Em
reunião de parlamentares, para jantar de
confraternização entre eles (possivelmente à custa do contribuinte), na
residência oficial do presidente do Senado Federal, foi revelada a nova e inacreditável
união entre o PT, PSDB e PMDB, nascida, pasmem, depois da delação dos
executivos da Odebrecht, possivelmente como desesperada busca da salvação dos
políticos que integram as citadas agremiações, que têm seus principais caciques
envolvidos até a raiz nos escândalos objeto das investigações da Operação
Lava-Jato.
O
encontro serviu para tucanos e petistas defenderem aberta e entusiasticamente a
aprovação do projeto da lei do abuso de autoridade, que objetiva o endurecimento
de punições a procuradores e juízes, sabidamente como medida retaliativa ao
proveitoso trabalho por eles produzido contra os corruptos que desviaram
milhões de recursos para partidos e bolsos de inescrupulosos homens públicos,
que, ao contrário, deveriam ter a dignidade de aprovar leis duras para punir
com severidade aqueles que roubaram cofres públicos e ainda se passam como os
paladinos da pátria.
Um
senador do PT pelo Acre, ciente dos elogios aos termos da proposta a ser
aprovada, alertou que a medida, apesar de bem-vinda, até pode proporcionar
lenitivo para a situação de muitos interesses, mas a iniciativa não altera em
nada o caso do principal político brasileiro, que se encontra ameaçado de prisão.
Incontinenti,
um senador tucano por São Paulo puxou do colete arrebatadora frase que
procurava tranquilizar e consolar os presentes, ao deixar claro que, em
Brasília, o medo hoje é pluripartidário, mas assegurou que “Não. Lula tem que ser candidato em 2018. Tem
legitimidade”.
Não
há dúvida de que assiste razão ao tucano, à vista de que o caso se trata de
robusta legitimidade para os padrões normais, exclusivamente no âmbito da
classe política brasileira sobre a compreensão do significado desse verbete,
que tem paradigma próprio para dosar a aplicação da lei em seu benefício, na
forma predominante, bastante conhecida.
O
resultado desse pensamento político pode ser avaliado, por exemplo, com relação
às investigações da Lava-Jato e às delações dos executivos da Odebrecht, em que
esta teria cometido enormes injustiças com a prática abusiva do caixa 2,
evidentemente na tentativa de deslustrar a honra da classe política, conforme
tem sido suas constantes reclamações, no sentido de que, na sua concepção, as
doações foram recebidas em obediência à legislação de regência, merecendo
registro e aprovação pela Justiça Eleitoral.
É
lamentável que as seguidas revelações de desvios de conduta por homens públicos
contribuam para aumentar o sentimento, no seio deles, de autodefesa, com a
aprovação de medidas legislativas para livrá-los de penalidades e de dificultar
a moralização das atividades políticas, deixando muito claro que a indignidade
da corrupção é câncer que não tem remédio e a impunidade é própria da classe
política, que se envolve em falcatruas, com a maior naturalidade, mas quem
precisa e termina sendo punida é a força-tarefa, por sua competência de apurar
e levantar a indignidade da corrupção.
Enquanto
isso acontece, a classe política fica cada vez desacredita e desmoralizada, mas
mesmo assim ela confia que os maus-caracteres dos brasileiros continuam os elegendo
e eles podem assim permanecer, na vida pública, aprovando as leis para ficar
livres de impunidades.
Se
a informação em tela é verdadeira, isso mostra o real nível dos políticos
tupiniquins, que não têm menor pudor de defender a candidatura de quem precisa,
como no caso aventado, antes de qualquer coisa, como se candidatar
prematuramente a cargo público eletivo, principalmente com a relevância do de
presidente da República, provar a sua inocência na série de denúncias aceitas
pela Justiça, onde o principal político brasileiro já responde, como réu, a
cinco processos, pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro,
tráfico de influência, organização criminosa e obstrução à Justiça.
Os
referidos crimes são absolutamente incompatíveis com o exercício do relevante cargo
de presidente do país, cujo ocupante precisa comprovar idoneidade, conduta
ilibada e ausência da prática de quaisquer atos na vida pública que possam
macular o seu nome, como lídimo representante do povo.
Não
se pode fazer juízo de valor quanto à firmeza ou não sobre os fatos denunciados
como sendo irregulares, cuja autoria é atribuída ao mais importante político da
atualidade, mas certamente ele não pode, por respeito a princípios
constitucionais, sequer pretender se candidatar a cargo público eletivo antes
de provar junto à Justiça e à sociedade a sua inculpabilidade com relação às
graves denúncias que pesam sobre seus ombros.
Certamente
que os brasileiros saberão aquilatar o que seja o verdadeiro sentido jurídico
de legitimidade e dirão aos políticos, nas urnas, que o povo merece ser
representado exatamente por quem tenha dignidade para compreender o que sejam
interesse público e o real significado da outorga para o exercício de cargo
público eletivo.
O
Brasil precisa, com urgência, se espelhar nos países sérios, civilizados e
evoluídos democraticamente, onde os homens públicos são sensatos o suficiente
para valorizar as atividades públicas e compreender a responsabilidade cívica
quanto à imperiosa necessidade de prestar contas sobre seus atos na vida
pública.
Urge
que os salutares princípios da ética, moralidade, legalidade, dignidade, entre
outros, precisam ser fiel e integralmente observados, sob pena do completo
descrédito da classe política, tal como ocorre no país tupiniquim, onde políticos
preferem ignorar conceitos essenciais da administração pública e ficam
defendendo candidatura de quem é réu, não tendo idoneidade nem condições morais
para representar com dignidade, à luz da Constituição, os verdadeiros
brasileiros. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 23 de abril de 2017
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