sexta-feira, 21 de abril de 2017

A verdade real?

Caso o ex-presidente da OAS, já condenado na Operação Lava-Jato, tenha dito a verdade ao juiz de Curitiba, fica mais que escrachada a forma espúria da troca de favores, do pagamento de benesses e dos detalhes da conta clandestina que abastecia o maior político brasileiro, cujo depoimento tem o condão de complicar, de forma robusta e devastadora, a vida política dele, fazendo aumentar a possibilidade da sua prisão, tão ansiada pelos brasileiros patriotas, a par da existência de cinco processos que ele já responde, na Justiça, como réu.
O empreiteiro confirmou, em juízo, que o político, embora sempre tente negar, é realmente o verdadeiro dono do tríplex no Guarujá (SP), nestes termos: “O apartamento era do presidente Lula desde o dia que me passaram para estudar os empreendimentos da Bancoop (cooperativa habitacional dos bancários). Já foi me dito que era do presidente Lula e de sua família. Que eu não comercializasse”.
Em reforço dessa assertiva, o executivo confirmou também a existência de conta mantida entre o partido do político e a empreiteira, tendo se expressado assim: “... O Vaccari me retornou, dizendo que estava tudo ok, que poderíamos adotar o sistema de encontro de contas entre créditos e débitos que nós tínhamos com ele (…) no tríplex, no sítio e nos outros empreendimentos. A soma total disso me parece que era em torno de 15 milhões de reais”.
O empreiteiro ressaltou que as despesas da OAS com o tríplex saíram de uma “contabilidade informal” da empreiteira, as quais eram abatidas dos saldos de propina da Petrobras que o PT mantinha junto à OAS.
Ele disse que havia “Uma contabilidade informal no que diz respeito a despesas efetuadas no tríplex que eram lançadas no empreendimento Solaris (o condomínio onde está o apartamento reservado para o político) e, na verdade, essas despesas eram parte do encontro de contas de pagamento de propina na Petrobras”.
O empreiteiro relatou que as mudanças no projeto original do tríplex foram feitas por ordem do político e da sua então esposa, em encontros que ele teve com o casal, sendo que o último foi no apartamento onde o político reside, no ABC Paulista.
Ele disse que “O presidente e a dona Marisa estiveram no tríplex em fevereiro de 2014, pouco tempo depois eu fui ao sítio (de Atibaia, também alvo da Lava-Jato, por ter sido reformado pelas empreiteiras). Me encontrei com ele e ele já estava no sítio. A aprovação (do projeto) foi posterior. Eu me encontrei com ele e me parece que foi no apartamento do presidente em São Bernardo do Campo. Todas as modificações ocorreram. A solicitação (se deu) no dia que eu fui com o presidente e a ex-primeira-dama no tríplex. Isso foi fruto da nossa visita.”.
Arrematando, ele disse que, após as alterações no projeto, a ex-primeira doma ainda pediu outra modificação, no sentido de que a sauna fosse convertida em um depósito.
O empreiteiro afirmou que “A explicação que me foi dada na época é que já estava acordado entre o João Vaccari e o presidente que ele (o político) ficaria com o tríplex. A orientação que foi dada nesse caso do tríplex, as despesas eram lançadas no empreendimento Solaris. Mas tinha que ter um centro de custo, por isso o nome Zeca Pagodinho, que se refere ao apelido que se tinha do presidente que a gente tem nas mensagens, de Brahma. Então, o Zeca Pagodinho fazia a propaganda da Brahma. Sítio é o sítio de Atibaia. Praia é o apartamento do Guarujá”.
O empresário afirmou que “Quando ele (ex-tesoureiro do partido) me mostrou os dois prédios do Guarujá, eu fiz uma ressalva a ele que a empresa só atuaria em grandes capitais. Os nossos alvos eram Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Porto Alegre. Falei que não tinha interesse. Ele me disse: ‘Aqui temos uma coisa diferente. Existe um empreendimento que pertence à família do presidente Lula. Diante do seu relacionamento com o presidente, o relacionamento da empresa, nós estamos lhe convidando para participar disso e por causa do grau de confiança que nós depositamos na sua empresa e na sua pessoa.”.
A defesa do político nega os fatos, afirmando que as declarações do empresário partem de premissas inexistentes e contrariam dezenas de depoimentos de testemunhas já ouvidas nos autos.
O depoimento em comento é bastante elucidativo e minucioso, com o poder bastante suficiente para tirar, em princípio, quaisquer dúvidas sobre a situação referente à propriedade de imóvel que realmente atormenta e complica a defesa de ex-presidente, que muito se esforça para manter a dignidade de quem exerceu o principal cargo público do país, sob pena de perder, em definitivo, a credibilidade para que precisa para tentar seu retorno ao Palácio do Planalto, que seria inviável se a Justiça reconheça que ele é realmente o proprietário de algo fruto de atos comprovadamente irregulares.
Diante dos novos fatos e esclarecimentos vindos à lume, com a força de quem tem autoridade originária para mostrar a verdade sobre os acontecimentos, no caso, o responsável pelo empreendimento de que se questiona, há forte indício de que as negativas do político perdem muita de credibilidade, porque contra os fatos não há salvação e eles são consistentes a confirmar versão de bastante plausibilidade.
Embora o imóvel não esteja no nome do político, isso não significa negar que ele não tinha interesse nele nem de que as reformas não teriam sido feitas em atendimento ao refinado gosto do político e da sua família, fatos estes que a Justiça terá a oportunidade de se debruçar sobre eles, em análise jurídica suficientemente capaz de dizer se ele realmente seria o verdadeiro beneficiário de mais uma importante obra finalizada com dinheiro de propina, desviado dos bolsos dos contribuintes.
Por enquanto, os verdadeiros brasileiros, que torcem pela moralização dos atos praticados pelos políticos de índole patriótica, já sabem perfeitamente quem realmente fala a verdade e quem a distorce, para continuar na sua saga de enganador das mentes ingênuas e desinformadas, porque os fatos não mentem jamais, principalmente quando eles são descritos com a dignidade por aquele que precisa prestar conta à Justiça e não tem mais o direito de escamotear a verdade real. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 21 de abril de 2017

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