A revista ISTOÉ
apresenta, em reportagem de capa, fatos atribuídos ao deputado ultraconservador
pelo Estado do Rio de Janeiro, mostrando extensa argumentação sobre seu perfil
de político que já acumula, na vida pública, avantajado histórico de
truculência e desrespeito aos direitos humanos.
A revista ressalta que ele vem tentando “vestir pele de cordeiro, mas não adianta. É
um predador. Tornou-se conhecido exatamente pela truculência, pelos raivosos
ataques às minorias, pelas ofensas às mulheres, aos homossexuais e pela defesa
radical da tortura e dos regimes autoritários. Salta aos olhos sua verve
flagrantemente totalitária – o parlamentar reage a críticas a coices de cavalo.
Demonstra não admiti-las. A virulência com que contra-ataca qualquer reparo
dispensado a ele é típica de quem não suporta ser fiscalizado. Imagine no
poder? Como diria o filosofo espanhol Ortega & Gasset, parece faltar a
Bolsonaro aquele fundo insubornável do ser. Ou seja, o mais íntimo pensamento
na hora em que o indivíduo encara o seu reflexo no espelho e tenta reconhecer a
própria face. Não raro, acusa os outros do que ele mesmo faz.”.
A reportagem esclarece que o deputado se elege “graças aos votos de pessoas aparentemente
tão preconceituosas quanto ele. As que não o são, transmitem a impressão de
estarem inebriadas pelo fenômeno eleitoral – os olhos vidrados e a postura
quase catatônica de seu séquito, a entoar ‘mito, mito, mito’ a cada aparição de
Bolsonaro pelas capitais do País, falam por si. Nos últimos meses, o
parlamentar aproveitou a crise de segurança e a escalada da corrupção para
ampliar sua faixa de simpatizantes.”.
Não obstante, agora, ele se apresenta como sendo o
candidato moderado com o perfil ideal à Presidência da República, mostrando que
é possível acreditar na recuperação da confiança na verdadeira e tradicional
política, já tendo conquistado a simpatia de parcela expressiva de admiradores,
conforme mostram as pesquisas de intenção de voto, onde ele tem sido o segundo
candidato entre os demais apresentados até agora, só perdendo para o líder-mor
do PT
A reportagem aborda com profundidade fatos
relacionados ao pensamento e as atitudes nada animadoras sobre o deputado
carioca, com direcionamento de extremo pessimismo sobre as suas pretensões,
dizendo que, “Porém, que ninguém se engane.
Bolsonaro significa um retrocesso para o Brasil. O pré-candidato leva Messias
no nome, mas definitivamente não conduz o País para um bom caminho. Depois de
um impeachment e de a Lava Jato arruinar a velha política e seus métodos
condenáveis, as próximas eleições podem representar um momento de inflexão para
o Brasil. Pelo menos é o que se espera. Sua candidatura, no entanto, é a
antítese disso.”.
A revista continua com a mão carregada na avaliação
bem pessimista sobre o deputado, quando disse que “Comete erro grosseiro quem não dá importância à ascensão do ex-capitão
do Exército. O País pode estar diante do ovo da serpente. Embora sua
candidatura seja legítima, e algumas de suas ideias passíveis de estarem em
debate numa campanha, uma eventual eleição de Bolsonaro representa uma grave
ameaça aos preceitos republicanos e democráticos. Do ponto de vista político,
será como manter o País sob um Fla-Flu constante. E, pior, debaixo de um tacape
manejado por um troglodita desprovido de freios. Ele sabe que grassa no
eleitorado um sentimento de desolação e, para chegar lá, joga exatamente para
essa plateia. Por isso, tornou-se um fenômeno nas redes sociais, com mais de
cinco milhões de seguidores, além de admiradores fieis. Trata-se, no entanto,
de um mito com pés de barros.”.
A reportagem deixou bastante clara a sua avaliação
sobre o que pensa verdadeiramente acerca da capacidade do deputado, da seguinte
forma: “As declarações de Bolsonaro
costumam ser contraditórias e inconsistentes, um espelho de seu repertório raso.
Mostram seu total despreparo para exercer altas funções no Executivo. Seu
conhecimento sobre a economia brasileira é de uma superficialidade chocante
para um homem com tantos anos de vida pública. Ele próprio admite que não
entende nada do riscado. E diz que, se chegar à Presidência, bastará nomear um
ministro da Fazenda que seja do ramo para ficar tudo certo. Quem conhece seu
estilo centralizador, sabe que não é bem assim. Os próprios aliados reconhecem
que delegar não é seu forte.”.
Conceituados veículos de comunicação internacional
já cuidaram de analisar o fenômeno candidato ultraconservador, a exemplo da “Financial
Times” e “The Economist”, da Inglaterra, que fizeram duras críticas a ele,
sendo que o Financial o comparou aos presidentes dos EUA e das Filipinas, dizendo,
ipsis litteris: “Um demagogo de direita com pontos de vista radicais”, enquanto a
“The Economist” disse que ele não é um “Messias”,
como seu sobrenome do meio, mas sim um “menino
muito travesso”. A revista o descreve como um nacionalista religioso,
anti-homossexual, favorável às armas e que faz apologia a ditadores que
torturaram e mataram brasileiros entre 1964 e 1985. “Bolsonaro quer ser o Trump brasileiro”, constata “The Economist”.
