segunda-feira, 13 de novembro de 2017

A quase renúncia

Conforme foi noticiado na imprensa, diante de áudio versando sobre gravação bastante comprometedora, o presidente da República disse, no mês de maio último, de forma enfática, que "Não renunciarei! Repito: não renunciarei! Sei o que fiz e sei da correção dos meus atos".
A aludida declaração acorreu exatamente no dia 18 de maio, porém, conforme noticia a mídia, agora, o término antecipado de seu governo tinha sido seriamente discutido nas tensas horas e o presidente chegou a ser gravado de forma decisiva e comprometedora no porão do Palácio do Jaburu.
Segundo assegura o jornal a Folha de S. Paulo, assessores do presidente brasileiro confirmaram, em absoluta reserva, à época, que ele chegou a redigir carta de renúncia ao cargo, mas o texto acabou nunca vindo a público. Nas hostes oficiais, o presidente nunca teria cogitado renunciar ao cargo.
Não obstante, a Folha teve acesso ao áudio de sessão sigilosa da CPI da JBS que mostra que um dos principais aliados do presidente afirma ter testemunhado, dentro do gabinete presidencial, a quase renúncia.
O interlocutor afirmou que "Ele quase derrubou o presidente naquele dia 17. O complô era pro dia 18 o presidente renunciar. Quase conseguiu fazer o presidente renunciar! (eleva a voz) E quem tá lhe falando é quem tava dentro do gabinete!", diz o aliado do presidente, o relator da CPI, deputado federal (PMDB-MS), que tem sido um dos mais aguerridos defensores do peemedebista no Congresso Nacional, por integrar a tropa de choque que liderou a rejeição das duas denúncias apresentadas pela Procuradoria Geral da República contra o presidente.
Segundo a reportagem do citado jornal, o "ele" a quem o defensor do presidente se refere é um dos donos do grupo JBS, que o gravou no Palácio do Jaburu.
O aludido áudio se refere à sessão secreta do dia 18 de outubro, quando a comissão ouviu o depoimento do advogado e delator da JBS.
Nessa sessão, o deputado do PMDB sugere que o advogado aconselhe o dono da JBS, seu chefe, a fazer nova delação, desta feita, para revelar como foi o processo de negociação e obtenção de provas da colaboração que gerou enorme crise política, na atual gestão.
É evidente que a sugestão de nova delação objetiva que o dono da JBS revele os maus-feitos do então procurador-geral da República, que teria sido mentor do acordo de colaboração dos executivos daquele grupo empresarial.
Aliados do presidente do país acreditam que o ex-procurador-geral planejava derrubar o governo do peemedebista, tendo patrocinado indução e orientação, evidentemente de forma ilegal, para a produção de provas inverossímeis.
A reportagem da Folha esclarece que entrou em contato com o presidente do país e ele negou que tivesse pensado em renunciar ao cargo, tendo recebido a informação da assessoria de imprensa do Palácio do Planalto, nestes termos: "Prezada jornalista, não, isso nunca ocorreu".
É evidente que o peemedebista, no momento de salvar a pátria, só teve pensamento para sublinhar o interesse pessoal, não tendo tido a menor preocupação com as causas nacionais, porque a sua renúncia teria sido excelente oportunidade histórica para enterrar de vez esse eterno terror de gestão pública com viés de predominância fisiológica, sem ética nem decoro, com forte indicativo do domínio de organização criminosa, conforme pontuaram nesse sentido representações da lavra do ex-procurador-geral da República, que foi enfático em apontar o dedo para as lideranças do ex-presidente da República petista e do atual presidente do país, como sendo os líderes das facções delituosas de seus partidos.
Enfim, os fatos, ainda não investigados, deixam nítida impressão de que realmente houve poderosa influência de organizações criminosas para que a nação fosse abatida, nas suas estruturas, para que se atingissem níveis tão deploráveis e caóticos de governabilidade e fosse mergulhada em profundas crises social, moral, política, econômica, administrativa, entre outras que tiveram gigantescos reflexos no crescimento socioeconômico, de modo que a limitada visão política do presidente, diante das circunstâncias, tem contribuído para dificultar a retomada do caminho do tão sonhado desenvolvimento do país.
À toda evidência, o Brasil, com suas grandezas e riquezas humana e econômica, jamais mereceria passar por momentos tão graves de degradação dos princípios que norteiam a gestão dos recursos públicos, cujos administradores, nos últimos tempos, têm sido objeto de acusação de verdadeiros dilapidadores dos cofres públicos, inclusive com o indicativo dos chefes das organizações criminosas, conforme mostram representações da iniciativa do ex-procurador-geral da República.
Compete aos brasileiros honrados a conscientização sobre a necessidade de avaliação mais criteriosa com relação à escolha de seus representantes políticos, notadamente com a depuração sobre a vida pregressa daqueles que já têm rico histórico de mentiras, hipocrisia, demagogia, fisiologismo e outras atitudes que não condizem com o verdadeiro sentimento de interesse público e de dignidade na vida pública. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 13 de novembro de 2017

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