A
batalha declarada contra o governo do peemedebista, tendo pelo lado da oposição
a tropa petista, integrada basicamente por militantes partidários, sindicalistas
e movimentos sociais, sob o comando do ex-presidente da República petista, tem
por principal arma argumentos respaldados e construídos com a argamassa da
mentira e da inconsistência, conforme mostram os fatos.
Em
que pese a constitucionalidade do impeachment da ex-presidente da República
petista, inclusive merecedor da chancela do Supremo Tribunal Federal, não tem
sido outra estratégia, desde o tiro fatal, senão a tentativa de qualificar o
ato de que se trata como “golpe”, fato que contraria o entendimento jurídico
segundo o qual o processo pertinente seguiu, na sua integralidade, o regramento
disposto na Lei Maior do país.
Em
consonância com essa linha tênue de se procurar a destruição da verdade, a
oposição insistiu em alardear que as medidas referentes ao teto para os gastos
públicos tinham o objetivo de tirar recursos da saúde e da educação, em que
pese a legislação aprovada desmentir por completo a tentativa de distorcer a realidade
dos fatos.
Na
verdade, o estabelecimento de teto para as despesas públicas suscitou enorme
incômodo para a turma do governo afastado, que estava acostumada a gastar de
forma irresponsável e imprudente, ou seja, em visível desrespeito aos
princípios orçamentário-financeiros, em consonância com as pedaladas fiscais,
cujos gastos sempre extrapolavam as metas e os limites fiscais, como se isso
fosse considerado normal.
O
plano de contestação contra as ações do atual governo se volta agora para a
reforma da Previdência, que vem sendo arquitetado sob o pretexto de
desestabilizá-lo e sabotar os esforços para o reequilíbrio das contas públicas,
bastante destruídas nos mandatos petistas.
Prova
disso é a publicação de vídeo do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), ligado
ao PT, narrado por ator simpatizante dessa entidade, que resume a agressiva e
irresponsável argumentação contrária à reforma, ao afirmar que “querem que você morra sem se aposentar”,
com base na ideia de mostrar que ela, em síntese, vai acabar com as
aposentadorias, i.e.: “A reforma
interessa apenas aos donos do dinheiro no país e ataca duramente os
trabalhadores. Eles querem acabar com o direito à aposentadoria para milhões de
brasileiros e brasileiras”.
A
artilharia de mentiras e críticas assegura que o limite de idade mínima de 65
anos para a aposentadoria é prejudicial ao trabalhador, porque, no Brasil, “Muitos morrem antes disso. Vão transformar o INSS numa funerária”.
A
proposta do governo, certa ou errada, tem por base, segundo estudos do IBGE, a
sobrevida do brasileiro que tem 65 anos, que varia, em média, de 18 anos, fato
que, em tese, discrepa da ideia difundida pelo MTST, segundo a qual o
trabalhador morreria antes de se aposentar, diante da expectativa de vida.
O
citado vídeo mostra a tentativa de inviabilizar a aprovação da reforma em
apreço, fazendo duras críticas às suas diretrizes, quando, ao invés disso, os
organismos realmente representativos da classe trabalhadora, não
especificamente o PT, que é responsável por índice alarmante de desemprego,
poderiam sugerir medidas de aperfeiçoamento das propostas, por meio de
sugestões, acompanhadas das devidas justificativas, como forma de contribuir
para adequar o texto à realidade do trabalhador brasileiro.
Por
seu turno, os sindicatos ligados ao PT tentaram paralisar diversas capitais
brasileiras, com incitação a greves em serviços de transporte, para obrigar as
pessoas a ouvir as suas surradas palavras de ordem, com a presença da sua estrela-mor,
que se esforçou, aos gritos, para dizer que “o golpe se presta a acabar com conquistas da classe trabalhadora”.
Em
que pese a real dificuldade orçamentária para suportar os elevadíssimos custos
da Previdência, que é administrada, de longa data, aos trancos e barrancos sob
a tutela da incompetência gerencial e de gestão, inclusive no comando de
caciques políticos que declaravam nada entender de previdência, o governo
demonstrou tremendo despreparo para conduzir esse processo de imprescindível
reformulação da Previdência.
Não
há dúvida de que o envio do projeto de reforma ao Congresso Nacional deveria
ter sido precedido de exaustivos estudos e esclarecimentos à opinião pública,
com base em elementos técnicos suficientemente capazes de mostrar a real
situação falimentar do sistema, que não tem mais saúde financeira para se
manter nas condições atuais.
É
bastante difícil defender propostas que mexem com algo tão importante como a
aposentadoria dos brasileiros, conquanto o sistema se arrasta de muito tempo
sob pesado rombo nas suas contas, causado por déficits sobre seguidos déficits
de bilhões de reais, cujas perspectivas são as piores possíveis se nada for
implementado no sentido de contornar os gargalos identificados nas propostas
que precisam ser discutidas, principalmente pelas partes afetadas e envolvidas
na questão, com vista ao entendimento sob o prisma da civilidade e da
razoabilidade, com visão para o futuro.
Na
contramão sobre a necessidade dos devidos esclarecimentos quanto os fatos
pertinentes, uma juíza federal de Porto Alegre decidiu suspender campanha do
governo sobre a reforma da Previdência, sob a alegação de que ela configura “uso inadequado de recursos públicos e viola os princípios democráticos”, por
enaltecer a necessidade das mudanças e “enfraquecer
os argumentos diferentes”.
Ou
seja, enquanto a oposição tem a liberdade para criticar a reforma em causa, com
argumentos, em princípio, sem a menor consistência técnica e/ou jurídica, o
governo é proibido de defender, mesmo de forma precária, as medidas propostas para
tentar equilibrar as contas do setor.
Entrementes,
causa perplexidade o fato de que, quando o PT estava no governo, seus então
presidentes defendiam, de maneira enfática, a reforma em comento, tendo
conseguido aprovar, no início da gestão petista, o que deveria ter sido o
começo de significativa reforma, inclusive obrigando que os aposentados do
serviço público voltassem a recolher para a Previdência Social.
A
propósito, no limiar de 2016, o ex-presidente se posicionou favorável ao
aumento da idade mínima, tendo afirmado, de forma didática, que “A Previdência, de vez em quando, deve ser
reformada. Quando a lei foi criada, se morria com 50 anos. Hoje, a expectativa
de vida é de 75 anos”.
Urge
que os brasileiros se conscientizem sobre a verdadeira mentalidade dos homens
públicos, quanto ao seu real sentimento de dignidade político-administrativa,
que normalmente é aflorado ao calor da conveniência política, objetivando não a
satisfação do interesse público, mas a realização de seus projetos políticos de
conquista do poder, não importando os fins empregados para o atingimento dos
meios objetivados. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 13 de abril de 2017
Nenhum comentário:
Postar um comentário