O famoso publicitário marqueteiro das campanhas
presidenciais dos governos petistas afirmou, em depoimento à Justiça Eleitoral,
que a ex-presidente cassada sabia do esquema de caixa dois utilizado em 2014,
na campanha à reeleição dela.
O publicitário já havia fechado acordo de delação
premiada na Operação Lava Jato e passou a ser testemunha-chave no processo em
que o Tribunal Superior Eleitoral irá decidir pela cassação ou não da chapa presidencial
vencedora do último pleito.
O depoimento do marqueteiro foi realizado por meio
de videoconferência, ao ministro-relator da ação de impugnação de mandato em
tramitação no citado tribunal.
Em seguida, houve o depoimento da sócia e mulher do
publicitário, igualmente delatora da Lava-Jato, que também relatou ter tratado
pessoalmente com a ex-presidente, em reunião ocorrida no Palácio do Planalto,
em 2014, do esquema ilegal de arrecadação de recursos para a disputa eleitoral.
Ela apresentou a versão de que os contatos com o
PMDB e com o então candidato a vice-presidente se resumiam a preparações para
os programas de TV.
Os especialistas sentenciam que a delação premiada
do casal de marqueteiros pode representar a pá de cal sobre a petista, na ação examinada
pelo TSE, diante da contundência e verossimilhança das informações produzidas
por eles.
O
casal marqueteiro aponta o último ministro da Fazenda do governo petista como o
operador do caixa dois da campanha presidencial de 2014, que foi substituto do
também ministro do governo petista, quando ele cabia a tarefa de administrar,
na campanha de 2010, os recursos não contabilizados, provenientes das propinas
oriundas da Odebrecht, para irrigação do caixa eleitoral da ex-presidente.
Nesse mesmo sentido, um delator da citada
construtora havia declarado, também em depoimento à Justiça Eleitoral, que o
publicitário recebeu, por meio de caixa 2, pelos serviços de marketing político
prestados às campanhas presidenciais em El Salvador, Angola, Venezuela,
República Dominicana e Panamá, ou seja, recursos públicos desviados dos bolsos
dos contribuintes para custear campanhas milionárias no exterior, fato grave,
por configurar crime de lesa-pátria.
Diante dos fatos em que a Odebrecht declara que fez
pagamentos aos publicitários, por meio do caixa 2, e os beneficiários afirmaram
que realmente receberam o dinheiro fruto de propina, a ex-presidente precisa
encontrar desculpas mais plausíveis para sair dessa gigante enroscada, porque
ela vem jurando desconhecer os fatos, quando agora ela é simplesmente
desmascarada por seus marqueteiros de campanha.
As provas são, em princípio, irrefutáveis e as
versões não poderiam ser mais verossímeis, mesmo tendo sido apresentadas por
aqueles que se notabilizaram pela criação das piores mentiras disseminadas na
campanha da reeleição da petista, quando os opositores eram destroçados e destruídos,
de forma maquiavélica, ao sabor das mais levianas inverdades, levando parcela
de brasileiros a acreditar nas maldades inventadas pelos marqueteiros que agora
procuram se redimir de suas malignidades.
É evidente que a ex-presidente se apresenta inflexivelmente
decidida a negar o que parece indefensável, embora a versão assumida pelo
marqueteiro deixa muito vulneráveis as negativas dela, uma vez que a afirmativa
sobre o recebimento de recursos por meio do caixa 2 coincide com os depoimentos
de executivos da Odebrecht, fato que não deixa dúvida de que alguém fala a
verdade e outro alguém mente, obviamente com a finalidade de salvar a própria
pele, em ambos os lados.
Na
política, também somente deveria existir a versão da verdade, porque esta é a
única que sempre se harmoniza com os princípios da idoneidade e da conduta de
retidão e devem prevalecer indissociavelmente da vida pública dos políticos.
Os brasileiros esperam que os políticos se
conscientizem de que é preciso assumir responsabilidade por seus atos na vida
pública, como inafastável obrigatoriedade de prestação de contas à sociedade,
que também tem o dever de avaliar o efetivo desempenho dos verdadeiros homens
públicos, porque estes nada mais são do que os representantes do povo, que
precisa ter certeza de que os seus outorgados atuam com idoneidade, dignidade e
desenvoltura compatíveis com a correção e a legitimidade que são esperadas
deles, no exercício de suas atividades políticas. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 30 de abril de 2017
Nenhum comentário:
Postar um comentário