quinta-feira, 27 de abril de 2017

Retirada sensata

A ministra das Relações Exteriores da Venezuela anunciou que seu país iniciará hoje os procedimentos pertinentes à sua retirada da Organização de Estados Americanos (OEA), depois que a entidade convocou e promoveu reunião de chanceleres sem o aval venezuelano.
Ela disse que “Amanhã, tal como indicou o presidente Nicolás Maduro, apresentaremos a carta de denúncia à OEA e iniciaremos um procedimento que demora 24 meses”.
A aludida saída já era esperada depois que a chanceler daquele país ameaçou deixar a OEA, caso a organização realizasse a referida reunião, que objetivava demonstrar reação do governo à crescente pressão internacional, para conter a grave crise na Venezuela.
A chanceler venezuelana afirmou que o governo do seu país foi forçado a tomar essa atitude, pelo que deixa claro, como tentativa da OEA e dos “governos regionais conservadores” de derrubar o presidente venezuelano.
Depois de tanto tempo, essa deve ser a primeira medida que demonstra um pouco de sensatez do tirano presidente venezuelano, por guardar inteira compatibilidade com a completa desorganização e desestruturação de um país que não pode ser considerado como nação, sob a concepção do Direito Internacional, diante da confusão e da balbúrdia reinantes naquele país, impossibilitando realmente a sua continuidade como membro de qualquer organização séria e capaz de promover a salutar integração entre nações responsáveis e respeitadoras dos direitos humanos e dos princípios democráticos.  
É muito estranho que o governo venezuelano comete as piores atrocidades e truculências contra a oposição e o povo daquele país, com medidas violentas e desrespeitosas aos princípios humano e democrático, e ainda tem a indignidade de acusar a OEA de querer derrubá-lo, deixando muito clara a sua insensatez no trato de situação bastante delicada, que compromete seriamente as relações diplomáticas entre a Venezuela e as demais nações integrantes dessa organização, que apenas procura cumprir seu papel institucional de não fechar os olhos e ficar alheia às barbaridades cometidas por governo tirânico, desumano e antidemocrático.
Diante das lastimáveis condições que a Venezuela se apresenta para mundo, sob a estrutura de uma nação completamente destruída e em ruína, que vem sendo comandada com mão-de-ferro por verdadeiro ditador, sob a inspiração do desprezo aos direitos humanos e aos princípios democráticos, não faz o menor sentido que esse país integre qualquer organização séria e responsável, sob pena de desmoralizá-la por parte de quem não se comporta com a dignidade de verdadeiro país merecedor do respeito e da dignidade como tais, à vista da indiscutível destruição ocorrida ali, justamente por incompetência de governança e extremo abuso de autoridade, que têm ultrapassado os limites da sensibilidade e da sensatez de equilíbrio, racionalidade e civilidade.
Também não merece participar de organização alguma o país que submete seu povo aos piores maus-tratos quanto à privação de alimentos, remédios e demais serviços públicos essenciais, em flagrante desrespeito aos princípios humanitários e demonstração de absoluta irresponsabilidade perante os direitos universais.
Causa enorme perplexidade se verificar que um país em visível estado de desgraça generalizada, ainda tenham simpatizantes e defensores, em especial os sempre respeitáveis militares, dando apoio irrestrito à mediocridade, à maluquice e à insanidade de tirano despreparado e arrogante, que é absolutamente incapaz de reconhecer sua truculência contra a população indefesa, fragilizada e desprotegida, que clama pela volta do país à ordem, à paz e à harmonia, tendo por base o respeito aos direitos humanos e aos salutares princípios democráticos.
Diante da situação de extremo caos reinante na Venezuela, convém que as nações mundiais, no contexto da ONU, promovam, com urgência, efetivas medidas no sentido de demonstrar ao ditador venezuelano que seu país poderá ficar isolado do resto do mundo, em termos de relações comerciais e diplomáticas, enquanto perdurar esse estado deplorável, periclitante e de calamidade pública, em que o império da violência é alimentado, de forma bestial, pelo próprio governante, como forma de demonstrar força bruta contra a fragilizada e impotente população, o que contribui para a completa degeneração dos princípios humanitários e de civilidade, a justificar, excepcionalmente, a aplicação de tal penalidade exemplar. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 27 de abril de 2017

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