O
Supremo Tribunal Federal homologou as delações premiadas do marqueteiro da
ex-presidente da República petista, nos anos de 2010 e 2014, e da esposa dele,
motivando com isso a convocação deles para depor no processo da cassação, pelo Tribunal
Superior Eleitoral, da chapa PT/PMDB, da última eleição presidencial.
Diante
disso, a ex-presidente, naturalmente incomodada diante da verdade sobre possíveis
sujeiras acontecidas nas suas campanhas eleitorais, antecipou-se à revelação do
conteúdo dos depoimentos de seus ex-colaboradores, lembrando do seu carinho
pelo marqueteiro, mas tendo dito que terá "muita dificuldade" se ele falar mentiras sobre ela por ocasião
da delação premiada, à vista do que o casal amigo tem sob segredo, por ter sido
responsável pelo marketing das vitoriosas campanhas eleitorais dela.
A
ex-presidente, segundo informações obtidas por uma famosa colunista política,
já teria esmiuçado o depoimento do ex-presidente da Odebrecht ao TSE e escrito
comentários sobre cada fato, tendo chegado à conclusão de que não acredita na
existência de conta corrente entre o construtor e a campanha dela, mas sim entre
ele "e quem dirigia a operação do
João Santana, que todos diziam que era a Mônica Moura".
A
referida conclusão simplista teria sido extraída de partes do depoimento do
executivo da Odebrecht, que "... pagava
ao João Santana dois, três anos depois (de serviços prestados em campanhas
eleitorais). Se é verdade isso, há uma
conta corrente, porque tem fluxo constante de caixa".
Ainda
segundo a colunista, a ex-presidente também refuta a afirmação do empreiteiro
de que foram pagos o valor de R$ 20 milhões ao seu marqueteiro, por meio do
caixa dois, pelo marketing da campanha presidencial de 2014. Ela não se
conforma com a situação e insiste na pergunta: "Por que eu pagaria R$ 70 milhões para o João Santana em caixa um (valor
declarado oficialmente ao TSE) e R$ 20
milhões em caixa dois? Por que, hein?".
Acontece
que os fatos falam por si sós e estão devidamente comprovados e documentados
pelo executivo da empreiteira que bancou o mar de sujeira das campanhas
eleitorais do partido que vem sendo culpado por toda imundície que abalou as
estruturas econômico-financeiras da Petrobras, cujos fatos já foram
reconhecidos pelo então marqueteiro, nos termos da sua delação.
Não
se pode olvidar que o delator a que a ex-presidente se refere é a mesma pessoa
que a orientava, na campanha da reeleição dela, a contar longa e duradoura
história mentirosa de que o Brasil se encontrava às mil maravilhas, com a
economia surfando em mar de marinheiro, sem necessidade de ajustes no futuro,
como afirmava, nem fiscal e muito menos econômico, quando, naquela época, as
contas públicas já demonstravam astronômicos rombos, em razão justamente das
absurdas pedaladas fiscais que, enfim, foram responsáveis, em muita boa hora,
pelo impeachment dela.
É
bom que o marqueteiro da ex-presidente tenha falado somente a verdade agora,
porque, diferentemente da época das mentiras que rolavam soltas durante a
campanha eleitoral, em benefício dela, que foi reeleita talve4z por conta disso,
a Justiça está nos calcanhares dele agora, que precisa agir, desta feita, com
dignidade e honestidade, principalmente porque o caso não diz respeito mais ao
processo da reeleição, mas de se dizer somente a verdade, sob pena de a
implacabilidade do juiz da Lava-Jato o deixar incomunicável pelo resto da sua
vida, em que pese ser ter sido excelente comunicador, em nome das devastadoras
mentiras que tanto prejudicaram os interesses nacionais.
Ao
invés de indagar acerca da regularidade dos pagamentos de campanha, cumpre à
ex-presidente prestar contas à sociedade sobre seus atos na vida pública, por
meio da apresentação de documentos e elementos juridicamente válidos, que
comprovem a lisura de sua gestão no comando da nação, demonstrando o origem
lícita de todos os recursos utilizados nas suas campanhas eleitorais, inclusive
aqueles destinados ao pagamento de seu principal assessor, responsável pelas
mentiras disseminadas de forma absurda e irresponsável, que foram todas
desmascaradas logo no início do seu segundo mandato, com os ajustes fiscal e
econômico que havia sido negados na campanha eleitoral. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 8 de abril de 2017
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