Caso
o ex-presidente da OAS, já condenado na Operação Lava-Jato, tenha dito a verdade
ao juiz de Curitiba, fica mais que escrachada a forma espúria da troca de
favores, do pagamento de benesses e dos detalhes da conta clandestina que
abastecia o maior político brasileiro, cujo depoimento tem o condão de complicar,
de forma robusta e devastadora, a vida política dele, fazendo aumentar a
possibilidade da sua prisão, tão ansiada pelos brasileiros patriotas, a par da
existência de cinco processos que ele já responde, na Justiça, como réu.
O
empreiteiro confirmou, em juízo, que o político, embora sempre tente negar, é
realmente o verdadeiro dono do tríplex no Guarujá (SP), nestes termos: “O apartamento era do presidente Lula desde o
dia que me passaram para estudar os empreendimentos da Bancoop (cooperativa
habitacional dos bancários). Já foi me
dito que era do presidente Lula e de sua família. Que eu não comercializasse”.
Em
reforço dessa assertiva, o executivo confirmou também a existência de conta
mantida entre o partido do político e a empreiteira, tendo se expressado assim:
“... O Vaccari me retornou, dizendo que
estava tudo ok, que poderíamos adotar o sistema de encontro de contas entre
créditos e débitos que nós tínhamos com ele (…) no tríplex, no sítio e nos outros empreendimentos. A soma total disso
me parece que era em torno de 15 milhões de reais”.
O
empreiteiro ressaltou que as despesas da OAS com o tríplex saíram de uma “contabilidade informal” da empreiteira, as
quais eram abatidas dos saldos de propina da Petrobras que o PT mantinha junto
à OAS.
Ele
disse que havia “Uma contabilidade
informal no que diz respeito a despesas efetuadas no tríplex que eram lançadas
no empreendimento Solaris (o condomínio onde está o apartamento reservado
para o político) e, na verdade, essas
despesas eram parte do encontro de contas de pagamento de propina na Petrobras”.
O
empreiteiro relatou que as mudanças no projeto original do tríplex foram feitas
por ordem do político e da sua então esposa, em encontros que ele teve com o
casal, sendo que o último foi no apartamento onde o político reside, no ABC
Paulista.
Ele
disse que “O presidente e a dona Marisa
estiveram no tríplex em fevereiro de 2014, pouco tempo depois eu fui ao sítio
(de Atibaia, também alvo da Lava-Jato, por ter sido reformado pelas
empreiteiras). Me encontrei com ele e ele
já estava no sítio. A aprovação (do projeto) foi posterior. Eu me encontrei com ele e me parece que foi no
apartamento do presidente em São Bernardo do Campo. Todas as modificações ocorreram. A solicitação (se deu) no dia que eu fui com o presidente e a
ex-primeira-dama no tríplex. Isso foi fruto da nossa visita.”.
Arrematando,
ele disse que, após as alterações no projeto, a ex-primeira doma ainda pediu outra
modificação, no sentido de que a sauna fosse convertida em um depósito.
O
empreiteiro afirmou que “A explicação que
me foi dada na época é que já estava acordado entre o João Vaccari e o
presidente que ele (o político) ficaria
com o tríplex. A orientação que foi
dada nesse caso do tríplex, as despesas eram lançadas no empreendimento
Solaris. Mas tinha que ter um centro de custo, por isso o nome Zeca Pagodinho,
que se refere ao apelido que se tinha do presidente que a gente tem nas
mensagens, de Brahma. Então, o Zeca Pagodinho fazia a propaganda da Brahma.
Sítio é o sítio de Atibaia. Praia é o apartamento do Guarujá”.
O
empresário afirmou que “Quando ele (ex-tesoureiro
do partido) me mostrou os dois prédios do
Guarujá, eu fiz uma ressalva a ele que a empresa só atuaria em grandes
capitais. Os nossos alvos eram Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e
Porto Alegre. Falei que não tinha interesse. Ele me disse: ‘Aqui temos uma
coisa diferente. Existe um empreendimento que pertence à família do presidente
Lula. Diante do seu relacionamento com o presidente, o relacionamento da
empresa, nós estamos lhe convidando para participar disso e por causa do grau
de confiança que nós depositamos na sua empresa e na sua pessoa.”.
A
defesa do político nega os fatos, afirmando que as declarações do empresário
partem de premissas inexistentes e contrariam dezenas de depoimentos de
testemunhas já ouvidas nos autos.
O
depoimento em comento é bastante elucidativo e minucioso, com o poder bastante suficiente
para tirar, em princípio, quaisquer dúvidas sobre a situação referente à
propriedade de imóvel que realmente atormenta e complica a defesa de ex-presidente,
que muito se esforça para manter a dignidade de quem exerceu o principal cargo
público do país, sob pena de perder, em definitivo, a credibilidade para que
precisa para tentar seu retorno ao Palácio do Planalto, que seria inviável se a
Justiça reconheça que ele é realmente o proprietário de algo fruto de atos comprovadamente
irregulares.
Diante dos novos fatos e esclarecimentos vindos à
lume, com a força de quem tem autoridade originária para mostrar a verdade
sobre os acontecimentos, no caso, o responsável pelo empreendimento de que se
questiona, há forte indício de que as negativas do político perdem muita de credibilidade,
porque contra os fatos não há salvação e eles são consistentes a confirmar
versão de bastante plausibilidade.
Embora o imóvel não esteja no nome do político, isso
não significa negar que ele não tinha interesse nele nem de que as reformas não
teriam sido feitas em atendimento ao refinado gosto do político e da sua família,
fatos estes que a Justiça terá a oportunidade de se debruçar sobre eles, em análise
jurídica suficientemente capaz de dizer se ele realmente seria o verdadeiro
beneficiário de mais uma importante obra finalizada com dinheiro de propina, desviado
dos bolsos dos contribuintes.
Por enquanto, os verdadeiros brasileiros, que torcem
pela moralização dos atos praticados pelos políticos de índole patriótica, já
sabem perfeitamente quem realmente fala a verdade e quem a distorce, para
continuar na sua saga de enganador das mentes ingênuas e desinformadas, porque
os fatos não mentem jamais, principalmente quando eles são descritos com a
dignidade por aquele que precisa prestar conta à Justiça e não tem mais o
direito de escamotear a verdade real. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 21 de abril de 2017
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