terça-feira, 28 de novembro de 2017

O império do totalitarismo

Sem candidatos da oposição, os cubanos elegem seus representantes municipais, cujas eleições significam a prévia para a substituição do atual ditador da ilha, no próximo ano, fato que pode representar a primeira mudança geral (de nome e jamais de ideologia política) em quase seis décadas.
Em uma população de 11,2 milhões, oito milhões de eleitores foram convocados para eleger por voto direto e secreto 12.515 conselheiros entre os cerca de 30.000 candidatos escolhidos em assembleias de bairro, sendo que a oposição não tem vez e fica fora desse sistema eleitoral.
A votação acontece sob sistema político-eleitoral de Poder Popular, que Havana defende como “o mais democrático e transparente” e a oposição chama de verdadeira “farsa”, onde somente tem candidatos quem faz parte do brutal regime socialista.
O primeiro passo do processo que deve terminar no início do próximo ano – data ainda por definir – com a eleição do substituto do atual presidente, de 86 anos e reeleito em 2013 para seu último mandato de cinco anos, iniciando a primeira eleição geral, em quase 60 anos de governo comunista.
O sucessor do atual ditador deverá ser o atual primeiro vice-presidente, outro ditador, que vem sendo preparado, há três décadas, pelo regime comunica, para assumir o poder, com a certeza de que nada será mudado senão para pior naquela ilha, que seguirá com a mesma mentalidade totalitária e desumana.
Infelizmente, o atual ditador seguirá na liderança do país, no comando do principal cargo do Partido Comunista (PCC), responsável pela brutal fechadura naquela ilha.
O atual mecanismo eleitoral cubano foi estabelecido em 1959 e tem por base a perpetuação do sistema socialista implantado pela ditadura, que permanece intocável até os dias atuais, tendo como princípio eleitoral a realização de eleições em cada dois anos e meio, para delegados municipais (conselheiros), e em cada cinco anos, para delegados provinciais (prefeitos) e deputados do Parlamento.
Impressiona a maneira de se dizer que o voto não é obrigatório em Cuba, mas é como se fosse, porque constitui ato obrigatório de “reafirmação revolucionária”, o que vale dizer que o abstencionismo é politicamente desaprovado e há punição para os antipatriotas, que são controlados e punidos, em caso de ausência às urnas.
A imprensa, sob intenso controle do Estado, tem a incumbência de manter permanente campanha para estimular o voto dos cubanos.
Um líder cubano disse que “Estar presente nessas eleições, ir em virtude do chamado que sempre nos fez, também é uma linda e sincera homenagem a Fidel”.
O presidente do Parlamento cubano convocou os cubanos a “votarem maciçamente em resposta ao presidente (americano) que está dizendo tantas besteiras sobre nós”.
Acontece que Cuba e Estados Unidos restabeleceram relações diplomáticas em 2015, após meio século de ruptura política e confronto, mas o relacionamento voltou a ser tenso com a chegada do atual presidente à Casa Branca, que praticamente anulou os acordos de aproximação assinados por seu antecessor
Três organizações de oposição falharam em sua tentativa de nomear cerca de 550 candidatos independentes para conselheiros, tendo o governo implementado, segundo um líder de oposição, “uma bateria de atos de violação em todos os casos da Lei Eleitoral e da Constituição”, para evitar a nomeação de candidatos independentes, incluindo prisões temporárias e processos “legais” por diversos motivos.
Isso é que se pode chamar de verdadeira “democracia”, onde, praticamente há eleições constantes, para a renovação dos integrantes do Partido Revolucionário, em que são eleitos somente os candidatos escolhidos e indicados pelo próprio sistema, apenas para se confirmar a continuidade da ditadura imposta pelo regime socialista/comunista e que a oposição é absolutamente ignorada e banida do processo eleitoral.
Trata-se de eleições de cartas marcadas, em que os eleitos são aqueles previamente aprovados e chancelados pela situação que comanda, com mão-de-ferro, os cubanos, que, além de não puderem se manifestar livremente nas eleições, em atenção ao salutar princípio cívico democrático, também não têm o direito à individualidade, porque a regra central da revolução cubana é exatamente o absoluto controle sobre as pessoas e tudo que lhes diz respeito.
Há claro e completo desrespeito aos sagrados direitos humanos, que foram banidos em Cuba, há quase sessenta anos, em demonstração de descompasso daquele país com a evolução da humanidade, que passou por significativos processos saudáveis de revolução em todos segmentos, em especial nos campos da ciência e da tecnologia, a qual ainda não chegou à nação caribenha, diante do império do totalitarismo que não permite que seu povo seja liberado da escravidão e da estagnação no tempo, permanecendo ainda na era da escuridão do atraso da história mundial, diante da proibição de acesso às nações civilizadas e modernas. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 28 de novembro de 2017

Nenhum comentário:

Postar um comentário