O ex-ministro da Casa Civil da Presidência da
República, nos governos petistas, tem alertado a aliados do PT, que o
visitam na prisão, em Curitiba, que o partido deveria estar mais atento ao
risco de os ex-presidentes do partido serem presos após as delações do
publicitário e marqueteiro do partido e da sua mulher.
De acordo com a coluna Painel da Folha de S. Paulo, o ex-ministro disse a
mais de um interlocutor que o PT deveria se adiantar e organizar grandes
manifestações com a colaboração de movimentos sociais e grupos da sociedade
civil, em defesa dos ex-presidentes, como se eles fossem pobres coitados
perseguidos e estivessem imunes às investigações.
O ex-ministro entende que os ex-presidentes devem
ser os principais alvos da delação dos ex-marqueteiros do partido, que buscam
se beneficiar da colaboração prestada à Justiça, com a redução de suas
condenações, pela prática de atos irregulares.
Embora tenha alegado inocência, o ex-ministro se
encontra preso no Complexo Médico Penal, em Pinhais, na região metropolitana de
Curitiba, desde agosto de 2015, por força da operação "Pixuleco" da
Operação Lava-Jato, já tendo sido condenado pelo juiz de Curitiba a 23 anos e
três meses de prisão, pelos crimes de corrupção passiva, participação em
organização criminosa e lavagem de dinheiro.
É sintomático que o alerta sobre a possibilidade de
prisão dos caciques petistas presume-se que eles tenham praticado
irregularidades graves, que podem ser reveladas pelos citados marqueteiros, nas
suas delações.
Por seu turno, ao contrário do alerta em tela,
convém se atentar que todo homem público tem o dever constitucional de prestar
contas sobre seus atos praticados na vida pública, não sendo o caso de se
preocupar em recorrer ao recurso ilícito da blindagem por meio de militantes
partidários e movimentos sociais, na vã e artificiosa tentativa de empanar a
realidade sobre os fatos.
É bastante estranho e muito complexo tentar se
entender o que seja moralidade sob a concepção dos integrantes do partido que
se dizia o mais ético da face da Terra, quando seus principais líderes estão
cada vez mais encurralados e desesperados diante das delações premiadas que a
todo instante ameaçam tirar a tranquilidade daqueles, em que pese a garantia de
ser o suprassumo da ostentação da honestidade, mas se desestruturam visivelmente
diante da possibilidade da transparência de algum depoimento a revelar os
malfeitos de suas gestões, que não resistem às delações nem mesmo de quem já
foi íntimo aliado.
O
alerta do ex-ministro e ex-todo-poderoso do PT, que já foi condenado à prisão
pela prática de corrupção e se encontra preso, contradiz o que o principal
político vem afirmando ser a pessoa mais honesta do planeta, dando a entender
que essa honestidade não resiste à mera delação por parte de quem já foi fiel amigo
e colaborador, ou seja, o seu então marqueteiro, que parece não ter suportado
manter, indefinidamente, somente para si os podres e as indecências que levaram
às conquistas eleitorais do pior partido da história republicana, na opinião
dos integrantes da força-tarefa da Operação Lava-Jato.
Agora,
é muito estranho que o alerta sugira que os militantes petistas se mobilizem
para defender aqueles que teriam cometido falcatruas, quando compete aos
próprios denunciados se prepararem para refutar possíveis acusações ou
denúncias sobre corrupções e comprovar, em contestação, as suas
inculpabilidades acerca das eventuais irregularidades praticadas.
Ao
contrário, se confirmadas as denúncias sobre a prática de irregularidades nos
depoimentos da delação, a sociedade organizada precisa ter vergonha na cara
para exigir que os envolvidos tenham a dignidade de se defender e de provar as
suas inocências quanto aos casos denunciados, à vista da relevância dos cargos
por eles ocupados.
Não
há a menor dúvida de que o Brasil precisa ser passado a limpo, principalmente com
a busca e a revelação da verdade sobre os acontecimentos espúrios e
prejudiciais aos interesses dos brasileiros, e não é com alertas absurdos e
estapafúrdios feitos por corrupto preso que esse objetivo seja alcançado, com
vistas à mobilização de pessoas destinadas a calar aqueles que vêm se esforçando
para esclarecer fatos denunciados.
Os
reais brasileiros, que amam a pátria, têm que se conscientizar de que aqueles
que são acusados de terem afundado o país e, por consequência, responsabilizados
pela desmoralização dos princípios republicanos, recessão econômica e
potencialização do desemprego, entre outras mazelas econômica e administrativa,
precisam assumir as culpas pelas tragédias que causaram à nação, visivelmente com
irreparáveis danos aos interesses dos brasileiros. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 10 de abril de 2017
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