É evidente que o deputado não deve ter gostado nada
sobre as avaliações feitas pelas citadas revistas, mas certamente ele deve ter
ficado fora de si, a exemplo do que achou de críticas feitas por uma famosa
jornalista, que havia questionado seu despreparo com relação à economia, quando
ele disse que “Miriam Leitão, a marxista
de ontem, continua a mesma. Seu lugar é no chiqueiro da história”, em
revide que demonstra o destempero dele para tratar das críticas e dos questionamentos,
quando há completo desprezo aos princípios do cavalheirismo, da educação e da
diplomacia, próprios dos verdadeiros estadistas.
Os verdadeiros estadistas têm a obrigação, como
norma de princípios, de compreender e entender que as críticas, por mais
deselegantes que sejam, devem ser analisadas e respondidas em tom apropriado à
liturgia harmoniosa com o cerimonial de alto nível, em demonstração de maturidade,
elegância e sabedoria próprias dos homens públicos sensatos e responsáveis.
O que mais pesa negativamente contra o candidato ultraconservador
é a sua normal vocação pelo hábito da intolerância contra os direitos humanos, mesmo
sendo uma das garantias fundamentais insculpidas na Carta Magna, a exemplo
dessa sua afirmação: “Precisamos dar um
cavalo de pau na política de direitos humanos”, que foi chancelada com
esses infelizes e irracionais dizeres, também da sua autoria: “Direitos Humanos, esterco da vagabundagem”
e “Sou preconceituoso com muito orgulho”.
À toda evidência, o deputado tem inegável currículo
carregado de declarações polêmicas, eivadas de racismo e de forte desprezo à
mulher, como o caso que ficou famoso, quando ele agrediu com violentas palavras
uma deputada do PT-RS, em 2014, ao dizer que ela “não merecia ser estuprada porque ela é muito ruim, porque é muito feia.
Não faz meu gênero. Jamais a estupraria”.
Por causa disso, ele foi condenado pelo Superior Tribunal de Justiça a pagar o
valor de R$ 10 mil a ela e de se retratar, na mídia.
A revista, depois de exaustiva descrição de fatos
circunstanciais sobre a vida do deputado ultraconservador, disse, em tom
cristalino de verdadeiro e importante alerta, que “Que ninguém perca de vista: as consequências da eleição de um político
radical e agressivo podem ser funestas à nação. O Brasil começa a se erguer de um
longo período de recessão. E tenta reencontrar o caminho do crescimento e, por
que não, da pacificação. A saída, portanto, não é o extremismo. Ao contrário. O
País precisa de união. Bolsonaro sem máscaras, aquele que (quase) todos conhecem, passa longe disso.”.
Tem
uma história vivida em peças teatrais e filmes sob o sugestivo título que diz:
"Meu passado me condena", tendo como mote, nesse caso, as estripulias
engraçadas vivenciadas por um casal.
A
fiel narrativa sobre a história do mais polêmico candidato ultradireitista à
Presidência da República parece, com um pouco de boa vontade, se encaixar
perfeitamente no aludido título, uma vez que a vida real dele pode ter ficado
muito bem retratada, com os mínimos detalhes na reportagem, tendo o condão de
despertar a atenção da sociedade para questão de suma importância, que é a
entrega dos destinos do Brasil sob o comando de pessoa que ainda não demonstrou
preparos e condições suficientes para o desempenho de missão de extrema
relevância, cujos encargos das políticas nacionais são de gigantescas
responsabilidades, onde não há possibilidade para aprendizagem nem experimentação,
diante do dinamismo das ações gerenciais.
Polêmica
à parte, convém que os brasileiros, diante de tantas histórias de pessoas
ultradespreparadas, com viés próprio dos eternos aproveitadores na política,
que já comandaram o país, aproveitem o longo tempo que ainda falta para o
pleito eleitoral para profunda reflexão e avaliação sobre a real contribuição,
em termos de benefício para a nação e seu povo, com a escolha de representantes
com o perfil de extremos desequilíbrios psicológico e de personalidade, com
características absolutamente contrárias ao pensamento mediano e normal do ser
humano, que tem como princípio o respeito aos sentimentos da dignidade e da
individualidade, assegurados na Carta Magna, que delineia a igualdade entre os
brasileiros, quanto aos direitos e às obrigações, em que deve prevalecer,
sobretudo, o respeito aos direitos humanos e aos princípios democráticos, o que
implica o supremo direito à individualidade e a opção à diversidade, tudo em
harmonia com o desenvolvimento da humanidade.
Diante
de péssimos e degradantes exemplos de políticos despreparados, incompetentes e
até desequilibrados psicologicamente, que conseguiram conquistar milhões de
votos sob os artifícios da mentira, da hipocrisia e de tantas falsidades,
próprias de ideologias retrógradas e destoantes da realidade brasileira, que
foram desmistificadas logo em seguida aos pleitos, não seria conveniente que os
brasileiros se sacrificassem, agora, em melhor avaliação sobre se o passado de
políticos com tantas histórias destrutivas na vida pública já não seria mais do
que suficiente para condená-los, em definitivo, antes que o final desse caso seja
infeliz e extremamente prejudicial aos interesses do país e de seu povo? Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 20 de novembro de 2017
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