sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Os arroubos de sempre

No discurso de encerramento da caravana realizada no Estado de Minas Gerais, o líder-mor do PT esbravejou, entre tantos e diversificados assuntos, que, toda vez que a direita tenta usurpar o poder, ela procura “destruir moralmente os seus adversários. Foi assim com Juscelino Kubitschek. Depois, essa gente não deixou João Goulart tomar posse. Eu sou mais paciente do que o Getúlio. Mais paciente que o Goulart. E talvez eu seja paciente tanto quanto o JK. Porque diziam que ele não poderia ser candidato, nem ganhar, nem tomar posse, e que se ele tomasse posse, tirariam. Os golpistas nesse país que fizeram a desgraça que disseram que era culpa da Dilma e do PT, tiraram a Dilma e agora o que estamos percebendo é que eles levaram o país a uma situação de deterioração”.
O político voltou a defender que gasto em educação é investimento e condenou o atraso que a sociedade brasileira sofreu com os governos anteriores em relação à área educacional.
Ele disse que “Vocês têm que levantar a cabeça para saber o que está acontecendo no Brasil. Quando criaram PEC que proíbe gastos em saúde e educação, quando querem a privatização da Petrobras e acabar com a indústria de óleo e gás, eles praticam um aborto nesse país. Vão tirar os royalties do pré-sal para a educação”.
Ao dizer, em brados, que estão “destruindo” o Brasil, o político reafirmou que pode ser candidato em 2018, nestes termos: “Se o PT não tiver alternativa, se a esquerda não tiver alternativa, eu posso ser candidato. Isso porque eu já provei uma vez, e quero provar pela segunda vez, que esse país só dará certo, a economia só dará certo, o dia que a gente tiver consciência de que nós temos que incluir os pobres no centro da economia. O Brasil será o país que a gente quiser, e não o que o Temer quiser, não o que o Meirelles quiser”.
O político insistiu na cobrança de pedido de desculpas por parte da Polícia Federal e da Operação Lava-Jato, nestes termos: “Eu quero que eles peçam desculpa para mim, ao povo brasileiro. Quero que eles digam o que eles encontraram na minha casa, quando invadiram a minha casa. Eles encontraram foi excesso de vergonha na cara de Lula e de Marisa”.
Em conclusão, o político fez a garantiu de que, se ganhar as eleições, vai convocar referendo revogatório para anular o que ele considera retrocessos promovidos pelo governo: "Porque eles destruíram a legislação trabalhista. Quer resolver o problema da Previdência? Primeiro, caia fora, Temer”.
A história recente é muito rica em mostrar quem realmente tem procurado destruir moralmente seus adversários, por meio de agressões e críticas diretas, inclusive inventando situações que são inverossímeis, mas com a finalidade de detoná-los completamente, como ocorreu fartamente na última eleição presidencial, quando os adversários foram acusados pela autoria de fatos absurdos, todos inventados por marqueteiros, que não tinham o menor pudor de criar mentiras e disseminar nos programas eleitorais, de rádio e televisão.
Realmente, os brasileiros precisam, com urgência, levantar as cabeças para saber que as graves crises atuais enfrentadas pelo povo advêm da malsinada gestão petista, que deixou o governo, pela porta do fundo do Palácio do Planalto, deixando legado drástico de rombos nas contas públicas, dívidas públicas astronômicas e impagáveis, taxa de desemprego de 14 milhões de trabalhadores, desindustrialização, queda de arrecadação, completa falta de investimentos em obras, ausência absoluta de reformas da conjuntura e da estrutura do Estado, entre outras deficiências que levaram as agências de classificação de risco a declararem a perda no grau de investimento do Brasil, fazendo com que o capital estrangeiro retornasse para seus países de origem, deixando o Brasil em dificuldades de investimentos, por falta de recursos.
Ao invés de procurar se explicar e justificar contra as acusações e denúncias que tramitam nos Tribunais, pelas suspeitas da prática de crimes graves, entre os quais de corrupção passiva, organização criminosa, obstrução de Justiça, lavagem de dinheiro e tráfico de influência, como fazem os homens públicos honrados e dignos, nos termos dos deveres cívico e legal, na forma de prestação de contas sobre seus atos na vida pública, o político deu agora para exigir que Polícia Federal, o Ministério Público Federal e a Justiça Federal, evidentemente reconhecendo seus erros, peçam desculpas a ele e aos brasileiros, em evidente absurda inversão da ordem natural dos fatos, uma vez que os processos estão sendo instruídos com base nos princípios da legalidade e da constitucionalidade, segundo os quais as denúncias somente são aceitas se existirem nos respectivos processos elementos consistentes sobre a materialidade dos fatos inquinados de irregulares.
Não há a menor dúvida de que essa injustificável tentativa de distorcer a verdade dos fatos não passa de insensatez absolutamente inaceitável, diante do fato de que as irregularidades havidas, que são palpáveis e indiscutíveis, à vista da confirmação de testemunhas, demonstrativos, planilhas, documentos comprovando, nos termos da lei, a materialização dos fatos ilícitos, cuja autoria é atribuída ao político, por ter se beneficiado de serviços e benefícios realizados em imóveis que, mesmo não estando registrados em seu nome, estavam destinados e ocupados por ele e sua família, a exemplo do sítio de Atibaia, onde foram encontrados roupas, objetos pessoais dele e da família, parte do material transportado da mudança de Brasília, a evidenciarem que as reformas teriam sido realizadas em atendimento pessoal do político e isso não há dúvida, diante do resultado das investigações promovidas pela força-tarefa da Lava-Jato.     
O político precisa se conscientizar de que governar o país nas circunstâncias atuais não é tão fácil como no passado, quando outrora existia conjuntura totalmente diferente, principalmente pela inexistência de alta taxa de desemprego e de rombos nas contas públicas, em que a precariedade da economia obrigou o governo atual a adotar medidas de contenção e ajustes tendentes a combater justamente as mazelas oriundas da gestão petista, quer queira ou não, porque é sabido que as ruindades reclamadas pelo político não foram criadas pela gestão atual, mas sim pelo governo da sucessora dele, que deixou o país na penúria.
Não passa de tremenda balela a afirmação de que “Isso porque eu já provei uma vez, e quero provar pela segunda vez, que esse país só dará certo, a economia só dará certo, o dia que a gente tiver consciência de que nós temos que incluir os pobres no centro da economia. O Brasil será o país que a gente quiser, e não o que o Temer quiser, não o que o Meirelles quiser”, porque, com a economia ainda andando a passos de tartaruga, ninguém vai consertá-lo no grito e os brasileiros também precisam ficar espertos para não caírem em promessas absurdas, acalentadas por ideias alopradas, sem consistência e sem fundamento, diante das atuais circunstâncias, que são completamente dissonantes de tempos idos, onde existia configuração econômica favorável às políticas que resultados em razoável sucesso.
Os brasileiros não podem menosprezar o que aconteceu em 2014, quando houve a promessa do PT, para garantir a reeleição da ex-presidente, dita aos eleitores que não havia o que mudar na economia, mas tudo não passava de ilusão, de mentira, eis que as lideranças petistas já sabiam que seriam necessários fortes ajustes fiscal e econômico, para, pelo menos, minimizar os drásticos efeitos da crise que grassava na economia, conforme foi reconhecido pelo seu principal líder, que disse, verbis: “As pessoas se sentiram traídas porque aquilo não era o que a gente tinha prometido na campanha”. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 3 de novembro de 2017

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