domingo, 5 de novembro de 2017

Em defesa da moralidade

O prefeito de São Paulo e possível candidato ao Palácio do Planalto, em 2018, não deixou sem resposta mais uma crítica de outro possível presidenciável, o ex-presidente da República petista.
Em vídeo publicado no Facebook, o tucano afirmou, em tom de indagação: "Lembrou de mim outra vez, né, Lula? Eu também não esqueço de você. Não esqueço as mazelas que você fez no Brasil. Você, Dilma e sua quadrilha".
Na peça com pouco mais de um minuto, o tucano chama o petista de "Luiz Inácio Mentiroso da Silva" e diz que vai "levar chocolates" para o ex-presidente em Curitiba e agradecer o juiz da Lava-Jato por "libertar o Brasil de um mentiroso e sem vergonha".
O tucano chama o ex-presidente de "covarde" ao dizer que ele tentou "se safar da cadeia" ao ser nomeado como ministro da Casa Civil pela então presidente da República, em 2016. A nomeação foi suspensa pelo Supremo Tribunal Federal devido à possibilidade de ser uma tentativa de obstruir investigações contra o petista, na primeira instância da Justiça.
O tucano também lembra que ganhou a disputa pela prefeitura de São Paulo, em 2016, dos "petistas que diziam que iam reeleger" o então prefeito de São Paulo, do PT.
Em julho, o juiz da 13ª Vara Federal do Paraná condenou o ex-presidente à prisão, no caso do tríplex do Guarujá, com a pena de nove anos e seis meses, que pende agora do julgamento do recurso no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre. Há entendimento do Supremo Tribunal Federal segundo o qual condenados em segunda instância podem ser presos e perdem o direito de se candidatar a cargo público.
Nesse caso, o petista é acusado de ter recebido R$ 3,7 milhões de propina da OAS, por meio de repasse feito por upgrade em imóveis, reforma e decoração de um tríplex, além do armazenamento de bens do ex-presidente pela empreiteira, mas ele foi isentado pelo crime referente ao armazenamento.
Em entrevista à Rádio Itatiaia, de Montes Claros (MG), o petista disse não estar preocupado com o prefeito de São Paulo, na corrida eleitoral, porque "Ele é uma ameaça ao Alckmin, não a mim", em referência ao padrinho político do tucano, que também é outro possível presidenciável.
O petista também disse que o prefeito paulistano foge do compromisso de governar a cidade de São Paulo.
Nos cenários testados, o petista se mantém na liderança da corrida presidencial, com 35% das intenções de voto dos entrevistados, a um ano da eleição, conforme pesquisa do Datafolha publicada em 30 de setembro.
Os tucanos governador e prefeito de São Paulo alcançaram, em média, 8% das intenções de voto, estando bem distantes das lideranças de 35% e 17%, respectivamente para o petista e o deputado carioca ultradireitista.
Pelo visto, somente o prefeito de São Paulo demonstra coragem de enfrentar o petista, que tem respondido com expressões contundentes e fortes os insultos dele, que tem procurado atacá-lo exatamente nos pontos de maior fragilidade dele, como nesse caso do turismo pelo Brasil, em verdadeira promoção de sua imagem como candidato à presidência, que parece incomodar em especial o principal candidato, nas pesquisas já realizadas.
É muito importante que os candidatos fiquem expondo seus podres, antes do pleito eleitoral, principalmente aqueles que não conseguem se desvencilhar deles, como forma de mostrar as suas fraquezas morais e políticas, notadamente no que se referem aos quesitos da ética e da probidade, porque há candidatos que estão realmente ano-luz dos princípios indispensáveis ao exercício do principal cargo da República.
É absolutamente inadmissível que alguém em sã consciência pretenda se candidatar, para comandar o país com as grandezas do Brasil, com histórico nada republicano de responder, como réu, a vários processos na Justiça, já tendo sido julgado em um, com condenação à prisão na primeira instância, pendente ainda de decisão sobre recurso, na segunda instância, que pode confirmar ou não a sentença original.
À toda evidência, os crimes atribuídos a homem público não aconselham que os brasileiros chancelem candidatura de político com perfil nada compatível com a lisura que se espera de lídimo representante do povo, que precisa simplesmente comprovar idoneidade e conduta ilibada de seus atos na vida pública.
Polêmica à parte entre candidatos presidenciais, convém que os brasileiros se conscientizem de que, em termos de seriedade e responsabilidades cívica e patriótica, convém que mandatário do país não tenha qualquer mácula no seu histórico político, eis que o principal cargo da República não pode ser ocupado por quem responde a processos na Justiça, porque isso não condiz com os salutares princípios republicano e democrático de moralidade pública que se espera das nações sérias e civilizadas. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 5 de novembro de 2017

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