Quando participava da caravana em Minas Gerais,
o líder-mor do PT chegou a causar espécie de sobressalto no âmbito da
militância, por aparecer abraçado e depois em palanque com o senador de
alagoas e ex-presidente do Senado Federal, que, além de integrar o partido do
governo, o PMDB, votou pelo impeachment da ex-presidente petista, mas a
surpresa maior ficou para a decisão dele de declarar que estava “perdoando golpistas”, que são os
parlamentares que apoiaram o afastamento da sua sucessora.
Acontece
que o motivo do perdão não passa de extrema hipocrisia embalada pelo demagogo
oportunismo próprio da forma medíocre da politicagem banalizada nas hostes
partidárias onde se sacrifica a ética, a moral, o decoro, a dignidade, entre
outros princípios essenciais na política, para se permitir a formalização de
alianças indiscutivelmente espúrias, como a de que se trata acima, que são
abonadas em nome da idolatria do povo, desinformado e ingênuo.
Na
verdade, o povo não percebe que os políticos se profissionalizam na política
para se manter sempre no poder e na dominação das classes política e social, de
modo a usufruírem as influências e as benesses propiciadas pelo exercício dos
cargos públicos, notadamente no que diz respeito à excrescência do foro
privilegiado, que tem sido verdadeiro apanágio da impunidade, considerando que
quase todos políticos estão envolvidos com a prática de atos irregulares, na
forma do recebimento de propinas, com destaque para o clássico caixa 2.
Entrementes,
agora, por ocasião de viagem à Alemanha, foi a vez da própria afilhada política
do líder-mor imitar a generosidade exposta por ele, para adotar discurso
semelhante em relação aos opositores, que tanto foram praguejados pelo mal
causado à interrupção da desastrada gestão petista.
No
caso específico do ex-presidente do Senado, a petista disse, em entrevista à
DW, da Alemanha, que ele "não
trabalhou pelo impeachment", embora tenha votado pelo afastamento dela.
Ela
disse que "E essa não é questão
relevante. Não acho que perdoar golpista é perdoar o PMDB e o PSDB. Acho que
perdoar golpista é perdoar aquela pessoa que bateu panela achando que estava
salvando o Brasil, e que depois se deu conta de que não estava".
Ainda
na entrevista, a presidente afastada declarou que "Uma hora nós vamos ter que nos reencontrar. Uma parte do Brasil se
equivocou. Agora isso não significa perdão àqueles que planejaram e executaram
o golpe. Você tem uma porção de pessoas que foram às ruas e que estavam
completamente equivocadas".
Os
brasileiros precisam ter a honradez de nunca e em momento algum perdoar os
governantes que maltrataram impiedosamente os orçamentos públicos, que deixaram
de adotar as melhores políticas em benefício do interesse da população, que
contribuíram para degradar, ao máximo, a prestação dos serviços púbicos, como
educação, saúde, segurança pública, infraestrutura, saneamento básico, entre
outros essenciais ao bem comum, chegando ao fundo do poço, diante da pior qualidade.
Na
verdade, os serviços públicos foram considerados insuficientes e precários, em
que pese a imposição de uma das cargas tributárias mais elevadas do mundo,
cujos recursos foram pessimamente administrados, em um contexto tal que
implicou no impeachment da então presidente, que certamente deve ter merecido o
afastamento do governo, ante as dificuldades na condução não somente das
políticas econômicas, mas das demais ações de governo.
À
época, o governo já não mais se
sustentava, tamanha era a sua fragilidade, visivelmente destroçado graças à
inflação elevada; ao desemprego nas alturas; aos juros disparados; à economia
em recessão; à desindustrialização; à retirada do grau de investimento do
Brasil, pelas agências de classificação de risco; aos rombos nas contas públicas;
à queda na arrecadação; à falta de recursos para investimentos; à ausência de
obras públicas; entre outras mazelas que as panelas eram refrescos para o
estado de desespero da população, que vivia em verdadeiro pesadelo e
descontentamento, pelas incertezas sobre o futuro, com o governo totalmente
perdido e sem rumo.
Com
certeza, os brasileiros honrados que bateram panelas não se satisfazem com
pedido de perdão vindo de quem foi responsável por gestão temerária e extremamente
prejudicial ao interesse da população, por considerarem que, mesmo com a
mediocridade do governo atual, nem se compara com as precariedades e
ineficiências da gestão anterior, que simplesmente empurrou o Brasil para o
precipício e o verdadeiro fundo do poço, conforme mostram os fatos
representados pelos indicadores socioeconômicos da administração do país, causadores
de insegurança e incertezas. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 16 de novembro de 2017
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