sábado, 25 de novembro de 2017

Autêntica falta de caráter

Uma senhora, de Itumbiara (GO), cega do olho direito, por conta de um glaucoma, espera, por um ano e meio, em fila do Sistema Único de Saúde (SUS), por cirurgia para não perder a visão do olho esquerdo.
Questionado pela equipe de reportagem da TV Anhanguera sobre a demora do procedimento, o médico oftalmologista disse que só faria a operação no dia em que “ele quisesse”.
Sem saber que tinha sido gravado, o médico ainda foi indelicado com a repórter, ao afirmar que “Vocês ficam me aporrinhando. Sabem que dia que eu vou operá-la? O dia que eu quiser. Sacou? Vai comer m...!”.
O caso ocorreu no Instituto de Olhos de Itumbiara, clínica pertencente ao médico, que é credenciada ao SUS, mas, por telefone à TV Anhanguera, o médico negou a declaração registrada em vídeo, ou seja, além de estúpido e mentiroso, por não assumir a sua indelicadeza, demonstrando que é realmente profissional antiético e sem moral.
A paciente pouco enxerga e só anda com a ajuda do marido, que sustenta a família com o dinheiro de um salário mínimo, ou seja, a dependência dela ao SUS é completa, não tendo alternativa senão esperar a boa vontade de médico desumano.
Além dela, há 20 pessoas que estão na fila de espera por idêntico procedimento cirúrgico, que certamente deve ter a mesma falta de atenção por parte desse médico insensato.
          Depois da terrível repercussão de sua declaração absurda e grosseira à equipe de reportagem, o médico disse que a paciente “deve ser operada talvez até o final de novembro ou em meados de dezembro, a gente possa estar fazendo a cirurgia dela”.
Não obstante, felizmente sensibilizados com a monstruosidade do referido oftalmologista, dois médicos de clínica particular se ofereceram para operar a paciente, que deverá ocorrer nos próximos dias, totalmente de graça, cujos profissionais pediram para não terem seus nomes revelados.
No contexto da realidade do mundo civilizado, que ainda não apareceu para esse médico elitista e insensível ao sofrimento humano, é de toda conveniência que ele seja, no mínimo, investigado pelo Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego), com vistas e se verificar a correção de suas atividades profissionais, de modo que seja possível se aplicar alguma forma de penalidade, em razão do se seu visível descaso para com a paciente objeto desse episódio deplorável, ocorrido em pleno século XXI, onde a humanidade já evoluiu de forma extraordinária, mas o profissional pivô dessa barbárie ainda não a percebeu, estando bastante distanciado dessa notável realidade. 
Em termo de justiça, seria ideal que Cremego o suspendesse das atividades profissionais, pelo menos, pelo mesmo período da espera na fila pela paciente, para ser operada, exatamente pelo período de um ano e meio, além da aplicação de multa pecuniária, evidentemente com a suspensão do alvará de funcionamento da clínica, pelo órgão competente, como forma de lição disciplinar e pedagógica, tanto para ele como para os péssimos profissionais que ainda mostram insensatez e insensibilidade para cometer procedimento de extrema crueldade com o ser humano, que certamente ele não gostaria de ser tratado pelo forma como ele fez com essa humilde senhora, que ainda dependia dele e esperava pacientemente pelo socorro dessa importante e urgente cirurgia, que certamente ela já teria sido feita há bastante tempo, há mais de ano, se ela fosse realizada mediante pagamento particular, o que demonstra a augtêntica falta de caráter desse e de outros profissionais credenciados pelo SUS.
É lamentável que profissão tão nobre como a de medicina ainda tenha gente tão mesquinha e indiferente ao sofrimento humano, muito bem representada no caso em comento, que só contribui para empobrecer a sua dignidade e mostrar que nem sempre o médico tem coração humano, capaz de compreender a nobreza do dom que Deus lhe foi dado para a exclusiva prática do bem.
Mas, ao mesmo tempo, Deus mostra a bondade vinda do coração amigo e acolhedor de pessoas sensíveis, que sabem que a sua missão é a de realizar a vontade do bem comum, na pessoa desses dois médicos de coração generoso, abençoado pelos anjos magnânimos, que merecem os aplausos por seu ato de amor bondoso ao seu semelhante.       
           A propósito, eis o Juramento do pai da medicina, Hipócrates: "Eu juro, por Apolo médico, por Esculápio, Hígia e Panacea, e tomo por testemunhas todos os deuses e todas as deusas, cumprir, segundo meu poder e minha razão, a promessa que se segue: Estimar, tanto quanto a meus pais, aquele que me ensinou esta arte; fazer vida comum e, se necessário for, com ele partilhar meus bens; ter seus filhos por meus próprios irmãos; ensinar-lhes esta arte, se eles tiverem necessidade de aprendê-la, sem remuneração e nem compromisso escrito; fazer participar dos preceitos, das lições e de todo o resto do ensino, meus filhos, os de meu mestre e os discípulos inscritos segundo os regulamentos da profissão, porém, só a estes. Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém. A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que induza a perda. Do mesmo modo não darei a nenhuma mulher uma substância abortiva. Conservarei imaculada minha vida e minha arte. Não praticarei a talha, mesmo sobre um calculoso confirmado; deixarei essa operação aos práticos que disso cuidam. Em toda casa, aí entrarei para o bem dos doentes, mantendo-me longe de todo o dano voluntário e de toda a sedução, sobretudo dos prazeres do amor, com as mulheres ou com os homens livres ou escravizados. Àquilo que no exercício ou fora do exercício da profissão e no convívio da sociedade, eu tiver visto ou ouvido, que não seja preciso divulgar, eu conservarei inteiramente secreto. Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da vida e da minha profissão, honrado para sempre entre os homens; se eu dele me afastar ou infringir, o contrário aconteça.".
É preciso que o médico insensato e desumano releia o célebre juramento de Hipócrates, que certamente foi por ele pronunciado no ato da sua formatura, para que os seus ensinamentos sejam relembrados e ele possa “gozar felizmente da vida e da minha profissão, honrado para sempre os homens;”, pondo em prática os melhores sentimentos de profissionalismo, humanismo, civilidade e responsabilidade no importante cumprimento dos ensinamentos da ciência médica. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 25 de novembro de 2017

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