Certa
feita a ex-presidente da República petista, conhecida por ser bastante
supersticiosa, teria contado a alguns de seus assessores que entrara em 2016
carregando no pulso esquerdo sua antiga pulseira de olho grego, que ela
considerava poderoso talismã para espantar o mau olhado e as energias
negativas.
Não
sabia ela que, à vista da economia em frangalhos, fruto da sua incompetência, com
a popularidade dela em acelerado ritmo de queda, sob grave crises política e
administrativa e pouquíssimo apoio no Congresso Nacional, o olho grego não
teria a mínima condição de reverter as terríveis turbulências que
inevitavelmente aconteceram no decorrer do ano que ela imaginava atravessar sem
os transtornos que a levaram ao ostracismo político.
Ainda
acreditando no seu talismã, a ex-presidente dizia aos seus interlocutores que o
processo de impeachment contra ela jamais vingaria e ela triunfaria sobre seus
opositores.
Ainda
em 2015, a petista, no alto da sua petulância, pontificava: “Não acharam nem vão achar uma vírgula que
possa me incriminar. Tem gente que
quer que o céu caia sobre a minha cabeça, mas eu aguento bem a pressão. A única
pessoa que pode derrotar você é você mesma”.
Em
que pese a retórica, que não passou de mera tentativa de resistência, na
verdade, a ex-presidente foi obrigado a enfrentar dramáticos momentos de
depressão, antes e depois da largada do processo de impeachment, cujo desespero
foi ao auge depois da eleição de chapa composta por maioria de oposicionista
para a Comissão Especial que tinha a incumbência de analisar o pedido de seu afastamento.
Nesse
momento, a petista teria perguntado a assessores: “Quer dizer que vamos perder tudo?”, uma vez que a estratégia utilizada
pelo então presidente da Câmara dos Deputados, com a adoção do voto secreto, teria
o condão de favorecer a sanha da oposição contra ela.
Não
obstante, logo depois, o Supremo Tribunal Federal contribuía para aliviar
momentaneamente a tensão, quando decidiu que a Câmara deveria dar a palavra
final sobre o impeachment em votação aberta, contrariando o entendimento
estabelecido pelo então presidente da Câmara.
Ainda
na mesma ocasião, um ministro do Supremo, que votou contra o governo, disse que
“Se um presidente não tem apoio de 1/3
dos deputados, fica difícil a governabilidade”.
Quando
a situação só piorava, o ex-presidente passou a reclamar da sua “criatura”, ao
dizer que ela não o ouvia e só dava “notícia
ruim” e ainda deixava que o ajuste fiscal e a Lava-Jato dominassem a agenda
do país e alfinetou, dizendo que “Eu não
posso falar mal dela, mas também não tenho motivos para falar bem”, mas a
então presidente ficou furiosa quando o petista disse que tanto ele como a
sucessora estavam “no volume morto”,
em alusão ao baixo nível das águas do reservatório do Cantareira, em São Paulo.
A
então presidente se sentiu no inferno administrativo quando o Tribunal de
Contas da União rejeitou a prestação de contas do governo, referente ao ano de
2014, porque os fatos ganharam contornos de gigantesca dramaticidade, diante da
abertura do caminho muito bem pavimentado para o impeachment, com base nas
pedaladas fiscais, que são manobras que consistiam em atrasar repasses do Tesouro
aos bancos oficiais, para pagamento de programas sociais, com destaque para o
Bolsa Família, sempre considerado a bola mágica de cristal do governo, por ele ter
sido escolhido como o programa garantidor de muitos votos, com capacidade para
ganhar qualquer eleição.
Já
com processo do impeachment em tramitação, a casa da então presidente caiu de
vez com a retirada do PMDB do governo, que entregou os cargos que ocupava e
partiu para se aliar aos ferrenhos opositores, em especial com o PSDB, em viva demonstração
de que o processo de impeachment era realmente irreversível e definitivo.
