A
propósito de boatos disseminados na mídia, o ex-presidente tucano negou que tivesse
participado de qualquer articulação com o presidente da República e o
ex-presidente da República petista, com vistas a encontrarem mecanismos em
respaldo à sobrevivência política de seus partidos (PSDB, PMDB e PT), diante da
abertura dos inquéritos contra políticos, autorizada pelo Supremo Tribunal
Federal.
Além
dos mencionados homens púbicos, políticos das três legendas foram citados nas
delações dos executivos da construtora Odebrecht.
O
tucano afirmou que "Não participei e
não participo de qualquer articulação com o presidente Temer e com o
ex-presidente Lula para estancar ou amortecer os efeitos das investigações da
Operação Lava-Jato. Qualquer informação ou insinuação em contrário é mentirosa".
Dias
atrás, o jornal Folha de S.Paulo
noticiou que um ex-ministro do Supremo e um ministro em atividade dessa Corte
estão, desde o ano passado, conversando com os três políticos, com vistas ao
fechamento de pacto que garanta a sobrevivência política dos três principais
partidos brasileiros.
Não
obstante, o ex-presidente tucano disse ser favorável ao estabelecimento de
diálogo entre políticos e a sociedade diante do "desmoronamento" da ordem político-partidária e das "distorções" do sistema eleitoral,
tendo afirmado que "O diálogo em
torno do interesse nacional é o oposto de conchavos. Deve ser feito às claras
com o propósito de refundar as bases morais da política".
O
tucano disse ainda que é favorável ao prosseguimento das investigações, porque "De seus desdobramentos nada tenho a temer".
Ele
aproveitou o ensejo para se defender das declarações do patriarca do Grupo
Odebrecht, no acordo de delação premiada com a Lava-Jato, que teria dito que
pagou "vantagens indevidas não
contabilizadas" às campanhas presidenciais do tucano, em 1993 e 1997.
O
tucano declarou que não há menção a irregularidades na delação, tendo
assinalado que "Basta ouvir a
íntegra das declarações de Emílio Odebrecht em seu depoimento ao Judiciário para
comprovar que nelas não há referência a qualquer ilicitude por mim praticada
nas campanhas presidenciais de 1994 e 1998 (anos de início de
mandato)".
O
ex-presidente tucano concluiu reconhecendo que o país enfrenta "crise gravíssima com desdobramentos econômicos
e sociais imprevisíveis".
No
momento, a única articulação possível e aceitável é somente aquela no sentido
de se apoiar os imprescindíveis trabalhos da Operação Lava-Jato, com a
mobilização maciça da população, mostrando que essa é forma sensata e
inteligente de salvar o país das garras dos maus políticos e empresários.
Pensar
diferentemente disso não passa de traição e golpe aos interesses nacionais, que
foram maltratados e explorados por antipatriotas, que professavam práticas
bondosas, mas protagonizavam a destruição dos princípios da moralidade,
legalidade e dignidade, entre outros, conforme mostram os depoimentos
constantes das delações premiadas dos executivos da Odebrecht e as
investigações da força-tarefa da Operação Lava-Jato, que põem às claras o
verdadeiro sentimento de homens públicos e empresários inescrupulosos e
aproveitadores.
Os
referidos corruptos colocaram em prática a maior forma de violência contra os
cofres públicos, mediante o desvio de recursos públicos para partidos políticos
e seus bolsos e ainda, de forma dissimulada, muitos tentam se passar por vítima
e reclamam da submissão ao castigo da perseguição política, quando deveriam ter
a dignidade de assumir a responsabilidade por seus atos deletérios, à vista dos
fatos delatados.
É
lamentável que, diante da dureza da realidade dos fatos, que até pode haver
alguma ou outra informação incorreta, mas certamente a sua maioria corresponde exatamente ao que teria
acontecido, alguns homens públicos ainda se voltem contra os importantes trabalhos
da Lava-Jato, que têm sido a única forma de se tentar passar este país a limpo,
mostrando que essa fornada de maus políticos já demonstrou a sua têmpera, a sua
índole, absolutamente contrária aos interesses nacionais, conquanto a absoluta
dominação das classes política e social e a conquista do poder foram seus
únicos projetos políticos, tendo empregado os métodos mais rasteiros e
medíocres para o atingimento de seus objetivos, inclusive a organização de
esquemas de corrupção para a viabilização e a manutenção de suas vis
finalidades políticas.
É
extremamente lamentável que o Brasil padeça de legislação dura para punir com
severidade os péssimos políticos, inclusive bani-los, em definitivo, da vida
pública, além das condenações pertinentes ao ressarcimento dos prejuízos
causados ao patrimônio dos brasileiros e reclusões pelos crimes praticados,
como forma de exemplar lição pedagógica para as futuras gerações de homens
públicos, que precisam se conscientizar sobre a verdadeira finalidade do
exercício de cargos públicos, que exige sobretudo estrita observância aos
princípios constitucionais da administração pública, como forma de satisfazer
plenamente o interesse público.
Na
atual conjuntura, quem quer que se posicione contrariamente à continuidade dos
trabalhos da Operação Lava-Jato confessa apoio à corrupção e à impunidade e
ainda conspira contra o seu futuro político, por se tratar de procedimento
extremamente adverso aos anseios dos verdadeiros brasileiros, diante do tanto
de dinheiro já desviado dos cofres públicos por meio desse esquema canceroso
tão prejudicial ao interesse público. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 18 de abril de 2017
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