Uma gravação obtida pela revista britânica The Economist sugere a existência de
palestra com integrantes do partido do presidente de Honduras, tendo por
objetivo o ensinamento de técnicas de fraude aplicável na eleição realizada no
último domingo, na qual o político é candidato à reeleição.
Consta
que o áudio tem duas horas e foi enviado à revista por participante de reunião
de membros do Partido Nacional (PN), embora não tenha sido comprovada a sua
autenticidade.
No
início da gravação, foi pedido o recolhimento dos celulares dos presentes pela
coordenadora da reunião, que afirma que "isso fica entre nós. Somos todos nacionalistas".
Ela
seguida, ela elenca cinco métodos para fraudar a eleição em favor do presidente
de Honduras, centrados em verbetes como "estratégia" e "técnicas".
Os
métodos indicam que os filiados ao PN consigam credenciais de partidos menores
para trabalhar nos locais de votação, o que é permitido por lei.
Com mais nacionalistas em um local de apuração,
o partido poderia ser beneficiado em caso de divergência sobre algum
procedimento a ser decidido por votação entre os delegados das legendas
presentes.
A
coordenadora da reunião sugere que o mesário deixe eleitores nacionalistas
votarem mais de uma vez: "Se você me
reconhecer, me deixe entrar, não pinte o meu dedo, e eu sairei com a boca
fechada.".
Ela
sugere dificultar a contagem das cédulas, “estragando-as
ao acrescentar marcas extras, preencher outras bolinhas em branco ao lado do
nome dos candidatos e danificar o código de barras em fichas que registram
candidatos da oposição.”, tendo acrescentado: "Se eu perdi nesse local de votação, por que eu me importaria que a
ficha chegue ao tribunal eleitoral?".
Como
não poderia ser diferente, o secretário do Partido Nacional afirmou que
desconhece qualquer treinamento do partido sobre métodos de fraude e foi
taxativo: "Nossas sessões de
treinamento correspondem ao estipulado pela lei eleitoral.". Com
informações da Folhapress.
Com
certeza, os “formidáveis avanços” nas técnicas sobre fraudes eleitorais logo se
espalham, como rastilhos, nas republiquetas Sul-Americanas, inclusive no
Brasil, onde elas dificilmente serão descobertas, diante da impossibilidade,
pasmem, de haver auditoria aqui sobre os resultados dos pleitos eleitorais, a
exemplo da confirmado na última eleição presidencial, pela própria Justiça
Eleitoral, que negou pedido nesse sentido formulado pelo partido do candidato
perdedor, sob a alegação de não haver condições para a realização de tal
procedimento.
É
evidente que isso é absolutamente improvável que possa acontecer nos países
sérios, civilizados e evoluídos, em termos políticos e democráticos, onde
qualquer notícia sobre fraude há a devida investigação e os infratores são
punidos com severidade, não importando a sua relevância política, como forma de
preservação da integridade e da moralização do sistema eleitoral, além de
oportunizar excelente lição ética e moral sobre episódio que não condiz com a
evolução da humanidade, que exige cada vez mais respeito à dignidade nos
processos de escolha da representação da sociedade, no exercício de cargos públicos
eletivos.
À
toda evidência, nesse particular, o sistema eleitoral brasileiro precisa
evoluir em passos gigantescos, de modo que os resultados das eleições possam
refletir exatamente a vontade popular e os mentores e culpados pelas fraudes
possam ser punidos com o rigor da legislação eleitoral, que igualmente precisa
ser atualizada, sob o prisma da modernidade, em harmonia com os sistemas
eleitorais eficientes e seguros dos países desenvolvidos, onde a representatividade
política verdadeiramente confiável.
Diante
desse contexto, mais importante mesmo é a conscientização dos eleitores, que
precisam fazer a sua parte da maior importância nesse processo de modernização
dos sistemas político-eleitorais, notadamente com os aprimoramento, cuidado e
zelo na escolha de seus representantes, que estão a exigir completa renovação,
à luz do indiscutível descompasso das suas atuações com as reais finalidades
intrínsecas das atividades político-administrativas, que estão em visível
dissonância com o que se pretende de melhor para a plena satisfação do
interesse público. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 30 de novembro de 2017
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