terça-feira, 11 de abril de 2017

Golpe social?

A ex-presidente da República petista voltou a reafirmar que seu afastamento do cargo teria sido golpe parlamentar, sob a alegação de que a principal razão para o impeachment foram as quatro vitórias presidenciais consecutivas do Partido dos Trabalhadores, que vinha pondo em prática projeto “não neoliberal” em suas decisões políticas.
Na opinião dela, o país segue em continuado estado de golpe, a exemplo do congelamento dos gastos com educação e saúde, a configurar visível “golpe social”.
Ela entende que "Congelar os gastos em Saúde e Educação é retirar os pobres do orçamento no Brasil, é cometer um crime contra os direitos sociais e econômicos da população sob a aparência de uma política fiscal austera".
Ela disse que as eleições de 2018 serão o reencontro do país com a democracia, lembrando que pesquisa de opinião dá 38% de intenções de voto para o seu antecessor, fato que suscita, para ela, três cenários possíveis: “Lula é candidato e perde, Lula é candidato e vence ou Lula será impedido de concorrer pela modificação da lei eleitoral ou pela criminalização da política, que, segundo ela, está em curso no Brasil.”.
A ex-presidente adiantou que, mesmo com a possível vitória de seu padrinho político, em 2018, ela não pretende voltar a exercer cargo no governo, porque "Já estou com 70 anos. Isso é para gente mais nova que eu".
A ex-presidente disse que pretende continuar participando de debates e palestras, como forma de contribuir para o fortalecimento do debate democrático no país, tendo afirmado que "Eu quero falar por uns bons 15 anos. Vou tentar ficar com a voz boa para conseguir".
É espantosa e risível a explicação dada pela ex-presidente brasileira sobre o seu afastamento do cargo presidencial, tendo alegado a ridícula e absurda versão motivada por “... quatro vitórias presidenciais consecutivas do Partido dos Trabalhadores, que seguia com um projeto 'não neoliberal' em suas decisões políticas.".
Na realidade, ela teria sido muito mais elegante, sensata e sincera se tivesse dito a verdade, ou seja, que ela foi retirada, de forma constitucional, do Palácio do Planalto depois de violar as regras de administração orçamentária e financeira, com a inadmissível implantação das estranhas pedaladas fiscais, que significaram exatamente a gastança além do dinheiro existente no Tesouro, por meio do pagamento de despesas públicas com recursos de bancos oficiais, caracterizando violação de princípios constitucional e legal, por haver vedação legal para tanto, cuja infringência sujeitava o responsável pela prática irregular a responder pelo crime de responsabilidade fiscal previsto na Carta Magna.
Não custaria que ex-presidente tivesse sido fiel à realidade, dizendo exatamente o que ocorreu para o seu afastamento, sem se esforçar para distorcer a verdade, porque todo mundo sabe o que realmente aconteceu e essa história de golpe já não sensibiliza nem mesmo seus correligionários, que há muito tempo busca encontrar outra desculpa mais consentânea com a realidade dos lamentáveis acontecimentos.
A ex-presidente teria sido justa se reconhecesse os drásticos rombos nas contas públicas, em razão de gastos excessivos e irresponsáveis, além dos recordes de desacertos na gestão pública, cujo conjunto de desastres administrativos contribuiu para o afastamento de governo que perdeu completamente os rumos da administração do país, à luz dos péssimos resultados do desempenho da economia, com enorme recessão, inflação alta, juros nas alturas, extraordinários desempregos, falta de investimentos público e privado e total descrédito sobre o futuro do país, diante do visível estado de precária governabilidade.
Por seu turno, a ex-presidente critica, de forma injusta e insensata, a austeridade imposta pelo governo atual, na tentativa de se ignorar que a medida adotada agora, de forma imperiosa, no ajuste fiscal é reflexo do desastre causado com o rombo das contas públicas, oriundo da má gestão dela, quando se gastava bem mais do que era arrecadado, fato que obrigou o estabelecimento de limite de gastos públicos, inclusive na saúde e educação, sob pena de o país continuar mergulhado na irresponsabilidade patenteada com o desrespeito aos princípios orçamentário-financeiros.  
Ao invés de reconhecer a sua temerária e desastrada gestão, à vista de múltiplas falhas administrativas, a ex-presidente preferiu ignorar a realidade dos fatos e criticar as medidas de saneamento adotadas, mesmo na evidência de que a continuidade de governo impopular e incompetente somente contribuiria para aprofundar as crises moral, política, social, econômica e administrativa, a par da difícil situação dos intermináveis casos de corrupção e da precariedade dos serviços públicos prestados à sociedade, à luz da insatisfação manifestada nos protestos de ruas, dando conta das acentuadas mazelas, em especial nas áreas da saúde, da educação, da segurança pública, do saneamento básico, da infraestrutura e dos demais programas de incumbência constitucional do Estado. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 11 de abril de 2017

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