quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Lição de indignidade

Uma gravação obtida pela revista britânica The Economist sugere a existência de palestra com integrantes do partido do presidente de Honduras, tendo por objetivo o ensinamento de técnicas de fraude aplicável na eleição realizada no último domingo, na qual o político é candidato à reeleição.
Consta que o áudio tem duas horas e foi enviado à revista por participante de reunião de membros do Partido Nacional (PN), embora não tenha sido comprovada a sua autenticidade.
No início da gravação, foi pedido o recolhimento dos celulares dos presentes pela coordenadora da reunião, que afirma que "isso fica entre nós. Somos todos nacionalistas".
Ela seguida, ela elenca cinco métodos para fraudar a eleição em favor do presidente de Honduras, centrados em verbetes como "estratégia" e "técnicas".
Os métodos indicam que os filiados ao PN consigam credenciais de partidos menores para trabalhar nos locais de votação, o que é permitido por lei.
 Com mais nacionalistas em um local de apuração, o partido poderia ser beneficiado em caso de divergência sobre algum procedimento a ser decidido por votação entre os delegados das legendas presentes.
A coordenadora da reunião sugere que o mesário deixe eleitores nacionalistas votarem mais de uma vez: "Se você me reconhecer, me deixe entrar, não pinte o meu dedo, e eu sairei com a boca fechada.".
Ela sugere dificultar a contagem das cédulas, “estragando-as ao acrescentar marcas extras, preencher outras bolinhas em branco ao lado do nome dos candidatos e danificar o código de barras em fichas que registram candidatos da oposição.”, tendo acrescentado: "Se eu perdi nesse local de votação, por que eu me importaria que a ficha chegue ao tribunal eleitoral?".
Como não poderia ser diferente, o secretário do Partido Nacional afirmou que desconhece qualquer treinamento do partido sobre métodos de fraude e foi taxativo: "Nossas sessões de treinamento correspondem ao estipulado pela lei eleitoral.". Com informações da Folhapress.
Com certeza, os “formidáveis avanços” nas técnicas sobre fraudes eleitorais logo se espalham, como rastilhos, nas republiquetas Sul-Americanas, inclusive no Brasil, onde elas dificilmente serão descobertas, diante da impossibilidade, pasmem, de haver auditoria aqui sobre os resultados dos pleitos eleitorais, a exemplo da confirmado na última eleição presidencial, pela própria Justiça Eleitoral, que negou pedido nesse sentido formulado pelo partido do candidato perdedor, sob a alegação de não haver condições para a realização de tal procedimento.
É evidente que isso é absolutamente improvável que possa acontecer nos países sérios, civilizados e evoluídos, em termos políticos e democráticos, onde qualquer notícia sobre fraude há a devida investigação e os infratores são punidos com severidade, não importando a sua relevância política, como forma de preservação da integridade e da moralização do sistema eleitoral, além de oportunizar excelente lição ética e moral sobre episódio que não condiz com a evolução da humanidade, que exige cada vez mais respeito à dignidade nos processos de escolha da representação da sociedade, no exercício de cargos públicos eletivos.
À toda evidência, nesse particular, o sistema eleitoral brasileiro precisa evoluir em passos gigantescos, de modo que os resultados das eleições possam refletir exatamente a vontade popular e os mentores e culpados pelas fraudes possam ser punidos com o rigor da legislação eleitoral, que igualmente precisa ser atualizada, sob o prisma da modernidade, em harmonia com os sistemas eleitorais eficientes e seguros dos países desenvolvidos, onde a representatividade política verdadeiramente confiável.
Diante desse contexto, mais importante mesmo é a conscientização dos eleitores, que precisam fazer a sua parte da maior importância nesse processo de modernização dos sistemas político-eleitorais, notadamente com os aprimoramento, cuidado e zelo na escolha de seus representantes, que estão a exigir completa renovação, à luz do indiscutível descompasso das suas atuações com as reais finalidades intrínsecas das atividades político-administrativas, que estão em visível dissonância com o que se pretende de melhor para a plena satisfação do interesse público. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 30 de novembro de 2017

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