domingo, 30 de abril de 2017

Crime de lesa-pátria

O famoso publicitário marqueteiro das campanhas presidenciais dos governos petistas afirmou, em depoimento à Justiça Eleitoral, que a ex-presidente cassada sabia do esquema de caixa dois utilizado em 2014, na campanha à reeleição dela.
O publicitário já havia fechado acordo de delação premiada na Operação Lava Jato e passou a ser testemunha-chave no processo em que o Tribunal Superior Eleitoral irá decidir pela cassação ou não da chapa presidencial vencedora do último pleito.
O depoimento do marqueteiro foi realizado por meio de videoconferência, ao ministro-relator da ação de impugnação de mandato em tramitação no citado tribunal.
Em seguida, houve o depoimento da sócia e mulher do publicitário, igualmente delatora da Lava-Jato, que também relatou ter tratado pessoalmente com a ex-presidente, em reunião ocorrida no Palácio do Planalto, em 2014, do esquema ilegal de arrecadação de recursos para a disputa eleitoral.
Ela apresentou a versão de que os contatos com o PMDB e com o então candidato a vice-presidente se resumiam a preparações para os programas de TV.
Os especialistas sentenciam que a delação premiada do casal de marqueteiros pode representar a pá de cal sobre a petista, na ação examinada pelo TSE, diante da contundência e verossimilhança das informações produzidas por eles.
          O casal marqueteiro aponta o último ministro da Fazenda do governo petista como o operador do caixa dois da campanha presidencial de 2014, que foi substituto do também ministro do governo petista, quando ele cabia a tarefa de administrar, na campanha de 2010, os recursos não contabilizados, provenientes das propinas oriundas da Odebrecht, para irrigação do caixa eleitoral da ex-presidente.
Nesse mesmo sentido, um delator da citada construtora havia declarado, também em depoimento à Justiça Eleitoral, que o publicitário recebeu, por meio de caixa 2, pelos serviços de marketing político prestados às campanhas presidenciais em El Salvador, Angola, Venezuela, República Dominicana e Panamá, ou seja, recursos públicos desviados dos bolsos dos contribuintes para custear campanhas milionárias no exterior, fato grave, por configurar crime de lesa-pátria.
Diante dos fatos em que a Odebrecht declara que fez pagamentos aos publicitários, por meio do caixa 2, e os beneficiários afirmaram que realmente receberam o dinheiro fruto de propina, a ex-presidente precisa encontrar desculpas mais plausíveis para sair dessa gigante enroscada, porque ela vem jurando desconhecer os fatos, quando agora ela é simplesmente desmascarada por seus marqueteiros de campanha.
As provas são, em princípio, irrefutáveis e as versões não poderiam ser mais verossímeis, mesmo tendo sido apresentadas por aqueles que se notabilizaram pela criação das piores mentiras disseminadas na campanha da reeleição da petista, quando os opositores eram destroçados e destruídos, de forma maquiavélica, ao sabor das mais levianas inverdades, levando parcela de brasileiros a acreditar nas maldades inventadas pelos marqueteiros que agora procuram se redimir de suas malignidades. 
É evidente que a ex-presidente se apresenta inflexivelmente decidida a negar o que parece indefensável, embora a versão assumida pelo marqueteiro deixa muito vulneráveis as negativas dela, uma vez que a afirmativa sobre o recebimento de recursos por meio do caixa 2 coincide com os depoimentos de executivos da Odebrecht, fato que não deixa dúvida de que alguém fala a verdade e outro alguém mente, obviamente com a finalidade de salvar a própria pele, em ambos os lados.
          Na política, também somente deveria existir a versão da verdade, porque esta é a única que sempre se harmoniza com os princípios da idoneidade e da conduta de retidão e devem prevalecer indissociavelmente da vida pública dos políticos.
Os brasileiros esperam que os políticos se conscientizem de que é preciso assumir responsabilidade por seus atos na vida pública, como inafastável obrigatoriedade de prestação de contas à sociedade, que também tem o dever de avaliar o efetivo desempenho dos verdadeiros homens públicos, porque estes nada mais são do que os representantes do povo, que precisa ter certeza de que os seus outorgados atuam com idoneidade, dignidade e desenvoltura compatíveis com a correção e a legitimidade que são esperadas deles, no exercício de suas atividades políticas. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 30 de abril de 2017

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