sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Havia má vontade?

Enfim, o governo decidiu, com bastante e imperdoável atraso, autorizar os estudos sobre a pílula conhecida com o nome de fosfoetanolamina, em apoio necessário à avaliação quanto à eficácia da substância contra o câncer.
A referida substância estava sendo distribuída pelo Instituto de São Carlos, órgão vinculado à Universidade de São Paulo, por força de decisões judiciais, por meio de liminares, à vista da sua fama de ter o poder de curar diversos tipos de câncer, mas até então a sua eficácia não havia sido submetida aos devidos testes com humanos, não tendo, por isso, condições de ser considerada remédio e muito menos reconhecida, em forma de registro, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por desconhecer seus efeitos medicamentosos em pacientes.
O objetivo é que a substância passe por testes pré-clínicos e clínicos com a colaboração da Anvisa, do Instituto Nacional de Câncer (Inca) e da Fiocruz, embora isso já deveria ter sido processado há bastante tempo, diante da expectativa que ela possa contribuir para, pelo menos, minimizar o sofrimento de numerosos pacientes.
Na ocasião, o ministro da Saúde disse que "Estamos colocando à disposição do professor responsável pela síntese dessa molécula a possibilidade de submeter à fosfoetanolamina a todos os protocolos para verificar se a substância é ou não eficaz e por fim a essa celeuma".
Embora possa se tratar de substância capaz de ser reconhecida como medicação poderosa, com efeito contra terrível mal que causa tanto sofrimento a infinidade de pacientes que padecem por tão terrível doença, estranha-se a afirmação de grupo de pesquisadores que desenvolveu a síntese da fosfoetanolamina de que “Os testes clínicos não tinham sido concluídos pois havia má vontade por parte da Anvisa”, que é importante órgão oficial responsável pelo controle e registro de medicamentos.
A referida informação dá a entender que dirigentes da Anvisa estavam boicotando de propósito o avanço de importante substância ou simplesmente desprezando o real significado da vida humana, principalmente dos pacientes que se desesperam na busca da cura de seus males.
Enquanto isso acontece, o Ministério da Saúde recomenda que as pessoas não usem a substância até que os estudos sejam concluídos, à vista do desconhecimento sobre a comprovação da sua eficácia.
Por enquanto, a existência de relatos de cura entre pacientes que fizeram uso da substância em referência não comprova a sua eficácia contra o câncer, fato que exige que realmente sejam realizados os estudos científicos com seres humanos, indispensáveis à aprovação ou não da substância como medicamento, os quais compreendem os testes clínicos, realizados por meio de rigorosos planejamento e controle, sob acompanhamento contínuo e permanente dos pacientes.
É pena que o interesse do governo já venha muito tarde, o que demonstra a insensibilidade das autoridades públicas para a solução de questão de suma importância para a vida, que deveria já ter sido resolvida há bastante tempo, sem necessidade de os pacientes terem que recorrer à Justiça para fazer uso de substância tão especial.
Com certeza, se esse caso tivesse ocorrido em um país sério e com um pouco de civilidade, além de os órgãos incumbidos do controle e registro de medicamentos serem mais atentos à causa da saúde pública, a sua situação já teria sido resolvida há séculos, por se tratar de droga que pode realmente ter eficácia no tratamento de doença tão maléfica à saúde.
A sociedade espera que os estudos sejam concluídos o mais rapidamente possível, para que a liberação da substância em causa possa ser usada em larga escala, sob os cuidados do governo, que deverá investir nesse projeto que pode ser de grande benefício para a população afetada por grave doença, com embargo da participação da indústria farmacêutica, que sempre monopoliza a produção e vendagem de medicamentos, inclusive promovendo, se for possível, boicotes aos estudos de liberação da droga, tendo em vista a possibilidade de prejuízo à distribuição e venda de medicamentos produzidos por ela. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 04 de novembro de 2016

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