quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Ausência de dignidade

Diante de indiscutível fragilização moral, graças às investigações da Lava-Jato, o senador tucano mineiro elegeu a política regional para tentar garantir mandato nas eleições do próximo ano, tendo decidido se dedicar à reestruturação do PSDB, no seu estado.
O tucano pretende aproveitar esse período para a reestruturação do PSDB em Minas Gerais e, em seguida, trabalhar, pasmem, para reconquistar seu prestígio no cenário nacional.
A convenção do partido está marcada para o dia 9 de dezembro, quando será eleita nova executiva nacional. Conforme um aliado, o senador, ao se concentrar em questões regionais, vai avaliar a força política que possui em seu Estado, para decidir se disputará a reeleição para o Senado Federal, em 2018, ou se optará por concorrer à vaga na Câmara dos Deputados, porque, na opinião desse aliado, "não é o momento de arriscar".
Como o senador é alvo de nove inquéritos e de uma denúncia na Lava-Jato, por óbvio, ele precisa de mandato, em especial no Parlamento, para manter o foro privilegiado no Supremo Tribunal Federal, após 2018, quando termina a legislatura para a qual foi eleito. Sem ocupar cargo público relevante, o tucano passa a ser julgado na primeira instância e isso o aterroriza, desde já.
Ocorre que o tucano foi gravado pelo empresário e delator da JBS, a quem pediu R$ 2 milhões de propina, cujo episódio lhe rendeu acusação de corrupção passiva e obstrução da Justiça.
O senador mineiro está licenciado da presidência nacional do PSDB desde quando foi afastado pela primeira vez do mandato, em maio último, mas, no momento, ele alimenta rixa com o presidente interino da sigla.
Conselheiros e aliados do senador mineiro acreditam que, se for possível a montagem de estrutura de apoiadores em Minas Gerais, ele terá chance de mostrar força política no partido e de influenciar na escolha do novo presidente do PSDB.
É impressionante como esse senador tem sangue frio de ainda achar que o povo mineiro é ingênuo e despreparado politicamente, além de desinformado e insensível à realidade dos fatos, por ignorar a monstruosidade cristalizada nos vídeos e áudios onde há conversas e imagens impublicáveis e impróprias para menores de até 120 anos, por mostrarem a verdadeira face de político que simplesmente traiu descaradamente a honra e a dignidade de seus mais de sete milhões de eleitores mineiros.
Em termos de moralidade, certamente que os mineiros estão mortos de vergonha, por terem visto seu lídimo representante negociando "empréstimo" que depois seria transportado em mala, em demonstração de absoluta falta de compostura e legitimidade para ato que seria plenamente lícito se fosse negociado às claras, mediante a contratação formal e o depósito em conta corrente do valor ajustado, como são feitas nas transações normais e absolutamente lícitas.
É pena que os mineiros não tenham condições de promover o chamado recall de seu representante no Parlamento, ou seja, de poder retirar do cargo conferido, nas urnas, com as melhores das intenções a homem público que vinha de linhagem nobre da política de seu Estado, mas caiu na desgraça de se envolver com o submundo da corrupção, conforme a revelação da reportagem de que ele se encontra sendo investigado em nove processos, fato esse que exige que o mineiro se explique e apresente as devidas justificativas primeiro à Justiça e se apodere do documento de comprovante da Ficha Limpa, para depois pensar em se candidatar a cargo público eletivo, como fazem normalmente os homens honrados e dignos para ser postulante a representantes do povo, principalmente com relação ao mineiro, que sempre mostrou caráter e princípios da melhor dignidade e certamente não será agora que ele vai fracassar, ao quedar-se ao conceito da moralidade na política.
Com certeza, os eleitores mineiros não se dignarão a chancelar o retorno de político ao Parlamento com os atributos negativos e chamuscados hoje atribuídos ao senador tucano, que, se tivesse o mínimo de dignidade, sensibilidade e sensatez, já teria desistido, em definitivo, da vida pública, à vista do seu envolvimento em situação nada republicana, conforme as fortes evidências representadas pelos atos vergonhosos e escabrosos, reiteradamente veiculados nos meios de comunicação, que não condizem com a índole de homem público honrado e digno. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 2 de novembro de 2017

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