A ex-presidente da República petista voltou a
reafirmar que seu afastamento do cargo teria sido golpe parlamentar, sob a
alegação de que a principal razão para o impeachment foram as quatro vitórias
presidenciais consecutivas do Partido dos Trabalhadores, que vinha pondo em
prática projeto “não neoliberal” em
suas decisões políticas.
Na opinião dela, o país segue em continuado estado
de golpe, a exemplo do congelamento dos gastos com educação e saúde, a configurar
visível “golpe social”.
Ela entende que "Congelar os gastos em Saúde e Educação é retirar os pobres do orçamento
no Brasil, é cometer um crime contra os direitos sociais e econômicos da
população sob a aparência de uma política fiscal austera".
Ela disse que as eleições de 2018 serão o
reencontro do país com a democracia, lembrando que pesquisa de opinião dá 38%
de intenções de voto para o seu antecessor, fato que suscita, para ela, três
cenários possíveis: “Lula é candidato e
perde, Lula é candidato e vence ou Lula será impedido de concorrer pela modificação
da lei eleitoral ou pela criminalização da política, que, segundo ela, está em
curso no Brasil.”.
A ex-presidente adiantou que, mesmo com a possível
vitória de seu padrinho político, em 2018, ela não pretende voltar a exercer cargo
no governo, porque "Já estou com 70
anos. Isso é para gente mais nova que eu".
A ex-presidente disse que pretende continuar
participando de debates e palestras, como forma de contribuir para o fortalecimento
do debate democrático no país, tendo afirmado que "Eu quero falar por uns bons 15 anos. Vou tentar ficar com a voz boa
para conseguir".
É
espantosa e risível a explicação dada pela ex-presidente brasileira sobre o seu
afastamento do cargo presidencial, tendo alegado a ridícula e absurda versão motivada
por “... quatro vitórias presidenciais
consecutivas do Partido dos Trabalhadores, que seguia com um projeto 'não
neoliberal' em suas decisões políticas.".
Na
realidade, ela teria sido muito mais elegante, sensata e sincera se tivesse
dito a verdade, ou seja, que ela foi retirada, de forma constitucional, do
Palácio do Planalto depois de violar as regras de administração orçamentária e
financeira, com a inadmissível implantação das estranhas pedaladas fiscais, que
significaram exatamente a gastança além do dinheiro existente no Tesouro, por
meio do pagamento de despesas públicas com recursos de bancos oficiais,
caracterizando violação de princípios constitucional e legal, por haver vedação
legal para tanto, cuja infringência sujeitava o responsável pela prática
irregular a responder pelo crime de responsabilidade fiscal previsto na Carta
Magna.
Não
custaria que ex-presidente tivesse sido fiel à realidade, dizendo exatamente o
que ocorreu para o seu afastamento, sem se esforçar para distorcer a verdade,
porque todo mundo sabe o que realmente aconteceu e essa história de golpe já
não sensibiliza nem mesmo seus correligionários, que há muito tempo busca
encontrar outra desculpa mais consentânea com a realidade dos lamentáveis
acontecimentos.
A
ex-presidente teria sido justa se reconhecesse os drásticos rombos nas contas
públicas, em razão de gastos excessivos e irresponsáveis, além dos recordes de
desacertos na gestão pública, cujo conjunto de desastres administrativos contribuiu
para o afastamento de governo que perdeu completamente os rumos da
administração do país, à luz dos péssimos resultados do desempenho da economia,
com enorme recessão, inflação alta, juros nas alturas, extraordinários desempregos,
falta de investimentos público e privado e total descrédito sobre o futuro do
país, diante do visível estado de precária governabilidade.
Por
seu turno, a ex-presidente critica, de forma injusta e insensata, a austeridade
imposta pelo governo atual, na tentativa de se ignorar que a medida adotada agora,
de forma imperiosa, no ajuste fiscal é reflexo do desastre causado com o rombo
das contas públicas, oriundo da má gestão dela, quando se gastava bem mais do
que era arrecadado, fato que obrigou o estabelecimento de limite de gastos
públicos, inclusive na saúde e educação, sob pena de o país continuar mergulhado
na irresponsabilidade patenteada com o desrespeito aos princípios orçamentário-financeiros.
Ao
invés de reconhecer a sua temerária e desastrada gestão, à vista de múltiplas falhas
administrativas, a ex-presidente preferiu ignorar a realidade dos fatos e
criticar as medidas de saneamento adotadas, mesmo na evidência de que a continuidade
de governo impopular e incompetente somente contribuiria para aprofundar as crises
moral, política, social, econômica e administrativa, a par da difícil situação
dos intermináveis casos de corrupção e da precariedade dos serviços públicos
prestados à sociedade, à luz da insatisfação manifestada nos protestos de ruas,
dando conta das acentuadas mazelas, em especial nas áreas da saúde, da
educação, da segurança pública, do saneamento básico, da infraestrutura e dos
demais programas de incumbência constitucional do Estado. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 11 de abril de 2017
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