As
arrasadoras delações dos executivos da Odebrecht trouxeram importantes revelações
sobre como funcionava o esquema de corrupção no governo, inclusive com os detalhes
do funcionamento de milionária poupança para o ex-presidente da República
petista, que se defende dizendo, pasmem, que não pediu nada, como se isso o
isentasse de culpa por possíveis crimes.
Apesar
das fortes denúncias contra o petista, que é alvo do implacável juiz da
Lava-Jato, por não ter foro privilegiado, alas do Partido dos Trabalhadores acreditam
que o Supremo Tribunal Federal permitirá a sua candidatura em 2018.
Segundo
informações de uma importante colunista da Folha
de S. Paulo, a maior parte da legenda dá como certa a condenação do
petista, em primeira e em segunda instâncias, fato que o impedirá de se candidatar.
Enquanto
isso, o ex-presidente afirma que não teme ser preso, porque "Eu estou há três anos esperando e duvido que
tenha um empresário nesse país que possa dizer em alto e bom som que algum dia
o ex-presidente Lula pediu dinheiro para ele".
Por
seu turno, os partidários do ex-presidente acreditam que o Supremo Tribunal
Federal pode garantir a presença dele na cédula eleitoral, sob o argumento de
que barrar a candidatura seria muito drástico, principalmente porque faltaria o
pronunciamento das cortes superiores para a condenação definitiva dele.
Se
o que está escrito é verdade, esses cidadãos do partido mais antiético da face
da terra, conforme mostram à saciedade investigações e delações dando conta da
maior esculhambação, em termos de desmoralização da administração pública,
estão indo muito longe com tamanha sandice, ao imaginar que os sapientes e
experientes magistrados da relevância do Supremo Tribunal Federal seriam
capazes de fechar os olhos para situação de extremo descumprimento das normas
constitucional e legal, quanto à obrigatoriedade da comprovação de conduta
ilibada e de nenhuma mácula com relação à prática de atos na vida pública,
indispensáveis para o cidadão ocupar cargos públicos eletivos, porquanto a
situação de quem responde a ações na Justiça, obviamente já na condição de réu,
não condiz com a pretensão de ninguém para ser representante do povo,
precisando, antes de se candidatar, acertar suas contas com a Justiça, provando
a sua inculpabilidade.
Trata-se
de brutal desrespeito à dignidade dos juízos da Excelsa Corte de se pensar que
eles concordariam com candidatura que não preencha os requisitos exigidos pela
Lei Maior do país, haja vista que é da incumbência deles justamente zelar pela
consolidação e firmeza dos princípios da Constituição.
Essa
inadmissível ideia de se permitir que candidato envolvido com a Justiça possa
pretender ser representante do povo não passa de tremenda loucura, além de
agredir, de forma grosseira, a honorabilidade dos ministros do Supremo, indo na
total contramão dos sentimentos cívico e patriótico dos verdadeiros brasileiros,
que estão ávidos pela urgentíssima moralização das práticas políticas,
principalmente com a completa renovação dessa desmoralizada classe política,
diante da cristalina demonstração de que a sua continuidade certamente trará
enormes prejuízos aos interesses dos brasileiros, pelo tanto das práticas
erráticas que se acumularam nos últimos anos e causaram danos de toda ordem ao
país.
O
momento político aconselha reflexão no sentido de que, para o bem dos
brasileiros, convém a eliminação da vida pública dos políticos que, mesmo se
dizendo honestos, têm gigantescas dificuldades para provar a sua
inculpabilidade nos casos cuja autoria lhe é atribuída, precisando esperar ou
imaginar que a Justiça seja condescendente com explícita situação de
irregularidade, evidentemente na certeza que será julgado e condenado por seus
malfeitos, quando deveria ter disposição e garra para provar a sua inocência,
mediante a comprovação de provas e elementos juridicamente válidos para
contestar as denúncias, a exemplo do que é feito normalmente pelos políticos
dos países sérios, civilizados e desenvolvidos democraticamente.
Não
há dúvida de que essa ideia estapafúrdia representa atitude antidemocrática e
deve ser considerada como tapa na cara das pessoas que estão acreditando que
este país ainda tem jeito, obviamente a partir da conscientização dos
brasileiros sensatos e cônscios da sua responsabilidade cívica, que não podem
mais permitir que os espertos possam dificultar os mecanismos capazes de
contribuir para a limpeza das retrógradas práticas políticas, porque o Brasil
não merece continuar nesse sufoco de ser dominado por classe política
estratificada com a firme ideia de que o país pertence a partido político, a
grupos políticos, e tudo que contrarie esse triste pensamento é tratado com
desprezo e incompreensão.
Não
é possível que situações absurdas e contrárias aos princípios democráticos
possam ainda ter guarida nos Tribunais Superiores, quando os fatos acenam para
a necessidade da clarividência da verdade, inclusive no sentido de que as cortes
do país se levantem em nome da grandeza e da dignidade dos brasileiros, para
rechaçar incontinenti ideia imaginável como essa de se pretender a chancela de
candidatura visivelmente contrária ao interesse público, por se tratar de quem
é réu por possível prática de graves crimes contra a administração pública. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 19 de abril de 2017
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