maquiavélica, esquecendo ele que, alhures, quando defendia o principal da moralidade, nos idos de 1988, teria dito, em tom premonitório, que “rico não vai pra cadeia, vira ministro”.
Não obstante, as contradições do ex-presidente já estão constituindo o alicerce da incredibilidade contra suas manifestações, a exemplo da tentativa em vão de ocultar a sua ausência nas urnas, preferindo pregar a sua oratória regimental diante de alunos de uma universidade, nestes termos: “Nós temos que aprender que cada vez mais, ao invés de a gente negar a política, a gente tem que fazer política, porque a desgraça de quem não gosta de política é que é governado por quem gosta”, dando a entender que se tratava de discurso de fervoroso defensor dos princípios e ensinamentos democráticos.
Nesse caso, a incoerência do petista é inegável e flagrante, por ter acabado de ressaltar a necessidade do voto, quando ele própria se recusara a dar o seu, ficando evidente a velha máxima que diz “faça o que digo, mas não faça o que faço”, como se as suas falhas não fossem notadas e também não servissem de péssimo exemplo.
Ainda no primeiro turno das eleições municipais, no alto da prepotência petista, ele teria afirmado que o PT causaria surpresa à nação e, em tom de provocação aos paulistas, ele pontificou: “Se o povo de São Paulo tiver a inteligência que pensa que tem, ele não tem outra coisa a fazer que não seja votar no Haddad”.
Ele não só menosprezou a inteligência dos eleitores de São Paulo, como foi obrigado a digeriu a pior derrota do partido, que foi reprovado nas urnas.
Diante do resultado das urnas, o tombo foi desastroso, quando o seu candidato levou tremenda surra, que não surpreendeu ninguém e provocou a ira do petista, porque o saldo dos votos o tirou do plumo, pela clara rejeição ao seu partido, que foi bastante castigado com a indiscutível pregação do seu afastamento da administração do país, incluídas das prefeituras.
O episódio deixou a certeza de que o petista somente fica feliz e gosta mesmo do resultado que favorece seus propósitos, mas, ao contrário disso, ele classifica, sob veemente protesto, os fatos como mera sabotagem, por não atender às suas conveniências políticas.
Também é notório que os passos dados pelo ex-presidente sempre se circunscrevem ao limite do seu controle, que é valorizado ao extremo e somente perde intensidade quando é ameaçado, a exemplo do impeachment da sua pupila, que foi abandonada à própria sorte.
Na atualidade, os correligionários do petista acenam em debandada, em claro afastamento daquele que já foi o maior líder de todos os tempos, mas os novos tempos sinalizam que os fatos deploráveis apontados pelas investigações da Operação Lava-Jato causaram a pior impressão de homem público na iminência de ser trancafiado por tempo indeterminado, ante os crimes anunciados pela Justiça, que realmente recomendam o afastamento daquele que pode ter sido o chefe da organização criminosa que destruiu o patrimônio da Petrobras, segundo as conclusões da força-tarefa da citada operação.
O certo é que centenas de militantes já cuidaram de se afastar em definitivo do PT, insatisfeitos e desiludidos com a bandalheira, as patéticas e injustificáveis desculpas, as práticas endêmicas de corrupção e de enriquecimentos ilícitos de integrantes do partido, além da indelével fama de partido criminoso, conforme evidenciam os fatos investigados no mensalão e no petrolão.
Para o partido que atingiu o auge na política, parece que a atual degeneração impregnada nele tem o seu principal líder como responsável pelo deplorável fim do PT, que não é mais nem arremedo dos tempos gloriosos de opulência e de poder, como se as falcatruas jamais pudessem ser descobertas e os podres tivessem vida longa, para o gáudio do todo-poderoso, que vem perdendo o norte de suas ideias e já há insinuações que ele estaria estudando pedido de asilo, conforme notícia divulgada pela mídia.
          Até quando as pessoas vão continuar filiadas a partido que é exemplo de desmoralização, falta de ética na política, indignidade e de tudo o mais que não se pode praticar nas atividades político-administrativas, conforme mostram os resultados de suas atuações como provas incontestes de muita falta de lisura com o trato da coisa pública?
          Os péssimos exemplos de degradação levantada nas gestão do governo afastado são atestados passados para os brasileiros, na forma dos famigerados casos do mensalão e do petrolão, onde os fatos são sobejamente ultrajantes para a imagem das atividades públicas, sendo que muitos políticos estão presos e outros ainda poderão ser chamados para se explicar junto à Justiça, por seus envolvimentos na prática de atos irregulares, contrários aos princípios nada republicanos, totalmente incompatíveis com atividades próprias de homens públicos, que, ao contrário, precisam mostrar probidade e licitude em seus atos, à vista da relevância intrínseca que existe na representação delegada pelo povo.
Não se concebe, a par dos avanços da humanidade, com imensuráveis conquistas nos campos da ciência e da tecnologia, ainda existir partido que dar guarida a homens públicos com histórico manchado pela indignidade da corrupção, que pode ser equiparado a crime hediondo, por constituir desvio de recursos públicos que seriam destinados para o atendimento de finalidades públicas, tendo por consequência a falta da efetividade delas, exatamente porque o dinheiro não mais existe.
É evidente que, nos países sérios, civilizados e cônscios da responsabilidade pública, partidos que dão abrigo a corruptos são sumariamente extintos e seus integrantes respondem pelos atos pertinentes à manutenção de criminosos nos seus quadros, mas esses bons ares de exemplos de dignidade e de lisura ainda sequer são baforados nas terras tupiniquins, que permitem a banalização da impunidade ou a morosidade para que crimes contra as leis penais sejam devidamente investigados, a exemplo das dezenas de processos encalhados no Poder Judiciário, cuja situação de desleixo contribui para fomentar a impunidade, justamente em importante segmento que precisa ser punido com severidade, à vista da urgente necessidade de moralização que se impõe no âmbito dos homens públicos que são responsáveis pela administração do país.
Convém que os homens públicos se conscientizem sobre a urgência da limpeza moral do país, que passa necessariamente pela rejeição e eliminação dos partidos que tratam as atividades político-partidárias de forma inescrupulosa, como no caso das agremiações que ainda mantêm corruptos e suspeitos da prática de corrupção nos seus quadros, dando a entender que a desonestidade e a indignidade fazem parte da normalidade nas relações políticas, em clara degradação dos princípios da ética, moralidade, legalidade, dignidade, entre outros que não podem ser divorciados dos conceitos de legitimidade com o trato da res publica.
A representatividade da pior qualidade pesa na hora da avaliação dos indicadores humanos e econômicos, à vista do que e mostrado pelo ranking de IDH, pelas estatísticas da criminalidade, da miséria, e de tudo o mais que possa evidenciar o desempenho da gestão administrativa, que não poderia ser diferente, à vista da qualidade daqueles que utilizaram o poder na construção de seu patrimônio político, em defesa de seus interesses e daqueles que se engajam nesse projeto de decadência e de degeneração dos princípios da moralidade, eficiência, competência, honestidade e dignidade.
Enquanto houver, por parte da população, falta de interesse em votar melhor e mais consciente, haverá sempre a prevalência das piores espécies de homens públicos como representantes do povo, que mantêm a indestrutível índole voltada muito mais para a preocupação com a defesa e a preservação de seus interesses e das suas conveniências político-partidárias, em evidente detrimento das causas nacionais, que deveriam prevalecer sobre as malévolas ideologias personalísticas, que afrontam permanentemente os princípios democrático e republicano. Acorda, Brasil! 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 08 de novembro de 2016

Nenhum comentário:

Postar um comentário