A
menos de um mês da reunião que elegerá a nova direção do PSDB, o senador tucano
mineiro, que é o atual presidente afastado da sigla, fez gesto brusco de
reassumir a presidência do partido, afastando um senador cearense do cargo, que
a vinha comandando, de forma interina.
Mas,
segundo a sua assessoria, o senador mineiro houve por bem não ficar na direção
do partido e, ato contínuo, indicou um ex-governador de São Paulo para a
presidência interina do PSDB.
Segundo
a imprensa, os senadores mineiro e cearense se chocaram em conversa ríspida,
quando o primeiro pediu que o colega o entregasse o cargo de volta, mas o
segundo disse que preferia que a decisão partisse do próprio mineiro.
Para
destituir o cearense do cargo, o senador mineiro criou o argumento que queria
"isonomia" na disputa pela
presidência do PSDB.
O
confronto entre os dois caciques serviu para acirrar a divisão entre as duas
alas do PSDB: a que defende o afastamento do governo (próxima ao grupo do
cearense) e a que prega a continuidade da aliança com o presidente do país, com
proximidade ao senador mineiro.
O
senador cearense se lançou candidato à presidência do partido, empunhando o
discurso, com forte apelo ao combate à corrupção e ao reconhecimento de erros,
medidas essas que vieram acompanhadas do anúncio da adoção de regras de compliance para os filiados.
A
candidatura do cearense se opõe à do governador de Goiás, que é apoiado pelo
grupo do senador mineiro.
O senador
cearense havia assumido interinamente o comando do partido, logo após o senador
mineiro se licenciar do cargo, por ter sido gravado pedindo R$ 2 milhões de
propina ao empresário e delator dono da JBS.
A
atitude brusca e autoritária do senador mineiro mostra que PSDB está no olho da
crise interna sem precedentes, em que os cacique não se entendem e põem à prova
a unidade da sigla, que começou a se esfacelar com o envolvimento do senador
mineiro com a indecorosa negociata referente ao famoso “empréstimo” da mala,
cuja desmoralização teve o beneplácito do partido, quando deveria ter o
expulsado de suas fileiras, uma vez que o ato desqualificado por ele praticado
não condiz com o exercício de cargo público eletivo, sendo motivo da perda do
mandato, mas o partido preferiu apoiá-lo nessa imundície.
À
vista do ato indecoroso praticado pelo senador mineiro, que foi aceito, apoiado
e protegido, com a maior passividade, pelo partido, não há como se esperar mais
credibilidade dele, que ficou desmoralizado juntamente com o próprio senador,
que não teria a mínima condição de manter influência no comando do PSDB.
Como
a política brasileira é ridícula, ao se perceber que partido que já foi
sinônimo de dignidade e moralidade é controlado por pessoa sem a menor condição
ética e moral para comandá-lo, diante do escândalo protagonizado por ele, que
foi flagrado no imbróglio da mala recheada de dinheiro de propina.
Não
se sabe quem, nesse caso, é mais desmoralizado e indigno, se o partido, que não
teve a decência de expulsá-lo, pelo ato indecoroso por ele praticado, ou o próprio
senador mineiro, que traiu a confiança do eleitor mineiro, que certamente não
merece ser representado por político que não se digna a honrar a delegação a
ele conferida nas urnas.
A
existência de político como o senador mineiro na vida pública é apenas a
confirmação de que as atividades político-partidárias não merecem a mínima
credibilidade, quando homem público sem o devido respeito moral ainda dá as
cartas nos destinos do seu partido, que, desde o citado incidente deveria, no
mínimo, tê-lo afastado se seus quadros, por respeito aos princípios da
seriedade e da civilidade que precisam ser fielmente preservados nas atividades
públicas, em nome da nobreza da política. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 14 de novembro de 2017
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