Há
poucos dias, o Brasil experimentou o ápice do fisiologismo desavergonhado e
inescrupuloso, com a romaria de parlamentares, com a cara mais lisa, se
dirigindo ao Palácio do Planalto, levando a tiracolo relação interminável de reivindicações
para a implementação de projetos pessoais e da sua base eleitoral,
evidentemente que, em troca e garantia do atendimento de seus pleitos
individuais, os congressistas sacramentaram o sepultamento da segunda denúncia apresentada
contra o igualmente desonrado presidente brasileiro, que tudo fez para agradar
os casos da indignidade político-administrativos.
Nessa luta renhida envolvendo os deputados e o
presidente do país, houve verdadeira disputa de posição, onde os ganhadores do
jogo de força foram a indignidade dos homens públicos, onde estavam no cenário o
presidente do país e deputados representantes do povo, cujos interesses
pessoais foram tranquilamente atendidos, com o emprego dos já minguados
recursos públicos, que são desviados, no peito e na raça, para a satisfação
daqueles que têm o dever moral de zelar pela integridade do patrimônio dos
brasileiros e boa e regular aplicação dos recursos públicos.
O retrato
mais fiel do lastimável fisiologismo político ficou explícito antes da votação
da segunda denúncia apresentada pela Procuradoria Geral da República contra o
presidente do país, pelos crimes de organização criminosa e obstrução de
Justiça, que foi rejeitada, sem que antes o principal interessado tivesse atendido
às barganhas de multidão de parlamentares, em verdadeira profusão de pleitos
enfeixados em indecoroso balcão do “famoso” e recriminável sistema do toma lá,
dá cá, que é a marca patenteada da rasteira política tupiniquim.
Além
da autorização do pagamento de bilhões de reais em emendas parlamentares, foram
distribuídos cargos a aliados e banidos outros, com a perda de postos de
trabalho na Esplanada dos Ministérios para aqueles que votaram a favor da
admissibilidade da denúncia, ou seja, contra o governo.
Nesse
momento de desespero palaciano, para salvar a pele do presidente, muitas
concessões foram feitas, para agradar os deputados, como a renúncia fiscal de
tributo, a redução de dívida referente ao Funrural e a desistência de leilão de
aeroporto e empresas públicas deficitárias, que são controlados, de forma
injustificável, por parlamentares, o que demonstra o elevado grau de
irresponsabilidade dos políticos envolvidos nessas negociatas, visivelmente em
prejuízo do interesse nacional.
A realidade que sobressai desse Congresso é a autêntica
desmoralização materializada na velha máxima cunhada por São Francisco de
Assis, de que “é dando que se recebe”, só que, no caso, de forma degradante, não
importando se isso tem ou não reflexo nos princípios republicano e democrático,
que deveriam ter sido observados pelos representantes do povo.
O
sacrifício do governo foi tamanho que houve necessidade de raspar o caixa dos
ministérios, para direcionar dinheiro aos projetos indicados pelos deputados, a
fim de atender às suas bases eleitorais.
O
certo é que o rolo compressor imposto pelo Congresso não deixou a menor
alternativa para o Palácio do Planalto senão a de atender aos pleitos indicados
pelos aproveitadores parlamentares que, por sua vez, cumpriram fielmente o seu compromisso
de salvar o cargo do presidente.
Não obstante, a permanência do presidente no
cargo teve preço altíssimo para os brasileiros, que são obrigados a pagar com o
sacrifício da restrição orçamentária e da falta de investimentos em obras e
serviços públicos, de vez que as medidas implementadas e os recursos envolvidos
não estavam previstos nas metas governamentais, ficando a real impressão de que
essa classe política, compreendendo o próprio presidente do país e
parlamentares, não merece o mínimo respeito dos brasileiros, diante de atitudes
desprezíveis e irresponsáveis protagonizadas por eles, que desprezaram o
interesse público, em nome de causas pessoais. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 15 de novembro de 2017
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