terça-feira, 21 de novembro de 2017

A pior colheita

O principal líder petista admitiu, finalmente, que a esquerda está “fragilizada” e que o Congresso Nacional de hoje, com bancadas conservadoras ocupando a maior parte das cadeiras, é o reflexo do “pensamento político da sociedade brasileira em 2014”.
O petista entende que o deputado federal do PSC-RJ tem “o direito de ser candidato”, e, se ele se eleger, o Brasil deverá “colher aquilo que planta”.
Segundo o petista, a aliança dos partidos de esquerda “está mais perdendo do que ganhando” e que há necessidade da mudança da postura, para que as eleições de 2018 apresentem resultado positivo. 
Ele ressalta que “Estamos fragilizados na luta (para evitar o desmonte do Estado), porque os congressistas que estão votando para desmontar não têm compromisso conosco. Se a gente não tomar cuidado, vai piorar nas próximas eleições”.
O petista avaliou a possibilidade de o deputado federal ultradireitista carioca ganhar as eleições presidenciais, afirmando: “Não sou de extrema-esquerda e muito menos o Bolsonaro é de extrema-direita. O Bolsonaro é mais do que isso e quem convive com ele sabe o que ele é. Não vou dizer, porque acho que ele tem o direito de ser candidato”.
Não obstante, o petista pontificou, dizendo que, caso o mencionado deputado – famoso por sua postura conservadora e polêmica – convença os eleitores a votar nele, o país “colherá aquilo que planta”.
Não há a menor dúvida de que é verdade insofismável que o país “colherá aquilo que planta” sobre o desempenho dos políticos e os exemplos bons ou ruins são pungentes e soltam aos olhos com o maior peso para a devassidão que grassa à solta e de forma incontrolável e o pior que teve origem no seio de governo que prometia ética e moralização da administração pública, fazendo com que o Brasil, agora, seja símbolo do maior escândalo de roubalheira do mundo.
O povo precisa saber que, quanto mais daninha a semente plantada, mais desastrosos são os frutos colhidos e as lições são abundantemente mostradas nas escolhas pelo povo, como tem acontecido nos últimos anos, em que a predominância de seus representantes políticos nos Poderes Executivo e Legislativo tive por paradigmas o populismo e o caudilhismo exacerbados, com viés puramente eleitoreiro, com o pensamento ideológico voltado para a absoluta dominação das classes política e social e a conquista do poder e a perenidade nele, tendo como mote principal a distribuição de renda, enfeixada em programas estrategicamente planejados de assistência às famílias pobres.
Esses programas são realmente importantes no contexto humanitário, mas a sua forma de priorização se revelou mortal para governos que precisavam cuidar também das demais políticas de Estado, com destaque para a economia e as reformas conjuntural e estrutural tão essenciais no funcionamento da máquina pública, que se mostra obsoleta, inchada, onerosa, ineficiente, cujos reflexos contribuíram e continuam contribuindo para dificultar o desejado crescimento do país, que experimentou, nos últimos anos, como exemplo, forte recessão econômica; inflação alta; aumento progressivo das dívidas públicas; incontrolável desemprego; desindustrialização; redução da arrecadação; falta de investimento em obras públicas; perda do grau de investimento, pelas agências de classificação de risco; rombos nas contas públicas; entre outras mazelas que contribuíram para o fortíssimo estrangulamento dos mecanismos favoráveis ao desenvolvimento da nação.
 Na verdade, essas precariedades são os verdadeiros frutos colhidos da semente que foi plantada pelos brasileiros, nas urnas, que não tiveram o devido cuidado de selecioná-la no exato momento do seu plantio, na hora do voto, e esse cuidado precisa ser rigorosamente observado nas próximas eleições, tendo por base exatamente a leva de homens públicos com pouca confiança, diante da sua índole arredia aos princípios próprios das atividades estritamente públicas.
À vista dos péssimos exemplos de indignidade na vida pública, convém que os representantes do povo sejam escolhidos entre os homens públicos que nunca tenham se envolvido em suspeita de atos irregulares; jamais tenham sido condenados à prisão, por qualquer motivo, muito menos por corrupção; tenham comprovação de lisura nas atividades político-administrativas; sejam possuidores, entre outros, de atributos absolutamente compatíveis com o desempenho de cargos públicos eletivos, em harmonia com o ordenamento jurídico pátrio, de modo que seja, contando com pouco de sorte, impossível posterior reclamação por estragos causados ao patrimônio da nação e do povo, por maus políticos que praticam atos indevidos na vida pública, que deixam de assumir seus erros e ainda pensam que são modelos de dignidade e moralidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 21 de novembro de 2017

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