terça-feira, 18 de abril de 2017

Articulação ou conchavo?

A propósito de boatos disseminados na mídia, o ex-presidente tucano negou que tivesse participado de qualquer articulação com o presidente da República e o ex-presidente da República petista, com vistas a encontrarem mecanismos em respaldo à sobrevivência política de seus partidos (PSDB, PMDB e PT), diante da abertura dos inquéritos contra políticos, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal.
Além dos mencionados homens púbicos, políticos das três legendas foram citados nas delações dos executivos da construtora Odebrecht.
O tucano afirmou que "Não participei e não participo de qualquer articulação com o presidente Temer e com o ex-presidente Lula para estancar ou amortecer os efeitos das investigações da Operação Lava-Jato. Qualquer informação ou insinuação em contrário é mentirosa".
Dias atrás, o jornal Folha de S.Paulo noticiou que um ex-ministro do Supremo e um ministro em atividade dessa Corte estão, desde o ano passado, conversando com os três políticos, com vistas ao fechamento de pacto que garanta a sobrevivência política dos três principais partidos brasileiros.
Não obstante, o ex-presidente tucano disse ser favorável ao estabelecimento de diálogo entre políticos e a sociedade diante do "desmoronamento" da ordem político-partidária e das "distorções" do sistema eleitoral, tendo afirmado que "O diálogo em torno do interesse nacional é o oposto de conchavos. Deve ser feito às claras com o propósito de refundar as bases morais da política".
O tucano disse ainda que é favorável ao prosseguimento das investigações, porque "De seus desdobramentos nada tenho a temer".
Ele aproveitou o ensejo para se defender das declarações do patriarca do Grupo Odebrecht, no acordo de delação premiada com a Lava-Jato, que teria dito que pagou "vantagens indevidas não contabilizadas" às campanhas presidenciais do tucano, em 1993 e 1997.
O tucano declarou que não há menção a irregularidades na delação, tendo assinalado que "Basta ouvir a íntegra das declarações de Emílio Odebrecht em seu depoimento ao Judiciário para comprovar que nelas não há referência a qualquer ilicitude por mim praticada nas campanhas presidenciais de 1994 e 1998 (anos de início de mandato)".
O ex-presidente tucano concluiu reconhecendo que o país enfrenta "crise gravíssima com desdobramentos econômicos e sociais imprevisíveis".
No momento, a única articulação possível e aceitável é somente aquela no sentido de se apoiar os imprescindíveis trabalhos da Operação Lava-Jato, com a mobilização maciça da população, mostrando que essa é forma sensata e inteligente de salvar o país das garras dos maus políticos e empresários.
Pensar diferentemente disso não passa de traição e golpe aos interesses nacionais, que foram maltratados e explorados por antipatriotas, que professavam práticas bondosas, mas protagonizavam a destruição dos princípios da moralidade, legalidade e dignidade, entre outros, conforme mostram os depoimentos constantes das delações premiadas dos executivos da Odebrecht e as investigações da força-tarefa da Operação Lava-Jato, que põem às claras o verdadeiro sentimento de homens públicos e empresários inescrupulosos e aproveitadores.
Os referidos corruptos colocaram em prática a maior forma de violência contra os cofres públicos, mediante o desvio de recursos públicos para partidos políticos e seus bolsos e ainda, de forma dissimulada, muitos tentam se passar por vítima e reclamam da submissão ao castigo da perseguição política, quando deveriam ter a dignidade de assumir a responsabilidade por seus atos deletérios, à vista dos fatos delatados.
É lamentável que, diante da dureza da realidade dos fatos, que até pode haver alguma ou outra informação incorreta, mas certamente a sua maioria  corresponde exatamente ao que teria acontecido, alguns homens públicos ainda se voltem contra os importantes trabalhos da Lava-Jato, que têm sido a única forma de se tentar passar este país a limpo, mostrando que essa fornada de maus políticos já demonstrou a sua têmpera, a sua índole, absolutamente contrária aos interesses nacionais, conquanto a absoluta dominação das classes política e social e a conquista do poder foram seus únicos projetos políticos, tendo empregado os métodos mais rasteiros e medíocres para o atingimento de seus objetivos, inclusive a organização de esquemas de corrupção para a viabilização e a manutenção de suas vis finalidades políticas.
É extremamente lamentável que o Brasil padeça de legislação dura para punir com severidade os péssimos políticos, inclusive bani-los, em definitivo, da vida pública, além das condenações pertinentes ao ressarcimento dos prejuízos causados ao patrimônio dos brasileiros e reclusões pelos crimes praticados, como forma de exemplar lição pedagógica para as futuras gerações de homens públicos, que precisam se conscientizar sobre a verdadeira finalidade do exercício de cargos públicos, que exige sobretudo estrita observância aos princípios constitucionais da administração pública, como forma de satisfazer plenamente o interesse público.
Na atual conjuntura, quem quer que se posicione contrariamente à continuidade dos trabalhos da Operação Lava-Jato confessa apoio à corrupção e à impunidade e ainda conspira contra o seu futuro político, por se tratar de procedimento extremamente adverso aos anseios dos verdadeiros brasileiros, diante do tanto de dinheiro já desviado dos cofres públicos por meio desse esquema canceroso tão prejudicial ao interesse público. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
          Brasília, em 18 de abril de 2017

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