quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Lição de sabedoria

O apresentador global, depois de algum tempo, para melhor refletir com familiares e amigos, concluiu que declina, em definitivo, de concorrer à Presidência da República, no próximo ano.
Em artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo, o comunicador afirma que, “com a mesma certeza de que neste momento não vou pleitear espaço nesta eleição para a Presidência da República, quero registrar que vou continuar, modesta e firmemente, tentando contribuir de maneira ativa para melhorar o país.”.
No texto, o apresentador invocando a Odisseia, de Homero, declarou que “nos últimos meses estive amarrado ao mastro, tentando escapar da sedução das sereias”.
O global afirmou ainda que a candidatura dele não tinha apoio de familiares e amigos e que se considera mais “útil e potente para ajudar meu país e o nosso povo a se mover para um lugar mais digno, ocupando outras posições no front nacional”.
Enquanto ele estava estudando os prós e os contra à sua candidatura, vários foram os encontros e as conversas, entre outros, com políticos, empresários, artistas, intelectuais e magistrados, para tratar dos projetos e entendimentos relacionados com a árdua campanha que precisaria implantar, para convencer os eleitores de que ser presidente do país é coisa seríssima e de suntuosa responsabilidade, diferentemente do que pensa a atual classe política, que, naturalmente, está muito mais preocupada com a conquista do poder em si, sem o sentir do peso sobre seus ombros da calamitosa situação por que passam os povos pobres, praticamente desassistidos dos essenciais serviços públicos de incumbência do Estado.
Nesse seu périplo, o Global chegou a receber carta branca do PPS, caso quisesse se filiar àquele partido, mas acabou desistindo após insensato ataque do maior político da atualidade, que disse que "gostaria de concorrer com alguém com o logotipo da Globo na testa", logo depois que o comunicador disparou nas pesquisas sobre avaliação quanto à aceitação como candidato à Presidência da República, superando todas às expectativas político-eleitorais, para quem é iniciante na política.
As palavras do petista podem ter sido a senha que o Global precisava para definir o seu destino político, por elas acenarem que que precisaria superar algo que muitos políticos inexperientes não conseguiram se desvencilhar das situações embaraçosas normalmente criadas por quem emprega tática e estratégias maquiavélicas para estorvar, embaralhar, de propósito, os caminhos daqueles que estiverem bem cotados na corrida eleitoral, mas normalmente são sucumbidos pela artilharia pesada dos ferinos e mortais disparos certeiros e nem sempre inevitáveis, ante as sapiências malignas costumeiramente postas em ação nas campanhas eleitorais, a exemplo da pequena mostra, que acertou em cheio o objetivo dela, com a ameaça de que candidato global não terá vida de galã, não, nas próximas eleições.
Na verdade, o apresentador de televisão mostrou seu apurado caráter cívico, de não se submeter ao jogo sujo que começava a ser preparado, antes mesmo da largada à corrida presidencial, em enorme caldeirão próprio dos políticos que levam a vida a ganhar eleição acusando e destruindo seus adversários, por meio de dossiês extraídos do submundo da política.
Certamente que, para esses políticos de índole perversa e maligna, a desistência do apresentador é contabilizada como estrondosa vitória, mas, por certo, o Brasil teve retumbante derrota, antes mesmo do começo da campanha presidencial, em razão da sentida ausência de pessoa que demonstra ser diferente dessa velharia política, que se aferra ao poder e faz o diabo para conquistá-lo e permanecer nele, como razão da vida política.
O estrondoso prejuízo se faz presente nessa notícia pela extraordinária e notória possibilidade de o apresentador ter deixado, com sua atitude, de inserir no cenário político sangue genuinamente imune às altíssimas contaminações e impurezas, que tanto infectam e enxovalham as atividades políticas com alto teor de poluição, principalmente no que se refere à banalização da corrupção e das alianças/coalizões espúrias, normalmente formalizadas por conveniência pessoal e partidária, conforme mostram os fatos do cotidiano, que são transparentes e insofismáveis.
É evidente que o apresentador de televisão seria, de logo, bombardeado e detonado nas suas bases, justamente porque ele não aceitaria se misturar no caldeirão da podridão que grassa na política tupiniquim, uma vez que o seu propósito seria trabalhar para purificar, depurar, tudo aquilo que existe do mais emporcalhado que se pode imaginar na política.
Certamente que o global viria para dá choque de oxigenação de competência e eficiência no sistema político-administrativo que se acha ultrapassado, arcaico, falido e completamente prejudicial aos interesses nacionais, porquanto, na forma vigente, ele atende perfeitamente à conveniência da atual classe dominante, que resiste às urgentes mudanças e reformas pertinentes à modernização, ao aperfeiçoamento e à reestruturação, como forma de se obter a retomada do tão ansiado caminho do desenvolvimento socioeconômico do país. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 29 de novembro de 2017

Nenhum comentário:

Postar um comentário