O principal executivo da empreiteira Odebrecht, que
é fiel amigo do maior político brasileiro da atualidade e que sempre o cobriu
de mimos e agrados, com presentes e muita propina, conforme as delações de seu
grupo empresarial, disse que “Lula é um
bon vivant. Não tem nada de esquerda. Gosta de coisa boa!”.
O mencionado empresário disse que colocou à
disposição do “amigo” uma conta recheada
de propina, com a “bagatela” de R$ 40 milhões, livres para retiradas de
dinheiro a qualquer hora, além de bancar reformas de sítio, contratação de palestras
a preços exorbitantes e injustificáveis, outras vantagens sem fundamento, tudo
em troca de vantagens pela influência do poder dele.
Segundo o empreiteiro havia orientação sua para
ajudar quem o político pedisse, tudo em torno dos favores mútuos, onde todos se
beneficiavam, podiam ser para filho, irmão, sobrinho, amigo, partido etc., em
demonstração de extrema promiscuidade com o dinheiro público.
Ainda
na década de oitenta, um famoso político teria dito, muito apropriadamente, que
“o mau de Lula é que ele parece gostar de
viver de obséquios” e isso fica explícito nas referidas delações, deixando
à mostra a forma espúria de quem se diz ser a pessoa mais honesta da face da
Terra, fato que não se compatibiliza sequer com citação sobre envolvimento em
atos ilícitos, porque honestidade está fora de qualquer suspeita.
O político é do tipo de jactava-se com facilidade
de estar sempre ao lado bons amigos, que estão sempre prontos a atender aos
pedidos, do mesmo modo como ele correspondia em favorecimentos às benesses
recebidas, em fidelidade às generosas amizades construídas ao longo da sua vida
pública, em uma relação tão próxima como extremamente promíscua, conforme
mostram as delações exaustivamente narradas na mídia, por seus autores.
Conforme as aludidas delações, a sua ambição
política foi capaz de causar incalculáveis prejuízos ao patrimônio da
Petrobras, pelo desvio de montanhas de recursos para atender aos acordos
previstos nos esquemas criminosos, integrados por partidos políticos e
inescrupulosos políticos e executivos.
Está bastante demonstrado que o político instaurou sólidos
esquemas de corrupção como política de Estado, de tal modo que os desvios de
recursos se alastraram como praga nas estatais e passaram a ter conotação de
endemia, que foram institucionalizados, para servir aos seus interesses
consubstanciados nos seus bisonhos projetos políticos de dominação das classes
política e social e de conquista do poder.
Com dificuldades para se defender, apenas alegando
que não existem provas contra ele, o político gostaria mesmo é que tudo fosse às
favas, levando consigo os princípios que devem permear a gestão dos recursos
públicos, de modo que, em um passe de mágica, esse lado podre fosse soterrado,
passando a existir somente a bonança e a esperança de dias melhores.
Ele costuma contestar as acusações e denúncias,
assegurando que elas são fruto de mentiras e invenções absurdas, normalmente
ditas por quem quer agradar a Justiça, para se beneficiar com suaves penalidades,
ou seja, em termos de verdade, somente a dele faz sentido e precisa prevalecer,
embora as provas que o incriminam são fartas e estão documentadas com fartura.
Poderia constituir uma fábula bastante interessante
com a montagem de conluio com base em argumentos concatenados pelos delatores,
que descrevem com minudência e requinte de detalhes as falcatruas
protagonizadas pelo político, que finge, como um dos melhores atores, não dá
crédito aos fatos com a robusteza e precisão jamais vistas no cenário policial.
Não obstante, ele tem reclamado, com insistência, das
noites insones, “sonhando” acordado com o momento de ser, enfim, preso, o que,
quando acontecer, já vem muito tarde, considerando que outros políticos e
executivos com muitíssimo potencial de delinquência, já foi preso há bastante
tempo e estão estudando forma para se safar de suas falcatruas.
Recentemente, um companheiro de mesma ideologia
socialista, tendo se desencantado com os rumos tomados pelo político, reclamou
do partido dele e do seu criador, com a manifestação dura de muita insatisfação,
dizendo que “simplesmente não pode manter
as mãos fora da caixa registradora… que está roubando o tempo todo”,
fazendo alusão àquele que fora seu grande ídolo, no passado.
O político imagina que pode vencer a Justiça no
grito e, para tanto, ele acredita na mobilização da militância e de simpatizantes,
que enxergam nele verdadeira divindade, a despeito de seus pecados revelados
pelas delações, para se entrincheirarem em protestos nas imediações da sede da
Polícia Federal, em Curitiba, onde, no próximo dia 10, vai ocorrer o que estão chamando
de “embate do século” entre o
paladino da Justiça e o todo-poderoso.
A veneração ao político é tão desmedida que a lei, que
lei, que nada, porque ela não é simplesmente aplicável ao cacique, porque ele
tem a alma mais honesta do planeta e não pode ser enquadrado nas leis dos
homens, que são obrigados a respeitar a sua autoridade suprema, não podendo pairar
dúvidas sobre seus atos na vida pública, sob pena de desprezo à divindade, que não
erra, não mente nem comete deslizes.
A sua honestidade se baseia no princípio de que,
sob sua peculiar ótica, ele seria incapaz de pedir um centavo a alguém e, por
isso, não teria como sequer se insinuar que teria se beneficiado de propina ou
de qualquer forma de benefício ilícito, como também não foi da sua autoria a
armação de organização criminosa nem de quadrilha destinada a desviar recursos
públicos.
Enfim,
em que pese a quantidade volumosa de informações, a enxurrada de evidências, a carrada
de provas colimadas e tudo o mais que não deixa o mínimo de dúvida quanto à
participação do político em esquema criminoso de desvio de recursos públicos, sem
que nada de prova tenha sido apresentada em contestação às denúncias, fiéis
ingênuos e desinformados ainda insistem em acreditar na inocência de quem
apenas se esforça com a sua singular capacidade para que o país mantenha o status quo da impunidade e da completa
desmoralização, como acontece normalmente nas republiquetas. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 29 de abril de 2017
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