Tão logo o ex-presidente do Grupo Odebrecht ter
afirmado que o ex-presidente da República petista é o “amigo” registrado na
planilha de propinas milionárias da empreiteira, o petista disse simplesmente
ser vítima de “vazamentos mentirosos”
todos os dias e que não aceita essa “bobagem
toda” em torno de uma eventual prisão.
Incontinenti, como que rebatendo as acusações de seu
envolvimento com atos irregulares, o ex-presidente disse que, se for necessário
e o PT precisar, está disposto a ser novamente candidato a presidente da
República.
O petista não citou diretamente o depoimento do
aludido executivo, mas disse que, há três anos, é vítima de especulações sobre
seu suposto envolvimento ilícito com empresários e reafirmou que não há provas
contra ele.
Ele ressaltou que “Todo santo dia tem vazamentos mentirosos, alguns canalhas vazando as
coisas propositalmente, alguns canalhas divulgando da forma mais irresponsável
possível, isso cansou o Brasil”.
O petista enfatizou que duvida que haja algum
empresário no país, “preso ou livre”,
que diga que “o presidente Lula pediu
cinco centavos ou dez centavos para ele. Não posso ficar aceitando essa bobagem
de quando é que vão prender o Lula. Podem prender quem quiser para me
denunciar. Eu estou muito tranquilo e espero que apresentem uma prova contra
mim, só isso”.
Ele disse que espera a oportunidade para prestar depoimento
e que os acusadores precisam ter provas contra ele, para condená-lo, e não “convicção”, em alusão ao pronunciamento
do procurador-coordenador da força-tarefa da Operação Lava-Jato.
O ex-presidente tem depoimento marcado com o juiz
federal de Curitiba, no próximo dia 3, por responder a ação que é réu por
corrupção passiva e lavagem de dinheiro, no caso a que se referem o famoso tríplex
e o transporte de seu acervo pertinente à mudança do Palácio da Alvorada.
O petista reafirmou sua disposição de se candidatar
ao Palácio do Planalto, na próxima eleição, mas adiantou que a definição pende
da necessidade e da demanda de seu partido, ou seja, “Se for necessário, se o PT precisar, eu estou disposto a voltar a ser
candidato a presidente da República outra vez. Sinceramente, acho que o povo
brasileiro tem saudade do tempo em que eu fui presidente. Eles sabem que as
coisas foram melhores.”.
Ele disse ainda que se sente “muito preparado” para voltar a governar o país, tendo aproveitado
para atacar os adversários que pretendem concorrer ao cargo, sem citar nomes,
ao afirmar que “Quanto menos eu penso em
concorrer, mais eles me provocam e mais eu vou ficando com vontade de
concorrer. E eles sabem que eu sou capaz de consertar esse país. Não por mérito
meu, mas porque eu tenho capacidade de ouvir o povo”.
O ex-presidente criticou o presidente da República,
tendo afirmado que o governo do peemedebista está destruindo tudo aquilo que o
PT construiu durante o período em que esteve no poder.
Por último, ele se declarou otimista sobre o futuro
do país, porque já provou que ele pode ser melhor e sentenciou: “O povo não pode perder a esperança, estou
convencido que a gente pode consertar esse país como a gente já fez nos anos em
que eu governei o Brasil”.
É lamentável que o ex-presidente se baseie em fatos
do passado para propugnar pelo possível sucesso de sua candidatura à
Presidência do país, ao alegar inclusive “... que o povo brasileiro tem saudade do tempo em que eu fui presidente.
Eles sabem que as coisas foram melhores.”.
O petista precisa se conscientizar de que as
revelações da Lava-Jato, dando conta da total destruição moral do país,
ocorrida exatamente nos governos petistas, têm o condão de mudar por completo
esse quadro que ele pinta como sendo maravilhoso e que, por isso, os
verdadeiros brasileiros não se arriscariam, a exemplo do que já aconteceu no
último pleito eleitoral, em votar novamente em candidato com o sinete do PT, principalmente
nele, que carrega intermináveis queixas sobre possíveis envolvimento com a
corrupção, lembrando que seu partido foi transformado em símbolo da antiética e
da desmoralização, à luz das conclusões da citada operação.
Ademais, os fatos conspiram contra às pretensões
dele, ao mostrarem que os resultados dos governos petistas foram desastrosos,
tanto para a economia como para a moralidade, quando houve acentuada recessão,
juros elevados, inflação nas alturas, dívida pública impagável, desemprego
batendo recorde, falta de investimentos público e privado, descrédito das
agências de classificação de risco, retirada do capital estrangeiro,
precariedade da prestação dos serviços públicos, fisiologismo deletério, além
das mazelas referentes à infestação da corrupção, com os escândalos do mensalão
e do petrolão, que contribuíram para o flagelo do governo, que terminou sendo
afastado pela prática do crime de responsabilidade fiscal, por infringências às
normas de administração orçamentário-financeira.
O ex-presidente tem toda razão em repudiar os
vazamentos, mentirosos ou não, quanto mais que eles se referem a acusações
sobre fatos irregulares que jamais deveriam ter acontecido, em se tratando que
a pessoa acusada de os ter praticado tem o dever ético e moral de realmente
demonstrar retidão no exercício de cargos públicos.
O Brasil precisa muito acreditar nas palavras do
ex-presidente, que também há de entender que é racionalmente inconcebível que
alguém pretenda se candidatar ao principal cargo do país, mesmo respondendo a
cinco processos na Justiça, como réu, sob a grave acusação da prática de crimes
de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa, tráfico de
influência e obstrução à Justiça, tudo isso totalmente incompatível com o
exercício de cargo público, exatamente por haver dissonância com os princípios
da ética, moral, legalidade, dignidade, entre outros.
Possivelmente, nem nas republiquetas algum homem
público se atreveria a pensar em se candidatar estando em situação tão precária
como essa de ser denunciado na Justiça, em cinco processos, representando crimes
da maior gravidade contra a administração pública, sem que antes consiga
demonstrar a sua inculpabilidade, porque nada justifica que seja afrontada a
exigência constitucional segundo a qual os cargos públicos somente podem ser
exercidos por alguém que comprove conduta ilibada e não tenha qualquer registro
de mácula no seu currículo, quanto à prática de atos irregulares na vida pública.
Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 14 de abril de 2017
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