sábado, 22 de abril de 2017

Demonstração de insensatez

Conforme pesquisa CUT/Vox Populi, o ex-presidente da República petista desponta como favorito para vencer a próxima eleição presidencial, em todos os cenários de primeiro e segundo turnos, de acordo com o Estadão.
A pesquisa foi realizada entre os dias 6 e 10 do fluente mês e divulgada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), que é entidade umbilicalmente ligada ao Partido dos Trabalhadores.
Em possível disputa com o senador tucano, o petista aparece com 44% das intenções de voto, contra 9% do tucano. Em dezembro do ano passado, pesquisa apontou que o petista teria 37% dos votos, contra 13% do senador mineiro. Já o deputado federal ex-militar, do RJ, subiu de 7% para 11% na mesma comparação, enquanto a ambientalista se manteve com apenas 10% e o ex-governador do Ceará teve 4% dos pesquisados.
Se o governador de São Paulo fosse o opositor do petista, este também venceria com 45% dos votos; contra 12% do deputado ex-militar; 11% da ambientalista; 6% do governador tucano; e 4% do ex-governador do Ceará.
Em disputa com o prefeito de São Paulo, do PSDB, este teria 5% das intenções de voto, enquanto o petista atingiria 45% e a ambientalista e o ex-militar chegariam a 11% das intenções de voto.
A pesquisa também fez simulações de eventual segundo turno e o petista venceria em todos os cenários, a começar contra o prefeito de São Paulo, que seria 53% a 16%. Contra o governador de São Paulo, ele teria 51% contra 17%. Se o candidato fosse o senador tucano, o ex-presidente levaria 50% contra 17%. Já se a oponente fosse a ambientalista, o petista venceria por 49% a 19%.
Em simulação de voto espontâneo, quando os entrevistados apontam em quem votariam sem que sejam citados previamente os nomes, o petista teria 36% das intenções de voto; o prefeito de São Paulo aparece com 6%; o tucano mineiro com 3%; a ambientalista com 2%; o ex-presidente tucano e o governador de São Paulo com 1%.
Em que pese a pesquisa mostrar vitória em todos os cenários, 66% dos entrevistados disseram que o ex-presidente teria cometeu erros, mas fez "muito mais coisas boas pelo povo e pelo Brasil".
A pesquisa revela que 58% dos entrevistados acham que a vida melhorou com o governo dos petistas; outros 13% disseram que piorou; e 28% responderam que nem melhorou, nem piorou.
Os autores da pesquisa em apreço esclarecem que foram ouvidas 2.000 pessoas, em 118 municípios dos Estados e do Distrito Federal.
À toda evidência, a presente pesquisa mostra que muitos brasileiros não têm vergonha na cara nem a menor pressa para exigir mudança a ser operada no atual quadro político, completamente desacreditado e cercado de múltiplas suspeitas da prática de atos deletérios e contrários ao interesse público, sendo que alguns políticos cotados para ganhar a eleição presidencial não conseguem sair das páginas policiais diárias, sob permanente acusação de comandar e se beneficiar de esquema criminoso, para desvio de recursos para partidos políticos e bolsos de importantes inescrupulosos homens públicos.
Causa espanto se verificar que aqueles que são favoráveis a que o Brasil volte a ser comandado por político que não consegue se desvencilhar das investigações objeto da Operação Lava-Jato, em clara demonstração de que o país merece a continuidade das organizações criminosas no centro do poder e o império da impunidade, em evidência de que o retrocesso político-administrativo faz parte de um povo sem brio e sem caráter, por preferir apoio políticos que já demonstraram total desprezo à dignidade e às boas condutas na vida pública.
O Brasil mostra, com o resultado dessa pesquisa, que tem parte da população absolutamente sem vergonha e sem caráter, por continuar apoiando os políticos destituídos de idoneidade e dignidade na vida pública, à vista de seu envolvimento em uma série de casos suspeitos de irregularidades, que não condizem com a representatividade política.
É lamentável que a presente pesquisa se preste a estimular a classe política que, mesmo participando de casos de corrupção, conforme mostram as delações e as investigações, ainda se acha com direito a continuar como salvadora da pátria, quando, ao contrário, ela somente merece o desprezo dos brasileiros, pelo tanto de destruição e de danos causados ao povo, diante das montanhas de recursos desviados dos programas de incumbência do Estado.
          Se o resultado da pesquisa em causa for verdadeiro, este país pode fechar as portas também para o mundo, porque a opinião pública internacional tinha a esperança de que as investigações da Lava-Jato pudessem transformar a nação campeão de corrupção em uma pátria séria, sadia, decente, digna e honesta, principalmente com a eliminação sumária da vida pública dos maus políticos, notadamente aqueles que sempre estiveram no olho do furação das suspeitas e denúncias sobre práticas de atos irregulares, na forma das roubalheiras de que tratam o mensalão e o petrolão, que foram capazes de movimentar os maiores esquemas de desvios de recursos públicos da história.
Caso os fatos irregulares tivessem acontecidos em país com o mínimo de seriedade, civilidade e evolução humana e democrática, os políticos envolvidos com as imoralidade, desonestidade e indignidade já estariam eliminados, em definitivo, das atividades públicas, presos e condenados ao ressarcimento dos prejuízos causados aos brasileiros, como forma não somente de moralização dos princípios da administração pública, mas também como lição exemplar e pedagógica para as novas gerações de homens públicos, que precisam aprender que as funções públicas exigem sobretudo respeito aos conceitos de legalidade, idoneidade, dignidade e demais condutas que se harmonizem exclusivamente com a satisfação do interesse público. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 22 de abril de 2017

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