Na atualidade, tem sido normal a exibição pelos
meios de comunicação, em especial por intermédio dos jornais, televisão ou site
da internet, de imagens fortes de violência, revelando praticamente as entranhas
e as vísceras das vítimas, em repugnante sensacionalismo que suscita completo
desconforto.
Não sabe se o repúdio a tal forma de informação
distorce a compreensão sobre a concepção do que seja informação propositiva e
construtiva, no bom sentido de se construir mentalidades menos defensoras de
hábitos animalescos e selvagens.
Até parece que muitos canais de televisão e outros
meios de comunicação se elevam no conceito da sociedade com o apelo às
mensagens e imagens completamente fora de foco e do contexto da realidade
social, que nada ganham com o exagero e sensacionalismo que servem apenas para
traumatizar o senso crítico da sociedade, que é praticamente forçada a ser
inserida no interior dos acontecimentos.
É importante que a sociedade se manifeste em repúdio
às imagens deprimentes e absolutamente dispensáveis, porque elas apenas
contribuem para potencializar a indignação social, que gostaria que a violência
sequer existisse, porque o homem precisa se esforçar para consolidar mecanismos
capazes de elevar o real conceito do que seja ser humano.
Sempre que tema de tão relevante interesse como o
da violência urbana é abordado, tem-se em mente que essa exagerada escalada de
maldade e crueldade contra o semelhante precisa ser objeto de abrangente
discussão pela sociedade, para o fim de se encontrar alguma forma de se caminhar
rumo à solução para esse verdadeiro câncer social, que tem sido a violência.
Não há dúvida de que muitos são os caminhos que
podem levar à paz e à harmonia entre os homens, mas faltam iniciativas
concretas, principalmente no âmbito dos governos e da segurança pública, quando
se sabe que esta vem atravessando
momentos tormentosos, como o esvaziamento de sua capacidade operacional e
preventiva, além da falta de priorização ao trabalho dela, em especial no que
diz respeito ao seu fortalecimento, à sua recomposição, ao seu aperfeiçoamento
e ao seu aparelhamento, que são elementos essenciais ao bom desempenho das importantes
incumbências constitucionais e legais de proteção da sociedade.
Urge que a sociedade demonstre interesse em contribuir
para o aperfeiçoamento do relevante trabalho dos órgãos de comunicação, que
precisam informar, no âmbito da sua relevante missão, os fatos à presença da
sociedade, de modo que eles retratem, com fidelidade, precisão e correção as informações
sobre os acontecimentos sociais, evidentemente também sobre a violência,
dispensado o sensacionalismo e as imagens fortes.
Nesse sentido, conviria que, nas reportagens de
violência - que infelizmente têm sido bastantes frequentes -, onde aparecem
cenas horríveis e selvagens, além de corpos dilacerados e muito sangue ao seu
redor, essa trágica situação fosse omitida das reportagens, ou seja, não
precisaria publicar foto nessa situação degradante, porque é sempre chocante a
apresentação de cenas que retratam a triste realidade do ser humano, em estado
de extrema violência.
É bem verdade que a expressiva maioria da sociedade
se satisfaz com a notícia em si, objetiva e clara sobre os lamentáveis
acontecimentos de violência, ficando dispensadas as fotografias chocantes,
porque elas são importantes apenas no âmbito das investigações policiais, além
da relevância de se preservar a dignidade do ser humano, em respeito aos
familiares e amigos das vítimas.
Os responsáveis pelas divulgações de notícias sobre
violência humana precisam ter a sensibilidade capaz de avaliar a importância da
informação e a sua penetração social, de modo que a sua repercussão cause a
melhor impressão e que a sua importância não seja diminuída pelo exagero das
imagens fortes e destrutivas, que devem ser valiosas possivelmente para a elucidação
dos acontecimentos.
É evidente que os fatos, mesmo envoltos em tristes
fins, diante dos danos causados à impressão humana, que nada mais são do que o reflexo
do flagelo social, precisam sim ser noticiados, sempre com correção e
fidelidade ao ocorrido, mas com o devido cuidado de não ferir a sensibilidade
humana, por meio de imagens absolutamente evitáveis e dispensáveis, porque o
importante mesmo é a valorização da notícia em si. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 5 de abril de 2017
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