segunda-feira, 10 de abril de 2017

Insensato alerta

O ex-ministro da Casa Civil da Presidência da República, nos governos petistas, tem alertado a aliados do PT, que o visitam na prisão, em Curitiba, que o partido deveria estar mais atento ao risco de os ex-presidentes do partido serem presos após as delações do publicitário e marqueteiro do partido e da sua mulher.
De acordo com a coluna Painel da Folha de S. Paulo, o ex-ministro disse a mais de um interlocutor que o PT deveria se adiantar e organizar grandes manifestações com a colaboração de movimentos sociais e grupos da sociedade civil, em defesa dos ex-presidentes, como se eles fossem pobres coitados perseguidos e estivessem imunes às investigações.
O ex-ministro entende que os ex-presidentes devem ser os principais alvos da delação dos ex-marqueteiros do partido, que buscam se beneficiar da colaboração prestada à Justiça, com a redução de suas condenações, pela prática de atos irregulares.
Embora tenha alegado inocência, o ex-ministro se encontra preso no Complexo Médico Penal, em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, desde agosto de 2015, por força da operação "Pixuleco" da Operação Lava-Jato, já tendo sido condenado pelo juiz de Curitiba a 23 anos e três meses de prisão, pelos crimes de corrupção passiva, participação em organização criminosa e lavagem de dinheiro.
É sintomático que o alerta sobre a possibilidade de prisão dos caciques petistas presume-se que eles tenham praticado irregularidades graves, que podem ser reveladas pelos citados marqueteiros, nas suas delações.
Por seu turno, ao contrário do alerta em tela, convém se atentar que todo homem público tem o dever constitucional de prestar contas sobre seus atos praticados na vida pública, não sendo o caso de se preocupar em recorrer ao recurso ilícito da blindagem por meio de militantes partidários e movimentos sociais, na vã e artificiosa tentativa de empanar a realidade sobre os fatos.
É bastante estranho e muito complexo tentar se entender o que seja moralidade sob a concepção dos integrantes do partido que se dizia o mais ético da face da Terra, quando seus principais líderes estão cada vez mais encurralados e desesperados diante das delações premiadas que a todo instante ameaçam tirar a tranquilidade daqueles, em que pese a garantia de ser o suprassumo da ostentação da honestidade, mas se desestruturam visivelmente diante da possibilidade da transparência de algum depoimento a revelar os malfeitos de suas gestões, que não resistem às delações nem mesmo de quem já foi íntimo aliado.  
O alerta do ex-ministro e ex-todo-poderoso do PT, que já foi condenado à prisão pela prática de corrupção e se encontra preso, contradiz o que o principal político vem afirmando ser a pessoa mais honesta do planeta, dando a entender que essa honestidade não resiste à mera delação por parte de quem já foi fiel amigo e colaborador, ou seja, o seu então marqueteiro, que parece não ter suportado manter, indefinidamente, somente para si os podres e as indecências que levaram às conquistas eleitorais do pior partido da história republicana, na opinião dos integrantes da força-tarefa da Operação Lava-Jato.
Agora, é muito estranho que o alerta sugira que os militantes petistas se mobilizem para defender aqueles que teriam cometido falcatruas, quando compete aos próprios denunciados se prepararem para refutar possíveis acusações ou denúncias sobre corrupções e comprovar, em contestação, as suas inculpabilidades acerca das eventuais irregularidades praticadas.
Ao contrário, se confirmadas as denúncias sobre a prática de irregularidades nos depoimentos da delação, a sociedade organizada precisa ter vergonha na cara para exigir que os envolvidos tenham a dignidade de se defender e de provar as suas inocências quanto aos casos denunciados, à vista da relevância dos cargos por eles ocupados.
Não há a menor dúvida de que o Brasil precisa ser passado a limpo, principalmente com a busca e a revelação da verdade sobre os acontecimentos espúrios e prejudiciais aos interesses dos brasileiros, e não é com alertas absurdos e estapafúrdios feitos por corrupto preso que esse objetivo seja alcançado, com vistas à mobilização de pessoas destinadas a calar aqueles que vêm se esforçando para esclarecer fatos denunciados.
Os reais brasileiros, que amam a pátria, têm que se conscientizar de que aqueles que são acusados de terem afundado o país e, por consequência, responsabilizados pela desmoralização dos princípios republicanos, recessão econômica e potencialização do desemprego, entre outras mazelas econômica e administrativa, precisam assumir as culpas pelas tragédias que causaram à nação, visivelmente com irreparáveis danos aos interesses dos brasileiros. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 10 de abril de 2017

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