Naquele
momento, a situação da então presidente já era mais do que crítica e não
adiantariam inúteis esboços de estratégias de reação ao agravamento das crises,
com vistas à salvação do governo, que estava com suas estruturas fragilizadas e
minadas pelos transtornos decorrentes da inflação em alta, do desemprego
galopante, do “pibinho” derretendo a economia, da perda do grau de investimento,
da falta de investimentos, entre tantas mazelas que ajudavam a encurralar a
presidente ao canto mais estreito de sua gestão, que se comprimia pelos insucessos
da gestão e pelas revelações sobre o escândalo dos esquemas criminosos operados
pelo PT e aliados na Petrobras, a ponto de destruir as estruturas da maior empresa
do país.
A
avalanche de casos de total destruição dos interesses do país contribuiu para o
afastamento definitivo da então presidente, que teria sido responsável por
governo de extrema insensatez, quando não teve condições gerenciais de perceber
o sucateamento dos hospitais, a decadência e precariedade da educação, o
assustador crescimento da criminalidade e da violência, a alarmante elevação do
desemprego, o rombo nas contas públicas, entre inumeráveis situações degradantes
que contribuíram para infernizar a vida dos brasileiros.
Na
realidade a sociedade foi obrigada a conviver com governo que tinha como único
objetivo a absoluta dominação das classes política e social e a perenidade no
poder, sempre empregando, para tanto, mecanismos visivelmente contrários aos
princípios da moralidade, competência e ineficiência, em proveito de interesses
pessoais e partidários, conforme mostram os fatos vindo à tona.
Um
pouco de perspicácia poderia ter levado a então presidente a se olhar no
espelho, onde poderia ter encontrado, de corpo e alma, a sua maior adversária,
porque se encontrava ali a pessoa refletida no espelho que conseguiu causar os
piores e dramáticos problemas ao seu governo e de consequência ao país, por
meio da omissão, incompetência e deficiência de toda ordem, permitindo a
desestruturação administrativa e a desmoralização da nação.
À
época, à vista do que se ouvia da população sobre a gestão da petista, era
verdade que os brasileiros gostariam que o céu caísse sobre a cabeça dela,
conforme a sua conclusão, diante da fúria e da antipatia que eram sentidas contra
a sua gestão, que teria sido a pior possível para a nação, que digam os
brasileiros, por não suportarem mais tanta incompetência na gestão dos recursos
públicos, principalmente com a gastança que causara enorme rombo nas contas
públicas, a par da recessão econômica que tiveram como consequência os
inaceitáveis desemprego, aumento da inflação, da taxa de juros e das dívidas
públicas, redução da arrecadação, desindustrialização, falta de investimentos
públicos e privados e tantas mazelas que contribuíram fortemente para atravancar
o desenvolvimento do país.
Infelizmente,
o governo petista foi incapaz de evitar que agências de classificação de risco
retirassem o selo de "bom pagador" do país, fazendo com que os
investidores deixassem de acreditar que o Brasil pudesse garantir o retorno do dinheiro
aplicado por eles, fato que teve como consequência a inexistência de
investimentos, que são indispensáveis ao desenvolvimento da economia.
Também
não poderia ter deixado de sopesar a intensificação da corrupção na
administração pública, em especial na Petrobras, cujos esquemas foram capazes
de desestruturá-la operacional, financeira e economicamente, tornando-se
empresa sem expressão no contexto internacional, devido ao seu altíssimo grau
de endividamento e de descapitalização.
Ou
seja, diante dos malefícios que a gestão da então presidente fez contra os
brasileiros, a queda do céu na sua cabeça, que realmente aconteceu com o seu
impeachment, funcionou como verdadeiro prêmio para os brasileiros, diante da
possibilidade do estancamento das políticas ineficientes e improdutivas, que
somente prejudicavam os interesses nacionais e beneficiavam os projetos
pessoais e partidários de quem se encontrava no poder, que foi pródigo em
fisiologismo, aparelhamento e beneficiamento a entidades sociais apoiadoras dos
programas estrategicamente estruturados para a consolidação da plena dominação
e da perenidade no poder. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 02 de novembro de 2016
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